«Liturgia da Santa Missa»
Ano 13 – nº 707 – 24 de março
de 2024
† 2º Domingo da Paixão
Domingo de Ramos
roxo – 1ª classe
É o
domingo que precede à festa da Páscoa e dá início à Semana Santa. Domingo de
Ramos, Domingo das Palmas, Páscoa florida, assim chamado porque antes da Missa
principal se realiza a bênção dos Ramos com a procissão.
Desta bênção e desta procissão, já encontramos
vestígios claros no século V.
Se deveras queremos compreender a liturgia deste
domingo, cumpre colocarmo-nos bem no meio do cenário onde se vai desenrolar o
doloroso drama, e, para que possamos atingir esse objetivo, útil será
recordarmos os acontecimentos dos últimos dias da vida do Divino Salvador aqui
na terra.
Jesus, à frente de uma romaria, vai de Jericó a
Betânia, onde se hospeda com seus amigos Lázaro, Maria e Marta, que, para O
homenagearem, dão um banquete. É nessa ocasião que Maria unge com arômatas a
cabeça de Jesus. Indignado com esse
desperdício Judas rompe com seu Mestre. Muita gente vem a Betânia para ver a Jesus
e a Lázaro ressuscitado. Com estas multidões parte Jesus no dia seguinte em
direção a Jerusalém, passando pelo monte das Oliveiras. Festiva é a sua entrada,
como narra o Evangelho. O povo aclama o Messias. Honras dignas de um Rei são-Lhe tributadas,
enquanto os fariseus cada vez mais se enraivecem. Contemplando a cidade, Jesus
chora, lastimando lhe a infidelidade e a sorte triste que a espera. Entra solenemente
no templo, mas nessa mesma tarde regressa a Betânia. Esses, os principais fatos
históricos em que se firma a liturgia deste domingo, que consta de duas partes
bem distintas:
1ª Bênção e procissão dos Ramos – Alegre e
triunfal. Porque nela aclamamos o Cristo, Rei e Vencedor.
2ª A Santa Missa – Profundamente triste. Porque
nela contemplamos o Homem das dores.
«Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei vem a ti, cheio de mansidão,
montado sobre uma jumenta e um jumentinho, filho da que leva o jugo.»
Avisos Paroquiais
Atenção para as atividades
paroquiais deste Domingo:
– Às 7h, em nossa igreja matriz, Solene Benção dos
Ramos, Procissão de Ramos e Santa Missa;
– Às 19h, Santa Missa em nossa igreja matriz;
– Após a Santa Missa das 19h, teremos a “Via Sacra”
com a encenação da Paixão de Cristo;
– Às 10h, na Capela de São Brás, em Sesmaria, Benção
dos Ramos, Procissão e Santa Missa;
– Às 10h, na Capela de Santo Antônio, em Córrego
Seco, Benção dos Ramos, Procissão e Santa Missa;
– Às 18h, na Capela de São José, em Serrinha, Benção
dos Ramos, Procissão e Santa Missa.
*Serão transmitidas pelas redes sociais a Santa Missa das 7h (via Facebook,
YouTube, e Rádio Bom Jesus 89.3 FM) e a das 19h (via Facebook e YouTube).
Intróito
/ DÓMINE, NE LONGE – Salmo 21. 20,
22, 2
Canto
solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou
solenidade do dia.
Dómine, ne longe fácias auxílium tuum a me, ad
defensiónem meam áspice: líbera me de ore leonis, et a córnibus unicórnium
humilitátem meam. Ps. Deus, Deus meus, réspice in me: quare me dereliquísti?
longe a salúte mea verba delictórum meórum. – Dómine, ne.
Senhor, não retireis de mim o vosso auxílio; vinde em
minha defesa. Salvai-me da boca do leão e das investidas dos unicórnios. Sl. Meu
Deus, meu Deus, dignai-Vos olhar para mim. Porque me abandonastes? O grito dos
meus pecados é que afasta de mim a salvação, — Senhor, não retireis de mim.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Omnípotens sempitérne Deus, qui humáno
generi, ad imitandum humilitátis exémplum, Salvatórem nostrum carnem súmere et crucem
subíre fecísti: concéde propítius; ut et patiéntiæ ipsíus habére documénta et
resurrectiónis consórtia mereámur. Per eundem Dominum nostrum Iesum Christum.
Deus omnipotente e eterno, que, para dar aos homens o
exemplo de humildade quisestes que o Salvador encarnasse e sofresse o suplício
da cruz, concedei propício que imitemos os exemplos da sua Paixão para
merecermos participar da sua Ressurreição. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos Filipenses 2. 5-11
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
«Christus factus obediens...» Numa melodia cheia de gravidade e de
beleza, a Igreja há-de repetir, no final do ofício de trevas do tríduo sagrado,
este magnífico texto da Epístola aos Filipenses, em que S. Paulo releva, tão
energicamente, as humilhações voluntárias de Cristo, condição da sua glória e
nossa Redenção.
Fratres: Hoc enim sentíte in vobis, quod
et in Christo Iesu: qui, cum in forma Dei esset, non rapínam arbitrátus est
esse se æqualem Deo: sed semetípsum exinanívit, formam servi accípiens, in
similitúdinem hóminum factus, et hábitu invéntus ut homo. Humiliávit
semetípsum, factus obédiens usque ad mortem, mortem autem crucis. Propter quod
et Deus exaltávit illum: ei donávit illi nomen, quod est super omne nomen: hic
genuflectitur ut in nómine Iesu omne genu flectátur cæléstium, terréstrium et
inférno rum: et omnis lingua confiteátur, quia Dóminus Iesus Christus in glória
est Dei Patris.
Meus irmãos: 5Tende em vós os mesmos
sentimentos de Jesus Cristo: 6Ele, porque possuía
a natureza divina, não fazia rapina julgando-Se igual a Deus. 7Contudo, aniquilou-se a Si mesmo, tomando a natureza
de escravo, tornando-Se semelhante aos homens, e apresentando-Se na condição de
homem. 8Humilhou- se a Si mesmo, fazendo-Se
obediente até à morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus O
exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome1, (ajoelhar) 10para
que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre, no Céu, na Terra, e no Inferno, 11e toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo
está na glória de Deus Pai2?
1. O de «Soberano Senhor».
2. Texto grego: «que Jesus Cristo é Senhor, para
glória de Deus Pai.»
Gradual
/ Salmo 72. 24, 1-3
Gradual e
Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que
traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou
sugeridos pelo Mistério do dia.
Tenuísti manum déxteram meam: et in
voluntáte tua deduxísti me: et cum glória assumpsísti me. ℣. Quam
bonus Israël Deus rectis corde! mei autem pæne moti sunt pedes: pæne effúsi
sunt gressus mei: quia zelávi in peccatóribus, pacem peccatórum videns.
Tomaste-me pela mão e levantaste-me segundo os
vossos desígnios, e recebeste-me na vossa glória. ℣. Como Deus é bom para Israel, e para
os retos de coração! Todavia, estive a ponto de resvalar; pouco faltou para
cair, levado pela inveja que sentia ao ver a prosperidade dos maus.
Tracto
/ Salmo 21. 2-9, 18-32
No Tempo
da Septuagésima, o Alleluia é substituído pelo Tracto.
Deus, Deus meus, réspice in me: quare me
dereliquísti? ℣.
Longe a salúte mea verba
delictórum meórum. ℣.
Deus meus,
clamábo per diem, nec exáudies: in nocte, et non ad insipiéntiam mihi. ℣. Tu autem in sancto hábitas, laus Israël. ℣. In te speravérunt patres nostri: speravérunt, et liberásti eos. ℣. Ad te clamavérunt, et salvi facti sunt: in te speravérunt, et non sunt
confusi. ℣. Ego autem sum vermis, et non homo: oppróbrium hóminum et abiéctio
plebis. ℣.
Omnes, qui vidébant me,
aspernabántur me: locúti sunt lábiis et movérunt caput. ℣. Sperávit in Dómino, erípiat eum: salvum fáciat eum, quóniam vult
eum. ℣.
Ipsi vero consideravérunt et
conspexérunt me: divisérunt sibi vestiménta mea, et super vestem meam misérunt
sortem. ℣.
Líbera me de ore leónis: et a
córnibus unicórnium humilitátem meam. ℣. Qui timétis Dóminum, laudáte eum: univérsum semen Iacob,
magnificáte eum. ℣.
Annuntiábitur Dómino generátio
ventúra: et annuntiábunt cæli iustítiam eius. ℣. Pópulo, qui nascétur, quem fecit Dóminus.
Meu Deus, meu Deus, dignai-Vos olhar para mim;
porque me abandonastes? ℣.
O grito dos meus pecados é que afasta de mim a salvação. ℣. Senhor, chamo por Vós durante o
dia, e não me ouvis; chamo durante a noite, e não me atendeis. ℣. Vós habitais no santuário, Vós
a glória de Israel. ℣.
Os nossos pais esperaram em Vós; esperaram e livraste-os. ℣. Chamaram por Vós, e
socorreste-os; esperaram em Vós e não foram confundidos. ℣. Mas eu sou um verme, e não um homem: o
opróbrio dos homens e a abjecção da plebe. ℣. Todos os que me viram me
desprezaram; moviam os lábios, e meneavam a cabeça, dizendo: ℣. Esperou no Senhor, o Senhor que
o salve; que o salve, se lhe quer bem. ℣. Consideraram-me atentamente, e espreitaram-me;
dividiram entre si os meus vestidos; sortearam a minha túnica. ℣. Salvai-me da boca do leão, e defendei
a minha vida das investidas dos unicórnios. ℣. Vós, que temeis o Senhor,
louvai-O; descendência de Jacob, glorificai-O. ℣. O povo que há-de vir louvará o
Senhor, e os Céus proclamarão a sua justiça. ℣. Ao povo que há-de nascer, e que
o Senhor fez.
Paixão de Nosso
Senhor Jesus Cristo
segundo São Mateus 26. 36-75; 27. 1-60
Proclamação
solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a
leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para
com ele, exige seja escutado de pé.
Outrora, no Sinai, o sangue das vítimas selou a aliança de Deus com o
seu povo; agora, na Cruz, o sangue da Vítima sem mácula – Jesus – vai firmar,
entre Deus e os homens, a nova aliança, que os profetas anunciaram. A narrativa
de S. Mateus salienta a realização das Escrituras; todo o sombrio drama se
desenrola conforme o plano divino. Realizam-se as profecias; Jesus é, por
conseguinte, o Messias prometido.
Tunc venit Iesus cum illis in villam,
quæ dícitur Gethsémani, et dixit discípulis suis: I. Sedéte hic, donec vadam illuc et orem.
C. Et assúmpto Petro et duóbus fíliis
Zebedaei, cœpit contristári et mæstus esse. Tunc ait illis: I. Tristis est ánima mea usque ad mortem:
sustinéte hic, et vigilate mecum. C. Et progréssus pusíllum, prócidit in
fáciem suam, orans et dicens: I. Pater mi, si possíbile est, tránseat a
me calix iste: Verúmtamen non sicut ego volo, sed sicut tu. C. Et venit ad discípulos suos, et
invénit eos dormiéntes: et dicit Petro: I. Sic non potuístis una hora vigiláre
mecum? Vigiláte et oráte, ut non intrétis in tentatiónem. Spíritus quidem
promptus est, caro autem infírma. C. Iterum secúndo ábiit et orávit,
dicens: I.
Pater mi, si non potest hic calix transíre, nisi bibam illum, fiat volúntas
tua. C. Et
venit íterum, et invenit eos dormiéntes: erant enim óculi eórum graváti. Et
relíctis illis, íterum ábiit et orávit tértio, eúndem sermónem dicens. Tunc
venit ad discípulos suos, et dicit illis: I. Dormíte iam et requiéscite: ecce,
appropinquávit hora, et Fílius hóminis tradétur in manus peccatórum. Súrgite,
eámus: ecce, appropinquávit, qui me tradet. C. Adhuc eo loquénte, ecce, Iudas, unus
de duódecim, venit, et cum eo turba multa cum gládiis et fústibus, missi a
princípibus sacerdótum et senióribus pópuli. Qui autem trádidit eum, dedit
illis signum, dicens: S.
Quemcúmque osculátus fúero, ipse est, tenéte eum. C. Et conféstim accédens ad
Iesum, dixit: S. Ave, Rabbi. C. Et osculátus est eum.
Dixítque illi Iesus: I. Amíce, ad quid venísti? C. Tunc accessérunt, et manus
iniecérunt in Iesum et tenuérunt eum. Et ecce, unus ex his, qui erant cum
Iesu, exténdens manum, exémit gládium suum, et percútiens servum príncipis
sacerdótum, amputávit aurículam eius. Tunc ait illi Iesus: I. Convérte gládium tuum in
locum suum. Omnes enim, qui accéperint gládium,
gládio períbunt. An putas, quia non possum rogáre Patrem meum, et exhibébit
mihi modo plus quam duódecim legiónes Angelórum? Quómodo ergo implebúntur
Scripturae, quia sic oportet fíeri? C. In illa hora dixit Iesus turbis: I. Tamquam ad latrónem exístis cum
gládiis et fústibus comprehéndere me: cotídie apud vos sedébam docens in
templo, et non me tenuístis. C. Hoc autem totum factum est, ut
adimpleréntur Scripturae Prophetárum. Tunc discípuli omnes, relícto eo,
fugérunt. At illi tenéntes Iesum, duxérunt ad Cáipham, príncipem sacerdótum,
ubi scribæ et senióres convénerant. Petrus autem sequebátur eum a longe, usque
in átrium príncipis sacerdótum. Et ingréssus intro, sedébat cum minístris, ut
vidéret finem. Príncipes autem sacerdótum et omne concílium quærébant falsum
testimónium contra Iesum, ut eum morti tráderent: et non invenérunt, cum multi
falsi testes accessíssent. Novíssime autem venérunt duo falsi testes et
dixérunt: S. Hic
dixit: Possum destrúere templum Dei, et post tríduum reædificáre illud. C. Et surgens princeps sacerdótum, ait
illi: S.
Nihil respóndes ad ea, quæ isti advérsum te testificántur? C. Iesus autem tacébat. Et princeps
sacerdótum ait illi: S. Adiúro
te per Deum vivum, ut dicas nobis, si tu es Christus, Fílius Dei. C. Dicit illi Iesus: I. Tu dixísti. Verúmtamen dico vobis,
ámodo vidébitis Fílium hóminis sedéntem a dextris virtútis Dei, et veniéntem in
núbibus cæli. C.
Tunc princeps sacerdótum scidit vestiménta sua, dicens: S. Blasphemávit: quid adhuc egémus
téstibus? Ecce, nunc audístis blasphémiam: quid vobis vidétur? C. At illi respondéntes dixérunt: S. Reus est mortis. C. Tunc exspuérunt in fáciem eius, et
cólaphis eum cecidérunt, álii autem palmas in fáciem eius dedérunt, dicéntes: S. Prophetíza nobis, Christe, quis est,
qui te percússit? C. Petrus
vero sedébat foris in átrio: et accéssit ad eum una ancílla, dicens: S. Et tu cum Iesu Galilaeo eras. C. At ille negávit coram ómnibus, dicens:
S. Néscio, quid dicis. C. Exeúnte autem illo iánuam, vidit eum
ália ancílla, et ait his, qui erant ibi: S. Et hic erat cum Iesu Nazaréno. C. Et íterum negávit cum iuraménto: Quia
non novi hóminem. Et post pusíllum accessérunt, qui stabant, et dixérunt Petro:
S. Vere et tu ex illis es: nam et loquéla
tua maniféstum te facit. C.
Tunc cœpit detestári et iuráre, quia non novísset hóminem. Et contínuo gallus
cantávit. Et recordátus est Petrus verbi Iesu, quod díxerat: Priúsquam gallus
cantet, ter me negábis. Et egréssus foras, flevit amáre. Mane autem facto,
consílium iniérunt omnes príncipes sacerdótum et senióres pópuli advérsus
Iesum, ut eum morti tráderent. Et vinctum adduxérunt eum, et tradidérunt Póntio
Piláto praesidi. Tunc videns Iudas, qui eum trádidit, quod damnátus esset,
pæniténtia ductus, réttulit trigínta argénteos princípibus sacerdótum et
senióribus, dicens: S.
Peccávi, tradens sánguinem iustum. C. At illi dixérunt: S. Quid ad nos? Tu vidéris. C. Et proiéctis argénteis in templo,
recéssit: et ábiens, láqueo se suspéndit. Príncipes autem sacerdótum, accéptis
argénteis, dixérunt: S. Non
licet eos míttere in córbonam: quia prétium sánguinis est. C. Consílio autem ínito, emérunt ex illis
agrum fíguli, in sepultúram peregrinórum. Propter hoc vocátus est ager ille, Hacéldama, hoc est, ager sánguinis,
usque in hodiérnum diem. Tunc implétum est, quod dictum est per Ieremíam
Prophétam, dicéntem: Et accepérunt trigínta argénteos prétium appretiáti, quem
appretiavérunt a fíliis Israël: et dedérunt eos in agrum fíguli, sicut
constítuit mihi Dóminus. Iesus autem stetit ante praesidem, et
interrogávit eum præses, dicens: S. Tu es Rex Iudæórum? C. Dicit illi Iesus: I. Tu dicis. C. Et cum accusarétur a princípibus
sacerdótum et senióribus, nihil respóndit. Tunc dicit illi Pilátus: S. Non audis, quanta advérsum te dicunt
testimónia? C. Et
non respóndit ei ad ullum verbum, ita ut mirarétur præses veheménter. Per diem
autem sollémnem consuéverat præses pópulo dimíttere unum vinctum, quem voluíssent.
Habébat autem tunc vinctum insígnem, qui dicebátur Barábbas. Congregátis ergo
illis, dixit Pilátus: S.
Quem vultis dimíttam vobis: Barábbam, an Iesum, qui dícitur Christus? C. Sciébat enim, quod per invídiam
tradidíssent eum. Sedénte autem illo pro tribunáli, misit ad eum uxor eius,
dicens: S.
Nihil tibi et iusto illi: multa enim passa sum hódie per visum propter eum. C. Príncipes autem sacerdótum et senióres
persuasérunt populis, ut péterent Barábbam, Iesum vero pérderent. Respóndens
autem præses, ait illis: S.
Quem vultis vobis de duóbus dimítti? C. At illi dixérunt: S. Barábbam. C. Dicit illis Pilátus: S. Quid ígitur fáciam de Iesu, qui
dícitur Christus? C.
Dicunt omnes: S.
Crucifigátur. C. Ait
illis præses: S.
Quid enim mali fecit? C. At illi
magis clamábant,dicéntes: S.
Crucifigátur. C.
Videns autem Pilátus, quia nihil profíceret, sed magis tumúltus fíeret: accépta
aqua, lavit manus coram pópulo, dicens: S. Innocens ego sum a sánguine iusti
huius: vos vidéritis. C. Et
respóndens univérsus pópulus, dixit: S. Sanguis eius super nos et super fílios
nostros. C.
Tunc dimísit illis Barábbam: Iesum autem flagellátum trádidit eis, ut
crucifigerétur. Tunc mílites praesidis suscipiéntes Iesum in prætórium,
congregavérunt ad eum univérsam cohórtem: et exuéntes eum, chlámydem coccíneam
circumdedérunt ei: et plecténtes corónam de spinis, posuérunt super caput eius,
et arúndinem in déxtera eius. Et genu flexo ante eum, illudébant ei, dicéntes: S. Ave, Rex Iudæórum. C. Et exspuéntes in eum, accepérunt
arúndinem, et percutiébant caput eius. Et postquam illusérunt ei, exuérunt eum
chlámyde et induérunt eum vestiméntis eius, et duxérunt eum, ut crucifígerent.
Exeúntes autem, invenérunt hóminem Cyrenaeum, nómine Simónem: hunc
angariavérunt, ut tólleret crucem eius. Et venérunt in locum, qui dícitur
Gólgotha, quod est Calváriæ locus. Et dedérunt ei vinum bíbere cum felle mixtum. Et cum gustásset, nóluit
bibere. Postquam autem crucifixérunt eum, divisérunt vestiménta eius, sortem
mitténtes: ut implerétur, quod dictum est per Prophétam dicentem: Divisérunt
sibi vestiménta mea, et super vestem meam misérunt sortem. Et sedéntes,
servábant eum. Et imposuérunt super caput eius causam ipsíus scriptam: Hic est
Iesus, Rex Iudæórum. Tunc crucifíxi sunt cum eo duo
latrónes: unus a dextris et unus a sinístris. Prætereúntes autem blasphemábant
eum, movéntes cápita sua et dicéntes: S. Vah, qui déstruis templum Dei et in
tríduo illud reædíficas: salva temetípsum. Si Fílius Dei es, descénde de cruce.
C. Simíliter et príncipes sacerdótum
illudéntes cum scribis et senióribus, dicébant: S. Alios salvos fecit, seípsum non potest
salvum fácere: si Rex Israël est, descéndat nunc de cruce, et crédimus ei:
confídit in Deo: líberet nunc, si vult eum: dixit enim: Quia Fílius Dei sum. C. Idípsum autem et latrónes, qui
crucifíxi erant cum eo, improperábant ei. A sexta autem hora ténebræ factæ sunt
super univérsam terram usque ad horam nonam. Et circa horam nonam clamávit
Iesus voce magna, dicens: I.
Eli, Eli, lamma sabactháni? C. Hoc est: I. Deus meus, Deus meus, ut quid
dereliquísti me? C.
Quidam autem illic stantes et audiéntes dicébant: S. Elíam vocat iste. C. Et contínuo currens unus ex eis,
accéptam spóngiam implévit acéto et impósuit arúndini, et dabat ei bíbere.
Céteri vero dicébant: S. Sine,
videámus, an véniat Elías líberans eum. C. Iesus autem íterum clamans voce magna,
emísit spíritum.
Hic
genuflectitur, et pausatur aliquantulum.
Et
ecce, velum templi scissum est in duas partes a summo usque deórsum: et terra
mota est, et petræ scissæ sunt, et monuménta apérta sunt: et multa córpora
sanctórum, qui dormíerant, surrexérunt. Et exeúntes de monuméntis post resurrectiónem eius, venérunt in sanctam
civitátem, et apparuérunt multis. Centúrio autem et qui cum eo erant,
custodiéntes Iesum, viso terræmótu et his, quæ fiébant, timuérunt valde,
dicéntes: S.
Vere Fílius Dei erat iste. C.
Erant autem ibi mulíeres multæ a longe, quæ secútæ erant Iesum a Galilaea,
ministrántes ei: inter quas erat María Magdaléne, et María Iacóbi, et Ioseph
mater, et mater filiórum Zebedaei. Cum autem sero factum esset, venit quidam
homo dives ab Arimathaea, nómine Ioseph, qui et ipse discípulus erat Iesu. Hic accéssit ad Pilátum, et
pétiit corpus Iesu. Tunc Pilátus iussit reddi corpus. Et accépto córpore,
Ioseph invólvit illud in síndone munda. Et pósuit illud in monuménto suo novo,
quod excíderat in petra. Et advólvit saxum magnum ad óstium
monuménti, et ábiit.
No Getsêmani. A agonia e a oração.
36Naquele tempo, dirigiu-se Jesus, com os seus
discípulos, a uma quinta, chamada Getsemani, e disse aos seus discípulos:
Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou acolá fazer oração. 37E, tendo tomado consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se. 38Disse-lhes então: A minha alma está numa tristeza
mortal: ficai aqui e vigiai co'Migo. 39E,
adiantando-Se um pouco, prostrou-Se com o rosto por terra, orando e dizendo:
Pai, se é possível, afaste-se de Mim este cálix; todavia, não se faça como Eu
quero, mas sim como Vós quereis. 40Depois,
foi ter com os discípulos, mas encontrou-os a dormir. Disse, pois, a Pedro:
Então não pudestes vigiar um hora co'Migo? 41Vigiai
e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é
fraca. 42E retirou-se pela segunda vez, e orou,
dizendo: Pai, se este cálix não pode passar sem que Eu o beba faça-se a vossa
vontade. 43Veio novamente, mas encontrou-os a
dormir, porque Os seus olhos estavam carregados de sono. 44E, deixando-os, foi de novo, e orou pela terceira
vez, dizendo as mesmas palavras. 45Então,
foi ter com os discípulos, e disse-lhes: Dormi agora e descansai: chegou por
fim a hora em que o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores. 46Levantai-vos, vamos; eis que se aproxima o que Me
vai entregar.
Prisão de Jesus.
47Estando ainda a falar, chegou Judas, um dos doze, e
com ele grande multidão, com espadas e varapaus, enviados pelos principais dos
sacerdotes, e pelos anciãos do povo. 48O
traidor tinha-lhes entregado este sinal: Aquele a quem eu der um ósculo, é
Esse; prendei-O. 49Aproximando-se, pois, logo, de Jesus,
disse; Deus Te salve, Mestre. E deu-Lhe um ósculo. 50Disse-lhe Jesus: Amigo, a que vieste? Então, os
outros avançaram, e lançando as mãos a Jesus, prenderam-No. 51Um dos que estava com Jesus, estendendo a mão,
desembainhou a espada, e, ferindo um servo do Sumo Pontífice, cortou-lhe uma
orelha. 52Disse-lhe então Jesus: Mete a espada no
seu lugar, porque todos os que pegarem da espada, morrerão à espada. 53Julgas, porventura, que Eu não posso invocar meu
Pai, e que Ele não porá logo aqui, à minha disposição, mais de doze legiões de
Anjos? 54Aliás, como se hão-de cumprir as
Escrituras, que declaram que assim deve suceder? 55Naquela hora disse Jesus àquela turbamulta: Viestes
armados de espadas e varapaus para Me prender, como se faz a um ladrão; todos
os dias estava sentado no meio de vós a ensinar no Templo, e não Me prendestes.
56Mas tudo isto aconteceu, para se cumprirem as
Escrituras dos profetas. Nesta altura, todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
Jesus conduzido à presença do Sumo
Sacerdote
57Os que prenderam Jesus, levaram-No a casa do Sumo
Sacerdote, Caifás, onde se tinham reunido os escribas e anciãos. 58Pedro, porém, foi-O seguindo de longe, até ao átrio
do Sumo Sacerdote. E, tendo entrado, sentou-se com os criados, a ver o fim
daquilo tudo. 59Entretanto, os principais dos
sacerdotes e todo o conselho procuravam algum falso testemunho contra Jesus,
para O entregarem à morte. 60Por
fim, apresentaram-se duas testemunhas falsas, 61que disseram: Este disse: Posso destruir o Templo
de Deus, e reedificá-lo em três dias. 62Levantando-se,
então, o Sumo Sacerdote, disse-Lhe: Não respondes nada ao que estes depõem
contra Ti? 63Jesus, porém, mantinha-se calado.
Disse-Lhe, pois, o Sumo Sacerdote: Eu Te conjuro, em nome do Deus vivo, que nos
digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus. 64Jesus
respondeu: Tu o disseste3; mas também vos declaro que haveis de ver
o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do
céu. 65Então, o Sumo Sacerdote rasgou os
vestidos, dizendo: Blasfemou; que mais necessidade temos de testemunhas?
Acabais de ouvir a blasfêmia; 66que
vos parece? Eles responderam: É réu de morte. 67Então, escarraram-Lhe no rosto, e feriam-No às
punhadas, enquanto outros O esbofeteavam, 68dizendo:
Faz agora de profeta, ó Cristo! Diz lá quem Te bateu!
3. Jesus afirma, portanto, a sua divindade.
Negação de Pedro.
69Entretanto, Pedro Entretanto, Pedro estava sentado
fora, no átrio. Aproximou-se dele uma criada, e disse-lhe: Tu também estavas
com Jesus, o Galileu. 70Mas ele negou diante de todos, dizendo:
Não sei o que dizes. 71Estando ele a sair da porta, viu-o
outra criada, que disse para os que ali se encontravam: Este também estava com
Jesus, o Nazareno. 72E ele, pela segunda vez, negou com
juramento, dizendo: Não conheço esse homem. 73Daí
a pouco, aproximaram-se de Pedro os que ali estavam, e disseram: Tu, com
certeza, também és dos tais, porque até a tua linguagem te dá a conhecer. 74Então começou a fazer imprecações e a jurar que não
conhecia tal homem. Quando imediatamente cantou o galo, 75Pedro lembrou-se da palavra que lhe tinha dito
Jesus: Antes de o galo cantar, já Me terás negado três vezes, E, tendo saído
para fora, chorou amargamente.
27 Conselho do
Sinédrio. Jesus é entregue a Pilatos.
1Logo de manhã todos os principais dos sacerdotes e
anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para O entregarem à
morte. 2Depois, levando-O bem preso,
entregaram-No ao governador Pôncio Pilatos.
Desespero e suicídio de Judas
3Então Judas, o traidor, vendo que Jesus fora
condenado, e assaltado pelo remorso, tornou a levar as trinta moedas de prata
aos principais dos sacerdotes e aos anciãos, 4dizendo: Pequei, entregando o sangue inocente.
Responderam-lhe eles: Que temos nós com isso? Isso é contigo! 5Então, atirando com as moedas de prata para o
Templo, retirou-se, e foi-se enforcar. 6Os principais dos
sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito deitá-las na
arca das esmolas, visto serem preço de sangue. 7Depois de deliberarem entre si, compraram com elas
o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros. 8Por esta razão foi aquele campo chamado Hacéldama,
isto é, campo de sangue, até ao dia de hoje. 9Assim se cumpriu o que foi predito por Jeremias,
profeta, ao dizer: Tomaram as trinta moedas de prata, custo d'Aquele cujo preço
foi avaliado pelos filhos de Israel, 10e
deram-nas pelo campo de um oleiro, como o Senhor me ordenou.
Jesus na presença de Pilatos.
11Jesus foi apresentado diante do governador, e o
governador interrogou-O, dizendo: Tu és o Rei dos Judeus? Disse-lhe Jesus: Tu o
dizes. 12Mas, ao ser acusado pelos principais
dos sacerdotes e anciãos, não respondeu coisa alguma. 13Disse-Lhe, então, Pilatos: Não ouves de quantas
coisas te acusam? 14Ele, porém, nada respondeu, de modo que
o governador ficou admirado em extremo. 15Ora
o governador tinha por costume, no dia solene [da Páscoa], soltar aquele preso
que o povo quisesse. 16Naquela ocasião, tinha um preso
afamado, chamado Barrabás. 17Estando,
pois, eles reunidos, disse-lhes Pilatos: Quem quereis que vos solte: Barrabás,
ou Jesus, que se chama o Cristo? 18Pois
ele bem sabia que O tinham entregado por inveja. 19Estando ele já no tribunal, sua mulher mandou-lhe
dizer: Não te metas com esse justo, pois fui hoje muito atormentada em sonhos
por causa d'Ele. 20Entretanto, os principais dos
sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás, e fizesse
morrer Jesus. 21Mas o governador, tomando a palavra,
disse-lhes: Qual dos dois quereis que vos solte? Eles responderam: Barrabás. 22Disse-lhes Pilatos: E que hei-de fazer de Jesus,
que se chama o Cristo? Disseram todos: Seja crucificado. 23Disse-lhes o governador: Mas que mal fez Ele? Eles,
porém, gritavam com mais força, dizendo: Seja crucificado. 24Pilatos, vendo que nada conseguia, e que o tumulto
era cada vez maior, tomando água, lavou as mãos diante do povo, dizendo: Eu sou
inocente do sangue deste justo; isto é lá convosco. 25Respondeu todo o povo: Que o seu sangue caia sobre
nós e sobre os nossos filhos. 26Então,
soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-O para ser
crucificado.
Jesus ultrajado e coroado de espinhos.
27Depois disto, os soldados do governador, conduzindo
Jesus ao pretório, juntaram à volta d'Ele toda a coorte4; 28e, despindo-O, cobriram-No com um manto carmesim. 29Em seguida, tecendo uma coroa de espinhos
pusemra-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, E, dobrando o joelho diante
d'Ele, escarneciam-No, dizendo: Deus Te salve, rei dos Judeus. 30E, cuspindo-Lhe, pegavam na cana e batiam-Lhe com
ela na cabeça. 31Depois de assim O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto, e puseram-Lhe novamente os seus vestidos, e levaram-No
para O crucificarem.
4. Uma coorte compreendia 500 a 600 homens. Aqui,
porém, não devemos dar realce à palavra «toda».
A caminho do calvário.
32Ao sair da cidade, encontraram um homem de Cirene,
chamado Simão, e obrigaram-no a levar a cruz de Jesus. 33Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é,
lugar da Caveira, 34deram-lhe a beber vinho misturado com
fel5, Ele provou-o, mas não quis beber.
5. Mistura inebriante, dada aos condenados à morte,
para lhes suavizar os sofrimentos.
Crucifixão.
32Depois de O crucificarem, repartiram os seus
vestidos, deitando-os à sorte2, cumprindo-se
deste modo o que tinha sido anunciado pelo Profeta, ao dizer: Repartiram entre
si os meus vestidos, e sobre a minha túnica lançaram sortes. 36Então, sentaram-se, guardando-O. 37Tinham-Lhe posto, por cima da cabeça, uma
inscrição, a indicar a causa da morte: Este é Jesus, o Rei dos Judeus. 38Ao mesmo tempo, foram crucificados com Ele dois
ladrões: um à direita, e outro à esquerda.
6. Os soldados executores da sentença tinham
direito aos despojos.
Jesus pregado na Cruz.
39E os que iam passando blasfemavam d'Ele, movendo a
cabeça, e diziam: 40Olá! Tu que destróis o templo de Deus,
e o reedificas em três dias, salva-te a Ti mesmo; se és o Filho de Deus, desce
da cruz! 41Do mesmo modo O insultavam os
principais dos sacerdotes, com os escribas e anciãos, 42dizendo: Salvou os outros, e não se pode salvar a
Ele mesmo! Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e acreditaremos n'Ele. 43Confiou em Deus: que Deus O livre agora, se é que O
ama, já que disse: Eu sou o Filho de Deus. 44Do
mesmo modo o insultavam os ladrões, que tinham sido crucificados com Ele.
Últimos instantes e morte de Jesus.
45 Desde à hora sexta até à nona, houve trevas sobre
toda a terra. 46Por volta da hora nona, exclamou Jesus
em alta voz, dizendo; Eli, Eli, lamma sabactháni7? Que quer dizer:
Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes? 47Alguns
dos que ali estavam e, ouviram isto, diziam: Está a chamar por Elias! 48Logo um deles, depois de ter corrido a pegar numa
esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana, e deu-lha a beber. 49Porém, os outros diziam: Deixa ver se vem Elias
livrá-Lo! 50Jesus, então, soltando de novo um alto
brado, expirou.
7. Jesus ora em aramaico, a língua de então,
na Palestina.
Aqui ajoelha-se e faz-se uma breve pausa.
Depois da morte de Jesus.
51Naquele instante o véu8 do Templo rasgou-se em duas partes, de alto a
baixo, a terra tremeu, as rochas fenderam-se, 52as sepulturas abriram-se, muitos corpos de santos,
que tinham adormecido no Senhor, ressuscitaram, 53e saindo das sepulturas depois da sua ressurreição,
foram à cidade santa, e apareceram a muitos. 54O centurião e os que com ele estavam de guarda a
Jesus, ao verem O terramoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande medo, e
diziam: Na verdade, este homem era o Filho de Deus. 55Achavam-se também ali, vindas de longe, muitas
mulheres, que tinham seguido a Jesus desde a Galileia, subministrando-lhe o
necessário. 56Entre elas, estava Maria Madalena,
Maria mãe de Tiago, a mãe de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
8. Grande cortina que separava o «Santo» do
«Santo dos Santos».
Sepultura de Jesus.
57Ao fim da tarde, chegou um homem rico, de
Arimateia, chamado José, que também era discípulo de Jesus. 58Foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos mandou que lhe fosse entregue o corpo de Jesus. 59E José, tomando o corpo, envolveu-O num lençol
branco, 60depositou-O no seu sepulcro novo, que
tinha aberto numa rocha, e rolou uma grande pedra a tapar a entrada do
sepulcro. E retirou-se.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa
profissão de fé.
Breve
compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja,
afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo
68. 21-22
Com o
Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Impropérium exspectávit cor meum et
misériam: et sustínui, qui simul mecum contristarétur, et non fuit: consolántem
me quæsívi, et non invéni: et dedérunt in escam meam fel, et in siti mea
potavérunt me acéto.
O opróbrio e as humilhações dilaceram-me o coração:
esperei que alguém se compadecesse, de mim, e não houve ninguém. Procurei quem me
consolasse, e não o encontrei: Deram-me fel e Vinagre para me matar a sede!
Secreta
É a
antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Concéde, quǽsumus, Dómine: ut oculis tuæ
maiestátis munus oblátum, et grátiam nobis devotionis obtíneat, et efféctum
beátæ perennitátis acquírat. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Fazei, Senhor, que este sacrifício que apresentamos
à vossa majestade nos obtenha a graça da doação de nós mesmos e nos alcance a
recompensa da vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio
/ Mateus
26. 42
Alternando
com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão
dos fiéis.
Pater, si non potest hic calix transíre,
nisi bibam illum: fiat volúntas tua.
Pai, se não é possível passar este cálix sem que eu
o beba, faça-se a vossa vontade.
Postcommunio
Súplica a
Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Per huius, Dómine, operatiónem mystérii:
et vitia nostra purgéntur, et iusta desidéria compleántur. Per Dominum nostrum
Iesum Christum.
Fazei, Senhor, que a virtude deste mistério nos
purifique dos vícios e realize os nossos justos desejos. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Meditação
O Triunfo de Jesus
Ó Jesus, quero seguir-Vos no Vosso triunfo para Vos acompanhar depois
até ao Calvário.
1 – A Semana Santa começa com a
lembrança da entrada triunfal do Senhor em Jerusalém, no domingo que precede a
Sua Paixão. Jesus, que sempre Se tinha oposto a toda a manifestação pública e
que fugira quando as multidões quiseram fazê-lo rei (cfr. Jo. 6, 15), deixa-Se hoje levar em triunfo. Só agora, que Se
dirige para a morte, aceita ser aclamado publicamente como Messias porque,
morrendo sobre a cruz, será de um modo mais pleno, o Messias, o Redentor, o
Rei, o Vencedor. Aceita ser reconhecido como Rei, mas um Rei que reinará pela
cruz, que triunfará e vencerá por meio da morte de cruz. A mesma multidão
exultante que hoje O aclama, O amaldiçoará dentro de poucos dias e O conduzirá
ao Calvário; assim, o triunfo de hoje dará mais publicidade e realce à Paixão de
amanhã.
Jesus entra triunfalmente na cidade
santa, mas é para aí sofrer, para morrer. Isto explica o duplo significado da
Procissão dos Ramos: não se trata só de acompanhar Jesus em triunfo, mas de O
acompanhar à Paixão, prontos a partilhá-la com Ele, procurando segundo a
exortação de S. Paulo (Ep. Fil. 2, 5-11), fazer nossos os sentimentos de Jesus,
sentimentos de humildade e de imolação total que nos devem conduzir como Ele e
com Ele «até à morte e morte de cruz». As palmas, os ramos de oliveira bentos
que hoje nos entrega o sacerdote, não têm só um significado festivo, mas
«simbolizam a vitória que Jesus alcançará sobre o príncipe da morte» (MR.).
Devem significar também a nossa vitória; também nós devemos merecer a palma da
vitória, vencendo primeiro o mal que existe em nós, nas nossas más tendências e
depois o mal que está à nossa volta. Quando recebermos o ramo bento renovemos a
nossa promessa de querer vencer com Jesus, mas não nos esqueçamos de que Ele
venceu sobre a cruz.
2 – Jesus consente em ser levado em
triunfo, mas como é humilde e manso no Seu triunfo! Ele sabe que no meio do
povo gritando hosanas se escondem os Seus inimigos que, com malignas
insinuações, conseguirão converter aqueles «hosanas» em «crucifige»; sabe-o e
podia impor-Se-lhes com o poder da Sua divindade, podia desmascará-los
publicamente, frustrando os seus planos. Jesus não quer vencer e reinar pela
força, mas pelo amor, pela doçura. Muito a propósito nota o Evangelista: «Dizei
a filha de Sião: Eis que o Teu rei vem a ti, manso, montado sobre um jumento»
(Mt. 21, 15). Com esta mesma mansidão, Ele, o
inocente, o único verdadeiro Rei e Vencedor, consentirá em aparecer como um
réu, condenado e vencido, como um rei de comédia. E assim atrairá tudo a Si,
quando for levantado sobre a cruz.
Enquanto o cortejo prossegue
triunfante, Jesus vê desenhar-Se a Seus pés o panorama de Jerusalém. E – nota
S. Lucas (19, 41-44) – «quando chegou perto, ao ver a
cidade, chorou sobre ela, dizendo: ‘Se ao menos neste dia tu conhecesses ainda
o que te pode trazer a paz!... Os teus inimigos não deixarão em ti pedra sobre
pedra, porque não conheceste o tempo da tua visita». Jesus chora a obstinação
da cidade santa que, por não O ter reconhecido como Mestre, por não ter
aceitado o Seu Evangelho, será destruída pela raiz. Jesus é verdadeiro
Deus, mas é também verdadeiro homem e, como tal, vibra de comoção e de dor pela
triste sorte que Jerusalém preparou para si com a sua obstinada resistência à
graça. Ele já caminha para a Paixão e morrerá também pela salvação de
Jerusalém; contudo Jerusalém não será salva porque não quis, «porque não
conheceu o tempo da Sua visita». É esta a história de tantas almas que resistem
à graça, é este o motivo do sofrimento mais profundo e mais íntimo do coração
dulcíssimo de Jesus. Ao menos tu, alma piedosa, dá ao Senhor a alegria de te
ver aproveitar plenamente os méritos da Sua dolorosíssima Paixão, de todo o Seu
Sangue derramado. Quando resistes aos convites da graça, resistes à Paixão de
Jesus e impedes que ela te seja aplicada em toda a Sua plenitude.
MADALENA, Padre Gabriel de Santa
Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto:
Edições Carmelitanas, 1967, p. 515-517.
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