Ano 13 – nº 711 – 21 de abril de 2024
† 3º Domingo depois
da Páscoa
branco – 2ª classe
O Domingo da Ressurreição e os dois imediatos são
completamente dominados pelo pensamento da Ressurreição. Os domingos seguintes
nos preparam para a despedida: a Ascensão de Nosso Senhor e a Missão do Divino
Espírito Santo. Fala-nos o domingo de hoje da despedida de Jesus deste mundo, e
assim nos lembra que também somos estrangeiros e viajantes. S. Pedro nos delineia o modo de proceder de
Cristo no mundo: obediência à autoridade, cumprimento dos deveres de estado
(Epístola). Na Oração, imploramos força para não errar no caminho, para que
sejamos dignos do nome de Cristãos, isto é, cidadãos do céu. O Evangelho afirma
que, querendo andar como Cristãos, teremos que sofrer e chorar enquanto o mundo
se alegra. A nossa tristeza será breve, no entanto, e mudada será em alegria
que ninguém nos há de tirar.
«Ainda um pouco de tempo, e já não me vereis.» Ev.
Avisos Paroquiais
Atenção para os horários
das Santas Missas neste Domingo:
– às 7h, 9h e 19h em
nossa igreja matriz;
– às 10h no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Calheiros, Domingo em Família.
Serão transmitidas pelas redes sociais a Santa Missa das 7h (via Facebook, YouTube, e Rádio Bom Jesus 89.3 FM) e a das 19h (via Facebook e YouTube).
Redes Sociais:
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E-mail – bomjesuscrucificado@gmail.com
Intróito / Iubiláte Deo – Salmo 65. 1-3
Canto
solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou
solenidade do dia.
Iubiláte Deo,
omnis terra, allelúia: psalmum dícite nómini eius, allelúia: date glóriam laudi
eius, allelúia, allelúia, allelúia. Ps. Dícite Deo, quam terribília sunt ópera
tua, Dómine! in multitúdine virtútis tuæ mentiéntur tibi inimíci tui. ℣. Glória Patri.
Celebrai a Deus,
toda a terra, aleluia. Cantai salmos em honra de seu Nome, aleluia.
Tributai-lhe os vossos louvores, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Dizei a Deus:
Como são terríveis as vossas obras, Senhor! Por vosso grande poder, até os
vossos inimigos Vos tributam louvores. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Aderindo firmemente
à sua fé e ao batismo, o cristão rejeita todo o compromisso com o erro e com o
pecado.
Deus, qui
errántibus, ut in viam possint redíre iustítiæ, veritátis tuæ lumen osténdis:
da cunctis, qui christiána professióne censéntur, et illa respúere, quæ huic
inimíca sunt nómini; et ea, quæ sunt apta, sectári. Per Dominum nostrum Iesum
Christum.
Ó Deus, que
com a Luz de Vossa verdade esclareceis os que estão em erro, para que possam
voltar ao caminho da justiça, concedei a todos os que professam a fé cristã,
que desprezem tudo que se opõe à santidade deste Nome, e sigam tudo o que lhe é
favorável. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Pedro Apóstolo I. 2. 11-19
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
Agradamos a Deus,
vivendo a nossa existência de homens, com liberdade soberana; à força de
cumprir, sem desfalecimentos, os nossos deveres, atrairemos irresistivelmente a
estima daqueles que conhecem as nossas convicções cristãs.
Caríssimi:
Obsecro vos tamquam ádvenas et peregrínos abstinére vos a carnálibus
desidériis, quæ mílitant advérsus ánimam, conversatiónem vestram inter gentes
habéntes bonam: ut in eo, quod detréctant de vobis tamquam de malefactóribus,
ex bonis opéribus vos considerántes, gloríficent Deum in die visitatiónis.
Subiécti ígitur estóte omni humánæ creatúræ propter Deum: sive regi, quasi
præcellénti: sive dúcibus, tamquam ab eo missis ad vindíctam malefactórum,
laudem vero bonórum: quia sic est volúntas Dei, ut benefaciéntes obmutéscere
faciátis imprudéntium hóminum ignorántiam: quasi líberi, et non quasi velámen
habéntes malítiæ libertátem, sed sicut servi Dei. Omnes honoráte: fraternitátem
dilígite: Deum timéte: regem honorificáte. Servi, súbditi estóte in omni timóre
dóminis, non tantum bonis et modéstis, sed étiam dýscolis. Hæc est enim grátia:
in Christo Iesu, Dómino nostro.
Caríssimos: 11Rogo-vos, como
estrangeiros e peregrinos1 que sois
[neste mundo] que renuncieis aos desejos carnais que combatem contra a
alma. 12Tende um bom procedimento
entre os pagãos, para que, em vez de detratarem de vós como de malfeitores,
vendo as vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia de sua visita2. 13Sede, pois,
submissos a toda instituição humana, por amor de Deus; seja ao rei, como
soberano, 14seja aos governadores, como
enviados seus, para castigo dos malfeitores e para louvor dos bons. 15Porque esta é a
vontade de Deus, que, praticando o bem, façais emudecer a ignorância dos homens
insensatos. 16Vivei como homens livres, mas
não como fazendo da liberdade um véu da malícia, e sim como servos de
Deus. 17Honrai a todos; amai a vossos
irmãos; temei a Deus; respeitai o rei. 18Servos, sede
obedientes com todo o temor a vossos senhores, não somente aos bons e
moderados, como também aos geniosos. 19Porque isto é
uma graça no Cristo Jesus, Senhor Nosso.
1. A verdadeira pátria dos cristãos é o Céu.
2. No juízo final ou então, no dia em que a graça
for concedida aos incrédulos.
Aleluia / Salmo110. 9; Lucas
24. 46
Gradual e
Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que
traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou
sugeridos pelo Mistério do dia.
Allelúia,
allelúia. ℣. Redemptiónem
misit Dóminus pópulo suo: Allelúia. ℣. Oportebat pati Christum, et
resúrgere a mórtuis: et ita intráre in glóriam suam. Allelúia.
Aleluia,
aleluia. ℣. O Senhor enviou
a Redenção a seu povo. Aleluia. ℣. Era necessário que o Cristo
padecesse e ressuscitasse dos mortos e assim entrasse em sua glória. Aleluia.
Evangelho segundo São João
16. 16-22
Proclamação
solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a
leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para
com ele, exige seja escutado de pé.
O regresso de
Cristo é, ao mesmo tempo, a sua presença na vida do fiel e da Igreja, e a sua
vinda gloriosa no fim dos tempos. A segunda vinda não está longe, adverte S.
Agostinho. «A espera parece longa, porque se passa neste mundo; mas quando
terminar, veremos como foi curto» (matinas).
In illo témpore:
Dixit Iesus discípulis suis: Módicum, et iam non vidébitis me: et íterum
módicum, et vidébitis me: quia vado ad Patrem. Dixérunt ergo ex discípulis eius
ad ínvicem: Quid est hoc, quod dicit nobis: Módicum, et non vidébitis me: et
íterum módicum, et vidébitis me, et quia vado ad Patrem? Dicébant ergo: Quid
est hoc, quod dicit: Módicum? nescímus, quid lóquitur. Cognóvit autem Iesus,
quia volébant eum interrogáre, et dixit eis: De hoc quǽritis inter vos, quia
dixi: Módicum, et non vidébitis me: et íterum módicum, et vidébitis me. Amen,
amen, dico vobis: quia plorábitis et flébitis vos, mundus autem gaudébit: vos
autem contristabímini, sed tristítia vestra vertétur in gáudium. Múlier cum
parit, tristítiam habet, quia venit hora eius: cum autem pepérerit púerum, iam
non méminit pressúræ propter gáudium, quia natus est homo in mundum. Et vos
igitur nunc quidem tristítiam habétis, íterum autem vidébo vos, et gaudébit cor
vestrum: et gáudium vestrum nemo tollet a vobis.
Naquele
tempo, 16disse Jesus a seus discípulos:
«Ainda um pouco de tempo, e já não me vereis; mais um pouco de tempo e me
tornareis a ver, porque vou ao Pai.» 17Disseram, então,
alguns dos seus discípulos entre si: «Que é isto, que Ele nos diz: Ainda um
pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver,
porque vou ao Pai?»18Diziam, pois: «Que quer dizer
com isso: «Um pouco de tempo?» Não sabemos o que Ele quer dizer.» 19Conheceu, porém,
Jesus que eles O queriam interrogar, e disse-lhes: Sobre isso discutis entre
vós, porque eu disse: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de
tempo e me tornareis a ver. 20Em verdade, em verdade, eu vos
digo: Haveis de chorar e vos lamentar, enquanto o mundo há-de se alegrar; vós
estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em gozo. 21Uma mulher,
quando dá à luz, tem tristeza, porque veio a sua hora, mas logo que a criança
nasce, já não se lembra da aflição, pela alegria por haver nascido ao mundo um
homem. 22Assim vós outros, agora estais
tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém
vos há de tirar a vossa alegria.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa
profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da
fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de
fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo
145. 2
Com o
Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Lauda, ánima mea,
Dóminum: laudábo Dóminum in vita mea: psallam Deo meo, quámdiu ero, allelúia.
Louva a minha
alma, ao Senhor. Louvarei ao Senhor durante toda a minha vida. A meu Deus eu
cantarei salmos enquanto viver, aleluia.
Secreta
É a
antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
His nobis,
Dómine, mystériis conferátur, quo, terréna desidéria mitigántes, discámus amáre
cæléstia. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Concedei-nos,
Senhor, que por estes mistérios, nos seja dado mitigar os desejos terrenos, e
aprendamos a amar as coisas celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / João 16. 16
Alternando
com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão
dos fiéis.
Módicum, et non vidébitis
me, allelúia: íterum módicum, et vidébitis me, quia vado ad Patrem, allelúia,
allelúia.
Ainda um pouco de
tempo, e não me vereis, aleluia. Mais um pouco de tempo e me tornareis a ver,
porque vou ao Pai. Aleluia.
Postcommunio
Súplica a
Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Sacraménta quæ
súmpsimus, quǽsumus, Dómine: et spirituálibus nos instáurent aliméntis, et
corporálibus tueántur auxíliis. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós vos pedimos,
Senhor, que estes Sacramentos que recebemos como alimento para as nossas almas
nos renovem, e nos protejam como auxilio para os nossos corpos. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Meditação
Peregrinos de Deus
Fazei, ó Senhor, que as coisas terrenas não prendam o meu coração e não
o impeçam de aspirar ao céu.
1 – A liturgia de hoje começa a orientar o nosso
pensamento para a próxima Ascensão de Jesus ao Céu. «Um pouco e já não me
vereis... porque vou para o Pai». O Evangelho do dia (Jo. 16, 16-22), que relata
esta passagem, é tirado do discurso que o Senhor fez aos Apóstolos na tarde da
última ceia, com o fim de os preparar para a Sua partida, antes de ir para a
Paixão, mas a Igreja gosta de no-lo apresentar hoje como o discurso de
despedida de Jesus antes da Sua Ascensão. Uma vez cumprida a Sua missão, Ele
deve regressar ao Pai que O enviou. Um dia acontecer-nos-á o mesmo a nós: a
terra não é a nossa morada estável, mas só o lugar da nossa peregrinação. E
Jesus disse: «Um pouco e já não me vereis; e outra vez um pouco e ver-me-eis».
Estas palavras, obscuras para os Apóstolos que não as compreenderam, são hoje
muito mais claras para nós. «Um pouco» quer dizer, o tempo da nossa vida – que
em comparação com a eternidade é de fato muito pouco – e chegará também para
nós o momento de deixarmos a terra para seguirmos Jesus até ao céu, onde O
veremos na glória. E então, como disse o Senhor, «o nosso coração se alegrará,
ninguém nos tirará a nossa alegria». Mas antes de chegar a este feliz fim, é
preciso passar pelas adversidades, lutas e sofrimentos da vida terrena. Ainda que
tudo isto seja «pouco» comparado ao «desmesurado peso de glória que nos espera»
(cfr. II Cor. 4, 17), o Senhor sabe que, para
nós, presos como estamos pelas vicissitudes da vida terrena, é «muito» e
penoso, e por isso nos põe de sobreaviso para que não nos escandalizemos: «Vós
haveis de chorar e de gemer e o mundo se há de alegrar». O mundo goza e quer
gozar a todo custo, totalmente imerso nos prazeres da vida presente, sem
qualquer pensamento sobre o que o espera para além. E se não pode fugir aos
inevitáveis sofrimentos da vida, procura abafar a dor no prazer, esforçando-se
por tirar de cada instante fugitivo o maior gozo possível. Não age assim o
cristão que se impõe uma vida de sacrifícios e de renúncia em vista de uma
felicidade ultraterrena: «haveis de estar tristes – diz Jesus – mas a vossa
tristeza há de converter-se em alegria».
2 – A Epístola (I Ped. 2, 11-19), exorta-nos
igualmente a viver na terra com os olhos voltados para o céu: «Caríssimos – diz
S. Pedro – rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos
desejos carnais que combatem contra a alma». O peregrino não pode demorar-se a
gozar dos alívios e alegrias que encontra no seu caminho sem comprometer o bom
êxito da sua viagem e ainda sem correr o risco de não alcançar a meta. Do mesmo
modo o cristão, peregrino de Deus, não pode parar nos bens terrenos; poderá sem
dúvida servir-se e até gozar deles se a Providência os puser no seu caminho,
mas com um coração desprendido que imediatamente os ultrapassa; nada pode
embaraçar o seu passo porque tem pressa de chegar ao fim. A vida do cristão é a
vida do viandante em terra estrangeira que nunca para porque está ansioso por
chegar à pátria. Muito a propósito, a Secreta da Missa põe hoje nos nossos
lábios a seguinte oração: «Por estes mistérios, concedei-nos, Senhor, que
desprezando os desejos terrenos, aprendamos a amar as coisas celestiais».
Oração de que temos muita necessidade, porque as satisfações e os bens
presentes, com o seu caráter concreto, podem sempre apoderar-se dos nossos
sentimentos e do nosso coração, diminuindo a nossa ânsia do céu e fazendo-nos
esquecer um pouco a caducidade do que é terreno.
Outra característica do peregrino é não estar
satisfeito enquanto não chegar à pátria, o que lança sobre a sua vida um véu de
tristeza. Também o cristão, peregrino de Deus, não pode estar plenamente
satisfeito enquanto não chegar ao céu e possuir Deus. Corre suspirando por Ele,
apressando o passo, confortado pela esperança de O encontrar um dia «face a
face», mas essa esperança inclui um sentimento de tristeza porque espera o que
não possui ainda. É a tristeza santa daqueles que procuram a Deus. Agradeçamos
ao Senhor se no-la fizer experimentar: é bom sinal, é sinal de que o nosso
coração está preso pelo Seu amor e de que as coisas terrenas já não podem
saciá-lo. Recordemos por isso, ainda uma vez, a consoladora promessa de Jesus:
«a vossa tristeza há de converter-se em alegria».
MADALENA, Padre Gabriel de Santa
Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto:
Edições Carmelitanas, 1967, p. 628-630.