sábado, 25 de março de 2023

Edição nº 648

«Liturgia Dominical»
Ano 12 – nº 648 – 26 de março de 2023

 

1º Domingo da Paixão
roxo – 1ª classe.

 

No lugar em que S. Pedro seguiu o exemplo de seu Mestre, morrendo na cruz, quer também a Igreja associar-se à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Medianeiro entre Deus e os homens, inocente Ele mesmo e sem mancha, se oferece como Sacrifício de expiação pelos homens (Epístola).  Nestas palavras está expresso o sentido da Missa de hoje, pois nela Jesus repete o mesmo Sacrifício (Communio). Enquanto os judeus blasfemam contra o Senhor, nós dizemos: «Senhor, eu Vos louvarei». E à palavra de Jesus: «Se alguém guarda a minha palavra não verá a morte para sempre», nós respondemos: Beneficiai vosso servo, para que viva e observe os vossos preceitos.



«Em verdade, em verdade, eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou.» Ev.

sábado, 18 de março de 2023

Edição nº 647

«Liturgia Dominical»
Ano 12 – nº 647 – 25 de março de 2023 – Edição Extra

 

Festa da Anunciação de Nossa Senhora
branco – 1ª classe.

 

Na Oração da festa, está, em poucas palavras, lembrado o maior acontecimento da história da humanidade – a Encarnação do Verbo Divino no seio da Virgem Maria. O que o profeta Isaías (Leitura) predisse ao rei Acaz, realizou-se de uma maneira maravilhosa naquela humilde casinha de Nazaré (Evangelho). Reverentes, saudamos a Mãe de Deus nos Cânticos, e na Comunhão hospedamos o mesmo Filho de Deus, o Emanuel, que das entranhas da Virgem puríssima havia feito o seu tabernáculo.

«Entrando o Anjo onde ela estava, disse-lhe: Ave, cheia de graça.» Ev.

Edição nº 646

 «Liturgia Dominical»
Ano 12 – nº 646 – 20 de março de 2023 – Edição Extra

Festa de São José, Esposo de Nossa Senhora
e Padroeiro da Igreja Universal

branco – 1ª classe.

Duas grandes festas celebra a santa Igreja em honra de S. José. Como esposo de Nossa Senhora e pai adotivo de Jesus, ele tomou parte intimamente na Redenção. Celebram-se hoje as excelsas virtudes e a santidade que lhe mereceram a predileção de Deus, enquanto a segunda festa visa mais a sua dignidade de Padroeiro da Igreja Universal.

Na santa Missa, depois de o saudarmos com o título de Justo (Intróito) imploramos a sua intercessão (Oração), pois Deus ouve as suas orações como ouviu a de Moisés. A este se referem as palavras da Leitura que são aplicadas a S. José. O Evangelho nos mostra a sua grandeza, chamando-o de Justo, e ao mesmo tempo, nos manifesta a delicadeza de seu pensamento, a sua pureza e a sua fé na palavra de Deus. Embora ornado de tantas virtudes, S. José é modelo de perfeita humildade. Pequeno aos olhos do mundo, foi grande aos olhos de Deus e é grande no Reino dos céus.

 


Pois não é Este o filho do carpinteiro? Ev.

Edição nº 645

«Liturgia Dominical»
Ano 12 – nº 645 – 19 de março de 2023

 

4º Domingo da Quaresma
Domingo Lætáre
róseo ou roxo – 1ª classe.


Na antiguidade cristã, o dia de hoje era o «dia das rosas». Os Cristãos se presenteavam mutuamente com as primeiras rosas do verão.

Ainda hoje o Santo Padre benze, neste dia, uma rosa de ouro e a oferece a uma pessoa em sinal de particular atenção. A santa Igreja, como o faz no Advento, interrompe também na Quaresma a sua penitência. Demonstra alegria pelo toque do órgão, pelo enfeite dos altares e pelo róseo dos paramentos. Toda a Missa respira alegria e júbilo. E por que assim? Lembremo-nos que antigamente, faziam os catecúmenos, neste dia, um juramento solene e eram recebidos no seio da Igreja, representada pela igreja da «Santa Cruz em Jerusalém».

Mãe dedicada e amorosa, alegra-se a santa Igreja, ao receber os que serão lavados nas águas batismais (Intróito, Epístola). E não menos se alegram os próprios catecúmenos (Gradual, Ofertório e Communio). A maravilhosa multiplicação dos pães, que se repete na santa Missa, nos garante a todos nós, a glória futura. Louvemos e agradeçamos a bondade de Deus (Ofertório).

 


«mas que é isto para tanta gente?» Ev.

Avisos Paroquiais 

Atenção para os horários das Santas Missas neste Domingo:

        -      às 7h, 9h e 19h em nossa igreja matriz;

        -      às 10h na Quadra do Bairro Bela Vista
              (neste bairro será erguida a Capela de Santa Edwiges);

        -      às 10h na Capela de São Brás, em Sesmaria;

        -      às 18h na Capela de Santo Antônio, em Córrego Seco.

Serão transmitidas pelas redes sociais a Santa Missa das 7h (via Facebook, YouTube, Rádio Bom Jesus AM 1170 e FM 89.3) e a das 19h (via Facebook e YouTube).

 

Redes Sociais:


Facebook – https://www.facebook.com/ParoquiadoSenhorBomJesusCrucificado

(Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)

 YouTube –  https://www.youtube.com/c/ParoquiadoSenhorBomJesusCrucificado

 (Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)

 Instagram https://www.instagram.com/bomjesuscrucificado/

(Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)

 E-mail – bomjesuscrucificado@gmail.com


Intróito / LӔTARE, IERÚSALEM – Isaías 66. 10,11; Salmo 121. 1

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

Lætáre, Ierúsalem: et convéntum fácite, omnes qui dilígitis eam: gaudéte cum lætítia, qui in tristítia fuístis: ut exsultétis, et satiémini ab ubéribus consolatiónis vestræ. Ps. Lætátus sum in his, quæ dicta sunt mihi: in domum Dómini íbimus. . Glória Patri.

Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, todos os que a amais; entregai-vos à alegria, vós que estivestes na tristeza para que exulteis e vos sacieis da abundância de vossa consolação. Sl. Alegrei-me com o que me foi dito: iremos à casa do Senhor. . Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Concéde, quǽsumus, omnípotens Deus: ut, qui ex merito nostræ actiónis afflígimur, tuæ grátiæ consolatióne respirémus. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Concedei, Vos rogamos, ó Deus onipotente, aos que somos justamente castigados por nossas más ações, respiremos aliviados pela consolação de vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Gálatas 4. 22-31

Leitura ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.

Em linguagem alegórica, em que Agar prefigura a Sinagoga, e Sara, a Igreja, S. Paulo dá-nos a interpretação duma cena célebre do Gênesis (16; 21.1-21), demonstrando que, na economia da salvação, tudo depende do dom de Deus – «a Promessa». Os herdeiros desta promessa são os que crêem em Jesus, que é a sua realização.

Fratres: Scriptum est: Quóniam Abraham duos fílios habuit: unum de ancílla, et unum de líbera. Sed qui de ancílla, secúndum carnem natus est: qui autem de líbera, per repromissiónem: quæ sunt per allegóriam dicta. Hæc enim sunt duo testaménta. Unum quidem in monte Sina, in servitútem génerans: quæ est Agar: Sina enim mons est in Arábia, qui coniúnctus est ei, quæ nunc est Ierúsalem, et servit cum fíliis suis. Illa autem, quæ sursum est Ierúsalem, líbera est, quæ est mater nostra. Scriptum est enim: Lætáre, stérilis, quæ non paris: erúmpe, et clama, quæ non párturis: quia multi fílii desértæ, magis quam eius, quæ habet virum. Nos autem, fratres, secúndum Isaac promissiónis fílii sumus. Sed quómodo tunc is, qui secúndum carnem natus fúerat, persequebátur eum, qui secúndum spíritum: ita et nunc. Sed quid dicit Scriptura? Eiice ancillam et fílium eius: non enim heres erit fílius ancíllæ cum fílio líberæ. Itaque, fratres, non sumus ancíllæ fílii, sed líberæ: qua libertáte Christus nos liberávit.

Irmãos: 22Está escrito que Abraão teve dois filhos: um da escrava, e outro da mulher livre. 23Mas o da escrava nasceu segundo a carne, enquanto o da livre nasceu em virtude da promessa. 24Isto é dito em sentido alegórico para significar as duas alianças. Uma vem do monte Sinai, gerando para a servidão: e é Agar. 25Pois, Sinai é monte da Arábia que corresponde a Jerusalém atual, a qual é escrava com os seus filhos. 26Mas [a outra] que é a Jerusalém do alto, é livre e esta é a nossa mãe. 27Porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz; exulta e clama, tu que não geras, pois são mais numerosos os filhos da abandonada [Sara], que os da que tem marido128Nós, porém, irmãos, somos como Isaac, filhos da promessa. 29E como, então, aquele que nascera segundo a carne perseguia o que nascera segundo o espírito, assim também agora. 30Mas, que diz a Escritura? Expulsa a escrava e seu filho; porque o filho da escrava não será herdeiro como o filho da livre231Assim também, nós, meus irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre, pela liberdade pela qual o Cristo nos resgatou.

1. Isaías 54. 1.
2 .Genesis 21. 10.

Gradual / Salmo 121. 1, 7

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Lætátus sum in his, quæ dicta sunt mihi: in domum Dómini íbimus. . Fiat pax in virtúte tua: et abundántia in túrribus tuis.

Alegrei-me com o que me foi dito: iremos à casa do Senhor. . Reina a paz nas tuas muralhas e prosperidade em tuas fortalezas.

Tracto / Salmo 124. 1-2

No Tempo da Septuagésima, o Alleluia é substituído pelo Tracto.

Qui confídunt in Dómino, sicut mons Sion: non commovébitur in ætérnum, qui hábitat in Ierúsalem. . Montes in circúitu eius: et Dóminus in circúitu pópuli sui, ex hoc nunc et usque in saeculum.

Os que confiam no Senhor estão firmes como o monte de Sião; jamais será abalado o que habita em Jerusalém. . Como há montes em redor de Jerusalém, assim está o Senhor em redor do seu povo, agora e para sempre.

Evangelho segundo São João 6. 1-15

Proclamação solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para com ele, exige seja escutado de pé.

A multiplicação dos pães é anúncio e símbolo da Eucaristia, que é, por excelência, o sacramento pascal, prometido aos batizados. «Os vossos pais comeram o maná, no deserto, e morreram. Eu sou o pão vivo, descido do céu; todo aquele que comer deste pão, viverá eternamente. E o pão, que Eu darei, é a minha carne, para a vida ao mundo.»

In illo témpore: Abiit Iesus trans mare Galilaeæ, quod est Tiberíadis: et sequebátur eum multitúdo magna, quia vidébant signa, quæ faciébat super his, qui infirmabántur. Súbiit ergo in montem Iesus: et ibi sedébat cum discípulis suis. Erat autem próximum Pascha, dies festus Iudæórum. Cum sublevásset ergo óculos Iesus et vidísset, quia multitúdo máxima venit ad eum, dixit ad Philíppum: Unde emémus panes, ut mandúcent hi? Hoc autem dicebat tentans eum: ipse enim sciébat, quid esset factúrus. Respóndit ei Philíppus: Ducentórum denariórum panes non suffíciunt eis, ut unusquísque módicum quid accípiat. Dicit ei unus ex discípulis eius, Andréas, frater Simónis Petri: Est puer unus hic, qui habet quinque panes hordeáceos et duos pisces: sed hæc quid sunt inter tantos? Dixit ergo Iesus: Fácite hómines discúmbere. Erat autem fænum multum in loco. Discubuérunt ergo viri, número quasi quinque mília. Accépit ergo Iesus panes, et cum grátias egísset, distríbuit discumbéntibus: simíliter et ex píscibus, quantum volébant. Ut autem impléti sunt, dixit discípulis suis: Collígite quæ superavérunt fragménta, ne péreant. Collegérunt ergo, et implevérunt duódecim cóphinos fragmentórum ex quinque pánibus hordeáceis, quæ superfuérunt his, qui manducáverant. Illi ergo hómines cum vidíssent, quod Iesus fécerat signum, dicébant: Quia hic est vere Prophéta, qui ventúrus est in mundum. Iesus ergo cum cognovísset, quia ventúri essent, ut ráperent eum et fácerent eum regem, fugit íterum in montem ipse solus.

Naquele tempo, 1passou Jesus à outra margem do mar da Galiléia, que é o de Tiberíade, 2seguindo-O grande multidão, porque via as maravilhas que Ele fazia aos que eram enfermos. 3Subiu, então, Jesus ao monte e sentou-se ali com os seus discípulos. 4Ora, estava próxima3 a Páscoa, a festa dos judeus. 5Erguendo Jesus os olhos e vendo que uma grande multidão vinha a Ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para dar de comer a toda essa gente? 6Dizia isso, porém, para o experimentar, porque Ele bem sabia o que havia de fazer. 7Respondeu-Lhe Filipe: Duzentos dinheiros de pão não bastariam para que cada um deles recebesse uma pequena porção. 8Disse a Jesus um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: 9Está aqui um moço que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que é isto para tanta gente? 10Disse-Lhe Jesus: Fazei assentar os homens. Havia no lugar muita relva. Assentaram-se, pois, os homens, em número de quase cinco mil. 11Tomou, então, Jesus os pães, e havendo dado graças, distribuiu-os aos que estavam sentados; e igualmente distribuiu os peixes, quanto eles quiseram. 12Quando já estavam fartos, disse Ele a seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que se não percam. 13Recolheram-nos, pois, e encheram doze cestos de pedaços de pão de cevada, que sobraram aos que comeram. 14Vendo, então, aqueles homens o milagre que Jesus fizera, diziam: Este é verdadeiramente o Profeta que deve vir ao mundo. 15Mas Jesus, sabendo que o viriam buscar à força, para O fazerem rei, afastou-se, indo a um monte para estar sozinho.

3.  Esta citação cronológica tem por fim dar a perceber que Jesus vai anunciar a instituição da verdadeira Páscoa.

 

CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

 

Ofertório / Salmo 134. 3,6

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Laudáte Dóminum, quia benígnus est: psállite nómini eius, quóniam suávis est: ómnia, quæcúmque vóluit, fecit in cælo et in terra.

Louvai o Senhor, porque Ele é bom; cantai salmos a seu Nome, porque é suave. No céu e na terra, fez tudo quanto quis.

Secreta

É a antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

Sacrifíciis præséntibus, Dómine, quǽsumus, inténde placátus: ut et devotióni nostræ profíciant et salúti. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Rogamos, Senhor, que atendais propício aos sacrifícios presentes, a fim de que aproveitem à nossa submissão e à nossa salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / Salmo 121. 3-4

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Ierúsalem, quæ ædificátur ut cívitas, cuius participátio eius in idípsum: illuc enim ascendérunt tribus, tribus Dómini, ad confiténdum nómini tuo. Dómine.

Jerusalém é cidade bem edificada, formando suas partes um todo admirável; para lá se dirigem as tribos, as tribos do Senhor, para louvar o vosso Nome, ó Senhor.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Da nobis, quǽsumus, miséricors Deus: ut sancta tua, quibus incessánter explémur, sincéris tractémus obséquiis, et fidéli semper mente sumámus. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Nós Vos rogamos, ó Deus de misericórdia, concedei-nos a graça de aproximar-nos com piedade sincera de vossos sagrados Mistérios, com que somos incessantemente saciados e de os recebermos sempre com espírito de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Meditação

 

A Multiplicação dos Pães

Ó Jesus, verdadeiro pão de vida eterna, saciai a minha fome.

1 – O Domingo de hoje é uma pausa de santa alegria, de alívio espiritual que a Igreja, como uma boa mãe, nos oferece no meio das austeras práticas quaresmais, como para nos refazer as forças. «Alegra-te Jerusalém – canta o Introito da Missa – juntai-vos em grande festa, vós todos os que a amais. Rejubilai de alegria, vós que estivestes em dor. Exultai e saciai-vos da abundância do seu gozo». E quais são estes gozos? O Evangelho do dia (Jo. 6, 1-15), responde-nos com a narração da multiplicação dos pães, o grande milagre mediante o qual Jesus quer preparar a multidão para o anúncio de um milagre muito mais estrondoso, a instituição da Eucaristia, em que Ele, o Mestre, Se tornará nosso pão, «pão descido do céu» (Jo. 6, 41) para alimento das nossas almas. Eis o motivo da nossa alegria, eis a fonte das nossas delícias: Jesus é o pão da vida, sempre à nossa disposição, sempre pronto para nos saciar a fome.

Mas Jesus, embora apreciando melhor do que nós os valores espirituais, não esquece nem despreza as necessidades materiais do homem. O Evangelho de hoje apresenta-no-lO rodeado por uma multidão que O tinha seguido para ouvir os Seus ensinamentos; Jesus pensa na fome daquela gente, e, para prover a essa fome, realiza um dos mais ruidosos milagres: cinco pães e dois peixes, abençoados por Ele, chegam para saciar cinco mil homens, sobrando ainda doze cestos.

Jesus sabe que quando o homem está atormentado pela fome, pelas necessidades materiais, é incapaz de atender às coisas do espírito. A caridade exige-nos também esta compreensão das necessidades materiais do próximo, compreensão efetiva que se traduz em ação eficaz. «Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem do alimento quotidiano e algum de vós lhe disser: ‘ide em paz...’ porém não lhes der as coisas necessárias ao corpo, de que lhes aproveitará?» (Tgo. 2, 15 e 16).

Os apóstolos tinham proposto ao Mestre que despedisse a multidão «para que, indo às aldeias, comprasse de comer» (Mt. 14, 15). Jesus não aceitou a proposta e quis providenciar pessoalmente. Procura também tu, tanto quanto puderes, nunca despedir o próximo necessitado sem lhe ter prestado a tua ajuda.

2 – Antes de fazer o milagre, Jesus pergunta a Filipe: «Onde compraremos nós pão para dar de comer a esta gente?», e observa o Evangelista: «Dizia, porém, isto, para o experimentar, porque sabia o que havia de fazer». Não há circunstância difícil na nossa vida cuja solução Deus não conheça; desde a eternidade previu todos os casos, mesmo os mais complicados, e tem pronto o remédio. Todavia, em circunstâncias difíceis, talvez nos pareça que Deus nos deixa sós como se a solução dependesse de nós, mas fá-lo unicamente para nos provar. Ele quer que, medindo a sós as nossas forças perante as dificuldades, tenhamos plena consciência da nossa impotência e insuficiência, e por outro lado, quer que nos exercitemos na fé, na confiança nEle. Na realidade, o Senhor nunca nos abandona se não somos nós os primeiros a deixá-lO; apenas Se esconde, escondendo também a Sua ação: é então o momento de crer, crer fortemente e esperar com humilde paciência, com plena confiança.

Os apóstolos avisam Jesus de que um rapaz tem cinco pães e dois peixes: bem pouca coisa, mesmo nada, para saciar a fome de cinco mil homens; mas o Senhor pede aquele nada e serve-Se dele para operar o grande milagre. É sempre assim: Deus onipotente que tudo pode fazer e criar do nada, quando Se encontra diante da Sua criatura livre, não quer agir sem o seu concurso. É bem pouco o que o homem pode fazer, mas aquele pouco Deus o quer, pede e exige como condição da Sua intervenção. Somente o Senhor te pode santificar, como só Ele podia multiplicar as poucas provisões do rapaz e, no entanto, pede a tua cooperação. Também tu, como o rapaz do Evangelho, dá-Lhe tudo quanto possuis, ou seja, apresenta-Lhe todos os dias os teus propósitos sempre renovados, com constância e amor e Ele também operará para ti um grande milagre, o milagre da tua santificação.

               MADALENA, Padre Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto: Edições Carmelitanas, 1967, p. 462-464.