«Liturgia da Santa Missa»
Ano 13 – nº 684 – 12 de
novembro de 2023
† 24º Domingo
depois de Pentecostes
5º depois da Epifania transferido
verde – 2a. classe
«Enquanto, porém, os homens dormiam, veio o seu inimigo...» Ev.
Intróito / DICIT DOMINUS – Jeremias
29. 11-14; Salmo
84. 2
Canto
solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou
solenidade do dia.
O profeta Jeremias anuncia o fim dum cativeiro, de que o de Babilônia
foi apenas figura.
Dicit Dóminus: Ego cógito cogitatiónes pacis, et non
afflictiónis: invocábitis me, et ego exáudiam vos: et redúcam captivitátem
vestram de cunctis locis. Ps. Benedixísti, Dómine, terram tuam: avertísti
captivitátem Iacob. ℣.
Glória Patri.
Assim diz o Senhor: Meus
pensamentos são de paz e não de aflição. Clamai por mim e eu vou ouvirei.
Reconduzir-vos-ei de vosso cativeiro, de todos os lugares. Sl. Abençoastes,
Senhor, a vossa terra; livrastes Jacó do cativeiro. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de
toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Famíliam tuam, quǽsumus, Dómine, contínua pietáte
custódi: ut, quæ in sola spe grátiæ cæléstis innítitur, tua semper protectióne
muniátur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós Vos suplicamos, Senhor, guardeis continuamente a
vossa família com paternal bondade, para que, esperançada somente em vossa
graça celeste, seja sempre fortalecida com a vossa proteção. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo
Apóstolo aos Colossenses 3. 12-17
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
«Assim como Deus vos perdoou, assim deveis perdoar também aos outros. »
Eis a grande lei da caridade. Pode haver outros motivos, mas não mais
essenciais nem mais convincentes.
Fratres: Indúite vos sicut electi Dei, sancti et
dilecti, víscera misericórdiæ, benignitátem, humilitátem, modéstiam,
patiéntiam: supportántes ínvicem, et donántes vobismetípsis, si quis advérsus
áliquem habet querélam: sicut et Dóminus donávit vobis, ita et vos. Super ómnia
autem hæc caritátem habéte, quod est vínculum perfectionis: et pax Christi
exsúltet in córdibus vestris, in qua et vocáti estis in uno córpore: et grati
estóte. Verbum Christi hábitet in vobis abundánter, in omni sapiéntia, docéntes
et commonéntes vosmetípsos psalmis, hymnis et cánticis spirituálibus, in grátia
cantántes in córdibus vestris Deo. Omne, quodcúmque fácitis in verbo aut in
ópere, ómnia in nómine Dómini Iesu Christi, grátias agéntes Deo et Patri per
Iesum Christum, Dóminum nostrum.
Irmãos: 12como
eleitos de Deus, santos e diletos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de
benignidade, humildade, modéstia e paciência. 13Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, se um tiver motivo de queixa contra o outro. Como o Senhor vos
perdoou assim fazei também vós. 14Acima
de tudo isto, tende caridade, que é o vínculo da perfeição. 15Triunfe em vossos corações a paz do Cristo, para a
qual também fostes chamados como sendo um só corpo; e sede agradecidos. 16A palavra do Cristo habite em vós com abundancia;
com toda a sabedoria, instrui-vos e exortai-vos uns aos outros. Cantai a Deus
salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus, com a gratidão em vossos
corações. 17Tudo quanto fizerdes, por palavra ou
por obra, seja tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, rendendo por ele graças a
Deus Pai, por Jesus Cristo, Senhor nosso.
Gradual / Salmo 43. 8-9
Gradual e
Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que
traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou
sugeridos pelo Mistério do dia.
Liberásti nos, Dómine, ex affligéntibus nos: et eos,
qui nos odérunt, confudísti. ℣. In Deo laudábimur tota die, et in nómine tuo
confitébimur in saecula.
Vós nos livrastes, Senhor, dos que nos afligiam e
confundistes os que nos odiavam. ℣. Em Deus nos
gloriamos todo o dia; e louvamos eternamente o vosso Nome.
Aleluia / Salmo 129. 1-2
Allelúia, allelúia. ℣. De profúndis clamávi ad te, Dómine:
Dómine, exáudi oratiónem meam. Allelúia.
Aleluia, aleluia. ℣. Das profundezas do abismo, clamei a
Vós, Senhor! Senhor atendei à minha oração. Aleluia.
Evangelho segundo São Mateus 13. 24-30
Proclamação
solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a
leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para
com ele, exige seja escutado de pé.
No campo das almas, o próprio joio é susceptível de se mudar em trigo,
sob o influxo da graça de Deus. A paciência divina espera a conversão do
pecador.
In illo témpore: Dixit Iesus turbis parábolam hanc:
Símile factum est regnum cælórum hómini, qui seminávit bonum semen in agro suo.
Cum autem dormírent hómines, venit inimícus eius, et superseminávit zizánia in
médio trítici, et ábiit. Cum autem crevísset herba et fructum fecísset, tunc
apparuérunt et zizánia. Accedéntes autem servi patrisfamílias, dixérunt ei:
Dómine, nonne bonum semen seminásti in agro tuo? Unde ergo habet zizánia? Et
ait illis: Inimícus homo hoc fecit. Servi autem dixérunt ei: Vis, imus, et
collígimus ea? Et ait: Non: ne forte colligéntes zizánia eradicétis simul cum
eis et tríticum. Sínite utráque créscere usque ad messem, et in témpore messis
dicam messóribus: Collígite primum zizáania, et alligáte ea in fascículos ad
comburéndum, tríticum autem congregáta in hórreum meum.
Naquele tempo, 24disse
Jesus às turbas esta parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que
semeou boa semente em seu campo. 25Enquanto,
porém, os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou o joio entre o trigo, e
retirou-se. 26Quando a erva cresceu e deu fruto,
apareceu também o joio. 27Então os criados do pai de família
foram ter com ele e lhe disseram: Senhor, porventura não semeaste boa semente
em teu campo? Donde vem, pois, o joio? 28Respondeu-lhes
ele: Algum homem inimigo fez isto! Perguntaram-lhe os servos: Queres que vamos
arrancá-lo? 29Não, respondeu ele, para que não
suceda que tirando o joio, arranqueis juntamente com ele o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a ceifa; e no tempo
da ceifa, direi aos segadores: Colhei primeiro o joio e atai-o em feixes para o
queimar; o trigo, porém, recolhei-o em meu celeiro.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa
profissão de fé.
Breve
compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja,
afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 129.
1-2
Com o
Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi
oratiónem meam: de profúndis clamávi ad te, Dómine.
Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor!
Senhor, atendei à minha oração. Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós,
Senhor.
Secreta
É a
antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Hóstias tibi, Dómine, placatiónis offérimus: ut et
delícta nostra miserátus absólvas, et nutántia corda tu dírigas. Per Dominum
nostrum Iesum Christum.
Nós Vos oferecemos, Senhor, estas hóstias de
reconciliação, afim de que por vossa piedade nos absolvais de nossas faltas e
sustenteis os nossos corações inconstantes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / S. Marcos 11. 24
Alternando
com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão
dos fiéis.
Amen, dico vobis, quidquid orántes pétitis, crédite,
quia accipiétis, et fiet vobis.
Em verdade, vos digo: tudo o que pedirdes em vossa
oração, crede que o recebereis, e vos será feito.
Postcommunio
Súplica a
Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Quǽsumus, omnípotens Deus: ut illíus salutáris
capiámus efféctum, cuius per hæc mystéria pignus accépimus. Per Dominum nostrum
Iesum Christum.
Dignai-Vos, ó Deus onipotente, fazer que alcancemos
o efeito da salvação eterna, cujo penhor já recebemos nestes sagrados
Mistérios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
O Vínculo da Perfeição
Deus meu, fazei que acima de tudo eu deseje e busque a perfeição do
amor.
1
– A Epístola de hoje
(Col. 3, 12-17) chama a nossa atenção
para o dever fundamental do cristão: a caridade. Pouco valem todos os programas
e propósitos de vida espiritual, se não estão animados pelo amor e não conduzem
à perfeição do amor. Pouco valem o desprendimento, a mortificação, a humildade
e todas as outras virtudes se não dispõem o coração para uma caridade mais
profunda, mais plena, mais expansiva. «Sobretudo –
recomenda S. Paulo –
tende caridade que é o vínculo da perfeição».
Não
somente amor para com Deus, mas também amor para com o próximo; mais ainda, é
propriamente sob este aspecto que o Apóstolo, na Epístola do dia, fala da
caridade, mostrando com grande sutileza como todas as nossas relações com o
próximo devem ser inspiradas pelo amor. «Como escolhidos de Deus, santos e
amados, revesti-vos de misericórdia, de benignidade, de humildade, de modéstia,
de paciência; sofrendo uns aos outros e perdoando-Vos mutuamente se algum tem
razão de queixa contra o outro». A característica dos eleitos de Deus, dos Seus
amados e santos, é exatamente o amor fraterno; sem este distintivo Jesus não
nos reconhece por Seus discípulos, o Pai celeste não nos ama como a Seus
filhos, nem nos introduzirá no Seu reino. A vida espiritual requer o uso de
muitos meios, comporta o exercício de muitas virtudes, mas é preciso estarmos
atentos para não nos perdermos e não pararmos em particularidades, esquecendo o
mais pelo menos, isto é, esquecendo o amor que deve ser o fundamento e o fim de
tudo. Para que serviria a vida espiritual e a própria consagração a Deus, para
que serviriam os votos religiosos se não ajudassem as almas a tender ao amor
perfeito?
Eis
o amor perfeito que o Apóstolo nos pede que tenhamos para com o próximo:
misericórdia, compaixão; perdão recíproco, cordial, que não dá lugar a divisões
ou atritos, que supera os contrastes e esquece as ofensas; caridade longânime
que suporta qualquer sacrifício e vence qualquer dificuldade para estar em paz
com todos, porque todos formamos em Cristo «um só corpo» porque todos somos
filhos do mesmo Pai celeste.
Uma
semelhante caridade fraterna é a garantia mais certa duma vida espiritual a
caminho da santidade.
2
– A Epístola
apresenta-nos o ideal da vida cristã, ideal de amor que deve unir todos os
fiéis num só coração; o Evangelho (Mt. 13, 24-30)
mostra-nos o terreno prático em que se há-de viver este ideal.
«O
Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas
veio o seu inimigo e semeou cizânia no meio do trigo». No mundo, que é o Seu
campo, semeou Deus o bem a mãos cheias, semeou graça e amor, semeou desejos de
doação total, ideais de vida apostólica, de vida religiosa, de vida santa. Mas
no meio de tanto bem veio o inimigo semear o mal. Porque permite Deus isto?
Para joeirar os Seus servos, tal como se joeira o grão, a fim de os por à prova.
Às
vezes escandalizamo-nos ao reparar que o mal se insinua até nos melhores
ambientes, vendo que até entre os amigos de Deus, entre os que deveriam servir
de edificação aos outros, há alguns que se comportam indignamente; então,
cheios de zelo, como os servos da parábola, quereríamos dar remédio e arrancar
a cizânia: «Queres que vamos e a arranquemos?» Porém Deus responde-nos: «Não,
para que talvez não suceda que, arrancando a cizânia, arranqueis juntamente com
ela o trigo».
A
cizânia é poupada não porque seja boa, mas em atenção ao trigo; assim Deus
poupa os maus e não os tira do meio de nós para o bem dos Seus escolhidos. Ao
pedir-nos que suportemos com paciência determinadas situações, tão inevitáveis
quão deploráveis, Deus pede-nos certamente um dos maiores atos de caridade, de
compaixão, de misericórdia. Deus não diz que pactuemos com o mal, com a
cizânia, mas que a suportemos com a paciência com que Ele mesmo a suporta.
Porventura não houve um traidor no colégio apostólico? E contudo, Jesus qui-lo
entre os Seus íntimos e com que amor o tratou! A maior caridade é a exercida em
favor daqueles que, pela sua má conduta nos proporcionam muitas ocasiões de
perdoar, de pagar o mal com o bem e de sofrer injustiças por amor de Deus. Além
disso devemos considerar que, se é impossível a cizânia converter-se em trigo,
é sempre possível, no entanto, que os maus se convertam em bons. Acaso não se
converteram a Madalena, o bom ladrão e o próprio Pedro que havia negado a
Jesus? Este é um dos motivos mais fortes que nos devem impelir à bondade para
com todos. O amor, quando é perfeito, permite-nos viver ao lado dos maus sem
asperezas, sem contendas, sem sofrer a sua influência, mas pelo contrário,
fazendo-lhes bem.
MADALENA, Padre Gabriel de Santa
Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto: Edições Carmelitanas, 1967, p. 272-275.
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