sábado, 5 de agosto de 2023

Edição nº 670

«Liturgia da Santa Missa»
Ano 12 – nº 670 – 6 de agosto de 2023

 

 Festa da Transfiguração de Nosso Senhor

branco – 1a. classe.

 

Para fortalecer os seus Apóstolos na fé, mostrou-lhes Jesus, antes de sua Paixão, os esplendores da Transfiguração (Evangelho). S. Pedro, testemunha ocular, nos anima a esperarmos o dia da transfiguração final (Epistola). Os Cânticos põem diante de nós a imagem fulgurante do Cristo, e na Comunhão recebemos o penhor de nossa própria transfiguração. Também em nossos altares vemos a sua gloria, e, compreendendo o valor do Santo Sacrifício da Missa, podemos exclamar: Como são amáveis os vossos tabernáculos, Senhor! (Intróito).


E transfigurou-se diante deles. Ev.

 

Avisos Paroquiais

 

Atenção para os horários das Santas Missas neste Domingo:

 

    – às 7h e 17h*, em nossa igreja matriz;

    * Às 17h, Santa Missa Solene Pontifical celebrada por nosso bispo Dom Fernando Arêas Rifan e, em seguida, Procissão;

Serão transmitidas, direto da nossa igreja matriz, a Santa Missa das 7h, pela Rádio Bom Jesus FM 89.3, pelo Facebook e YouTube, e a Santa Missa das 17h, pelo Facebook e YouTube.

 

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(Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)

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Intróito / ILLUXÉRUNT – Salmo 76. 19; 83. 2-3

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

Illuxérunt coruscatiónes tuæ orbi terræ: commóta est et contrémuit terra. Ps. Quam dilécta tabernácula tua, Dómine virtútum! concupíscit, et déficit ánima mea in átria Dómini. . Glória.

Vossos raios iluminaram o orbe; abalou-se e estremeceu a terra. Sl. Como são amáveis os vossos tabernáculos, Senhor dos exércitos! Desfalece a minha alma, suspirando pelos átrios do Senhor. . Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Deus, qui fídei sacraménta in Unigéniti tui gloriósa Transfiguratióne patrum testimónio roborásti, et adoptiónem filiórum perféctam, voce delápsa in nube lúcida, mirabíliter præsignásti: concéde propítius; ut ipsíus Regis glóriæ nos coherédes effícias, et eiúsdem glóriæ tríbuas esse consórtes. Per eúndem Dóminum nostrum Iesum Christum.

Ó Deus, que na gloriosa Transfiguração do vosso Filho Unigênito confirmastes os mistérios da fé pelo testemunho dos patriarcas e, pela voz saída da nuvem resplendente, maravilhosamente proclamastes a adoção perfeita de vossos filhos, concedei, benigno, a graça de nos tornarmos co-herdeiros deste Rei da glória, fazendo-nos participar da mesma glória. Pelo mesmo Jesus Cristo.

Epístola de São Pedro Apóstolo II 1. 16-19

Leitura ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.

Contra os falsos doutores, Pedro invoca o seu próprio testemunho: com Tiago e João, ele viu, com seus próprios olhos, o Senhor transfigurado, e ouviu a voz do Pai, a afirmar que Ele é o seu Filho muito amado.

Caríssimi: Non doctas fábulas secúti notam fecimus vobis Dómini nostri Iesu Christi virtútem et præséntiam: sed speculatores facti illíus magnitudinis. Accipiens enim a Deo Patre honórem et glóriam, voce delapsa ad eum huiuscemodi a magnifica glória: Hic est Fílius meus diléctus, in quo mihi complacui, ipsum audíte. Et hanc vocem nos audivimus de cælo allatam, cum essemus cum ipso in monte sancto. Et habémus firmiórem propheticum sermónem: cui bene facitis attendentes, quasi lucérnæ lucénti in caliginóso loco, donec dies elucescat et lucifer oriátur in córdibus vestris.

Caríssimos: 16Não foi seguindo fábulas engenhosas, que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas depois de havermos sido espectadores de sua grandeza. 17Com efeito, Ele recebeu de Deus Pai, honra e glória, quando da excelsa glória desceu sobre Ele esta voz: Este é meu Filho amado, em quem pus as minhas complacências: escutai-O. 18Também nós ouvimos esta voz, vinda do céu, quando estávamos com Ele na montanha sagrada. 19Por isso ainda mais segura se tornou a palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em atender, como se fora uma lâmpada acesa em um lugar escuro até que venha o dia, e a estrela da manhã se levante em vossos corações.

Gradual / Salmo 44. 3, 2

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Speciosus forma præ fíliis hóminum: diffúsa est grátia in lábiis tuis. . Eructávit cor meum verbum bonum: dico ego ópera mea Regi.

Ultrapassais em formosura os filhos dos homens; a graça expande-se em vossos lábios. . Exulta meu coração em alegre canto; ao Rei dedico as minhas obras.

Aleluia / Sabedoria 7. 26

Allelúia, allelúia. . Candor est lucis ætérnæ, spéculum sine mácula, et imágo bonitátis illíus. Allelúia.

Aleluia, aleluia. . Este é o Esplendor da Luz eterna, o espelho sem mancha [da majestade de Deus] e a imagem de sua bondade. Aleluia.

Evangelho segundo São Mateus 17. 1-9

Proclamação solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para com ele, exige seja escutado de pé.

Gravem-se em nossas almas de crentes as grandezas de Jesus transfigurado, e tenhamo-las presentes nas humilhações da Paixão. Moisés e Elias, isto é, a Lei e os Profetas (todo o Antigo Testamento) e a própria voz do Pai dão testemunho da sua missão.

In illo témpore: Assúmpsit Iesus Petrum, et Iacóbum, et Ioánnem fratrem eius, et duxit illos in montem excélsum seórsum: et transfigurátus est ante eos. Et resplénduit fácies eius sicut sol: vestiménta autem eius facta sunt alba sicut nix. Et ecce, apparuérunt illis Moyses et Elías cum eo loquéntes. Respóndens autem Petrus, dixit ad Iesum: Dómine, bonum est nos hic esse: si vis, faciámus hic tria tabernácula, tibi unum, Móysi unum et Elíæ unum. Adhuc eo loquénte, ecce, nubes lúcida obumbrávit eos. Et ecce vox de nube, dicens: Hic est Fílius meus diléctus, in quo mihi bene complácui: ipsum audíte. Et audiéntes discípuli, cecidérunt in fáciem suam, et timuérunt valde. Et accéssit Iesus, et tétigit eos, dixítque eis: Surgite, et nolíte timére. Levántes autem óculos suos, néminem vidérunt nisi solum Iesum. Et descendéntibus illis de monte, præcépit eis Iesus, dicens: Némini dixéritis visiónem, donec Fílius hóminis a mórtuis resúrgat.

Naquele tempo, 1tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os de parte a um monte muito alto. 2E transfigurou-se diante deles. Seu rosto resplandeceu como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a neve. 3E eis que apareceram Moisés e Elias1, falando com Ele. 4Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se quiserdes, faremos aqui três tabernáculos, um para Vós, outro para Moisés e o terceiro para Elias. 5Ainda falava ele, quando uma nuvem brilhante2 os envolveu, e da nuvem soou uma voz que dizia: Este é o meu Filho muito amado. N`Ele pus toda a minha complacência; escutai-O. 6Ouvindo isto, os discípulos caíram com a face em terra e ficaram muito atemorizados. 7Aproximou-se, porém, Jesus, e, tocando-os, disse-lhes: Levantai-vos e não temais. 8E erguendo eles os olhos, não viram ninguém, senão a Jesus só. 9E enquanto descia com eles do monte, ordenou-lhes Jesus, dizendo: A ninguém digais o que vistes, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos.

1. Os representantes por excelência do Antigo Testamento.
2. A nuvem, que acompanha e revela a presença de Deus (manifestação frequente no Antigo Testamento).

 

CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.


Ofertório / Salmo 111. 3

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Glória et divítiæ in domo eius: et iustítia eius manet in sǽculum sǽculi, allelúia.

A glória e as riquezas estão em sua casa, e a sua justiça subsistirá nos séculos. Aleluia.

Secreta

É a antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

Obláta, quǽsumus, Dómine, múnera gloriósa Unigéniti tui Transfiguratióne sanctífica: nosque a peccatórum máculis, splendóribus ipsíus illustratiónis emúnda. Per eúndem Dóminum nostrum Iesum Christum.

Santificai, Senhor, pela gloriosa Transfiguração do vosso Filho Unigênito as dádivas que Vos oferecemos, e pelos esplendores de sua luz, purificai-nos das manchas de nossos pecados. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio Mateus 17. 9

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Visiónem, quam vidístis, némini dixéritis, donec a mórtuis resúrgat Fílius hóminis.

A ninguém digais a visão que tivestes até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Præsta, quǽsumus, omnípotens Deus: ut sacrosáncta Fílii tui Transfiguratiónis mystéria, quæ sollemni celebrámus offício, purificáta mentis intellegéntia consequámur. Per eúndem Dóminum nostrum Iesum Christum.

Concedei-nos, ó Deus onipotente, Vos suplicamos, que as nossas almas purificadas compreendam os sacrossantos Mistérios da Transfiguração de vosso Filho, que hoje solenemente celebramos neste oficio. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.


Meditação
 

A Transfiguração 


Ó Jesus, fazei que a Vossa graça triunfe em mim até me tornar digno de participar na Vossa gloriosa Transfiguração.

1 – A alma de Jesus pessoalmente unida ao Verbo gozava da visão beatífica, cujo efeito conatural é a glorificação do corpo. Este efeito não se manifestou em Jesus porque, durante os anos da sua vida terrena, quis assemelhar-Se a nós o mais possível, revestindo-Se de «uma carne semelhante à do pecado» (Rom. 8, 3). Contudo, para confirmar na fé os Apóstolos, abalados pelo anúncio da Sua Paixão, Jesus, sobre o Monte Tabor, permitiu que por instantes alguns raios da Sua alma bem-aventurada transparecessem no Seu Corpo, e então Pedro, Tiago e João viram-nO transfigurado: «o seu rosto ficou refulgente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a neve». Os três ficaram estáticos, porém, Jesus apenas lhes tinha mostrado um raio da Sua glória, porque nenhuma criatura humana teria podido suportar a visão completa.

A glória é o fruto da graça; a graça que Jesus possui em medida infinita redunda numa glória infinita que O transfigura todo. Alguma coisa de semelhante nos acontece também a nós: a graça transforma-nos, transfigura-nos «de claridade em claridade» (II Cor. 3, 18), até que um dia, no céu, nos introduzirá na visão beatífica de Deus. Assim como a graça transfigura, o pecado, com a sua opacidade, desfigura aqueles que são suas vítimas.

O Evangelho de hoje (Mt. 17, 1-9) mostra a íntima relação entre a Transfiguração e a Paixão de Jesus. Moisés e Elias, presentes no Tabor ao lado do Salvador, falavam com Ele e, como especifica S. Lucas, falavam precisamente da Sua próxima Paixão, «da sua saída que Ele estava para cumprir em Jerusalém» (Lc. 9, 31).

O divino Mestre queria assim ensinar aos Seus discípulos que era impossível, tanto para Si como para eles, chegar à glória da Transfiguração sem passar através do sofrimento; é a lição que dará mais tarde aos dois discípulos de Emaús: «Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, e que assim entrasse na sua glória?» (Lc. 24, 26). O que o pecado desfigurou não pode voltar à sua primitiva beleza sobrenatural senão pelo sofrimento purificador.

2 – Extasiado perante a visão do Tabor, Pedro exclama com o seu ardor habitual: «Bom é nós estarmos aqui» e oferece-se para fazer três tendas: uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Mas a sua proposta é interrompida por uma voz do alto: «Este é o meu Filho dileto em quem pus toda a minha complacência: ouvi-O!» e a visão desaparece.

As consolações espirituais nunca são um fim em si mesmas, e não devemos desejá-las nem procurar detê-las para nosso gozo. A alegria, mesmo espiritual, não deve ser nunca procurada por si própria; como no céu a alegria será uma consequência necessária da posse de Deus, assim na terra deve ser unicamente um meio para nos entregarmos com maior generosidade ao serviço de Deus. A Pedro que pede para ficar sobre o Tabor, na doce visão de Jesus transfigurado, responde o próprio Deus, convidando-o antes a ouvir e a seguir os ensinamentos do Seu amado Filho. E bem depressa o apóstolo ardente saberá que seguir a Jesus significa levar a cruz e subir com Ele ao Calvário.

Deus não nos consola para nos regalar, mas sim para nos encorajar, para nos tornar fortes e generosos no sofrimento abraçado por Seu amor.

Desaparecida a visão, os apóstolos ergueram os olhos e não viram mais nada «nisi solum Jesum», exceto Jesus só, e com «Jesus só» desceram do monte. Eis o que nós devemos procurar sempre e o que nos deve bastar: Jesus só, Deus só. Tudo o resto – consolações, ajudas, amizades mesmo espirituais, compreensão, estima, apoio dos superiores – pode ser bom na medida em que Deus no-lo permite gozar, e Ele serve-Se disto frequentemente para amparar a nossa fraqueza; mas quando, através das circunstâncias, a mão divina nos priva de tudo isso, não devemos desanimar nem perturbar-nos. É precisamente nestas ocasiões que nós podemos testemunhar a Deus – com fatos e não com palavras – que Ele é o nosso Tudo e que Ele só, nos basta. É este um dos mais belos testemunhos que pode prestar a Deus uma alma amante: ser-Lhe fiel, confiar nEle, perseverar no propósito de uma entrega total ainda quando Ele, retirando todos os Seus dons, a deixa sozinha, na escuridão, talvez na incompreensão, na amargura, na solidão material e espiritual, unida à desolação interior. É agora o momento de repetir: «Jesus só» e de descer com Ele do Tabor, para O seguir com os Apóstolos até ao Calvário, onde Ele agonizará abandonado não só dos homens, mas também de Seu Pai.

MADALENA, Padre Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto: Edições Carmelitanas, 1967, p. 408-410

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