sábado, 6 de agosto de 2016

Edição nº 273

« Liturgia Dominical »
Ano 5 – nº 273  6 de agosto de 2016

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR 
branco – 2a. classe.


No rosto extasiado dos três privilegiados, Pedro, Tiago e João, reflete-se a glória divina de Jesus transfigurado.



Intróito / Salmo 76. 19; 83. 2-3
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Vossos raios iluminaram o orbe; abalou-se e estremeceu a terra. Sl. Como são amáveis os vossos tabernáculos, Senhor dos exércitos! Desfalece a minha  alma, suspirando pelos átrios do Senhor . Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Ó Deus, que na gloriosa Transfiguração do vosso Filho Unigênito confirmastes os mistérios da fé pelo testemunho dos patriarcas e, pela voz saída da nuvem resplendente, maravilhosamente proclamastes a adoção perfeita de vossos filhos, concedei, benigno, a graça de nos tornarmos co-herdeiros deste Rei da glória, fazendo-nos participar da mesma glória. Pelo mesmo Jesus Cristo.
Epístola de São Pedro II. 1. 16-19
Contra os falsos doutores, Pedro invoca o seu próprio testemunho: com Tiago e João, ele viu, com seus próprios olhos, o Senhor transfigurado, e ouviu a voz do Pai, a firmar que Ele é o seu Filho muito amado.
Caríssimos: 16Não foi seguindo fábulas engenhosas, que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, depois de havermos sido espectadores de sua grandeza. 17Com efeito, Ele recebeu, de Deus Pai, honra e glória, quando da excelsa glória, desceu sobre Ele esta voz: Este é meu Filho amado, em quem pus as minhas complacências: escutai-O. 18Também nós ouvimos esta voz, vinda do céu, quando estávamos com Ele na montanha sagrada. 19Por isso ainda mais segura se tornou a palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em atender, como se fora uma lâmpada acesa em um lugar escuro até que venha o dia, e a estrela da manhã se levante em vossos corações.
Gradual / Salmo 44. 3, 2
Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Ultrapassais em formosura os filhos dos homens; a graça expande-se em vossos lábios. . Exulta meu coração em alegre canto; ao Rei dedico as minhas obras.
Aleluia / Sabedoria 7. 26
Aleluia, aleluia. . Ele é o Esplendor da Luz eterna, o espelho sem mancha [ da majestade de Deus ] e a imagem de sua bondade. Aleluia.

Evangelho segundo São Mateus 17. 1-9
Gravem-se em nossas almas de crentes as grandezas de Jesus transfigurado, e tenhamo-las presentes nas humilhações da Paixão. Moisés e Elias, isto é, a Lei e os Profetas (todo o Antigo Testamento) e a própria voz do Pai dão testemunho da sua missão.
Naquele tempo, 1tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, seu irmão e levou-os de parte a um monte muito alto 2e transfigurou-se diante deles. Seu rosto resplandeceu como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a neve. 3E eis que apareceram Moisés e Elias, falando com Ele. 4Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se quiserdes, faremos aqui três tabernáculos, um para Vós, outro para Moisés e o terceiro para Elias. 5Ainda falava ele, quando uma nuvem brilhante os envolveu, e da nuvem soou uma voz que dizia: Este é o meu filho muito amado, nEle pus toda a minha complacência: escutai-O! 6Ouvindo isto, os discípulos caíram com a face em terra e ficaram muito atemorizados. 7Aproximou-se, porém, Jesus, e, tocando-os, disse-lhes: Levantai-vos, e não temais. 8E erguendo eles os olhos, não viram ninguém, senão a Jesus só. 9E enquanto descia com eles do monte, ordenou-lhes Jesus, dizendo: A ninguém digais o que vistes, até que o filho do Homem ressuscite dos mortos.
Pregação
Divulgação:
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 111. 3
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
Há glórias e riquezas em sua casa e a sua justiça permanece eternamente. Aleluia.
Secreta
É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Pela gloriosa Transfiguração do vosso Filho Unigênito, santificai, Senhor, os dons que Vos oferecemos e purificai as máculas dos nossos pecados com os esplendores da sua luz. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / Mateus 17. 9
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Não digais a ninguém o que acabais de ver, até que o Filho do Homem  ressuscite dos mortos.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Fazei-nos compreender, Senhor, de alma purificada, os altos mistérios da Transfiguração do vosso Filho unigênito, que hoje solenemente celebramos neste ofício. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
A Transfiguração
     Ó Jesus, fazei que a Vossa graça triunfe em mim até me tornar digno de participar na Vossa gloriosa Transfiguração.
1 — A alma de Jesus pessoalmente unida ao Verbo gozava da visão beatífica, cujo efeito conatural é a glorificação do corpo. Este efeito não se manifestou em Jesus porque, durante os anos da sua vida terrena, quis assemelhar-Se a nós o mais possível, revestindo-Se de « uma carne semelhante à do pecado » (Rom. 8,3). Contudo, para confirmar na fé os Apóstolos, abalados pelo anúncio da Sua Paixão, Jesus, sobre o Monte Tabor, permitiu que por instantes alguns raios da Sua alma bem-aventurada transparecessem no Seu Corpo, e então Pedro, Tiago e João viram-nO transfigurado: « o seu rosto ficou refulgente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a neve ». Os três ficaram estáticos, porém, Jesus apenas lhes tinha mostrado um raio da Sua glória, porque nenhuma criatura humana teria podido suportar a visão completa.
A glória é o fruto da graça; a graça que Jesus possui em medida infinita redunda numa glória infinita que O transfigura todo. Alguma coisa de semelhante nos acontece também a nós: a graça transforma-nos, transfigura-nos « de claridade em claridade » (II Cor. 3, 18), até que um dia, no céu, nos introduzirá na visão beatífica de Deus. Assim como a graça transfigura, o pecado, com a sua opacidade, desfigura aqueles que são suas vítimas.
O Evangelho de hoje (Mt. 17, 1-9) mostra a íntima relação entre a Transfiguração e a Paixão de Jesus. Moisés e Elias, presentes no Tabor ao lado do Salvador, falavam com Ele e, como especifica S. Lucas, falavam precisamente da Sua próxima Paixão, « da sua saída que Ele estava para cumprir em Jerusalém » (Lc. 9, 31).
O divino Mestre queria assim ensinar aos Seus discípulos que era impossível, tanto para Si como para eles, chegar à glória da Transfiguração sem passar através do sofrimento; é a lição que dará mais tarde aos dois discípulos de Emaús: « Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, e que assim entrasse na sua glória? » (Lc. 24, 26). O que o pecado desfigurou não pode voltar à sua primitiva beleza sobrenatural senão pelo sofrimento purificador.
2 — Extasiado perante a visão do Tabor, Pedro exclama com o seu ardor habitual: « Bom é nós estarmos aqui » e oferece-se para fazer três tendas: uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Mas a sua proposta é interrompida por uma voz do alto: « Este é o meu Filho dileto em quem pus toda a minha complacência: ouvi-O! » e a visão desaparece.
As consolações espirituais nunca são um fim em si mesmas, e não devemos desejá-las nem procurar detê-las para nosso gozo. A alegria, mesmo espiritual, não deve ser nunca procurada por si própria; como no céu a alegria será uma consequência necessária da posse de Deus, assim na terra deve ser unicamente um meio para nos entregarmos com maior generosidade ao serviço de Deus. A Pedro que pede para ficar sobre o Tabor, na doce visão de Jesus transfigurado, responde o próprio Deus, convidando-o antes a ouvir e a seguir os ensinamentos do Seu amado Filho. E bem depressa o apóstolo ardente saberá que seguir a Jesus significa levar a cruz e subir com Ele ao Calvário.
Deus não nos consola para nos regalar, mas sim para nos encorajar, para nos tornar fortes e generosos no sofrimento abraçado por Seu amor.
Desaparecida a visão, os apóstolos ergueram os olhos e não viram mais nada « nisi solum Jesum », exceto Jesus só, e com « Jesus só » desceram do monte. Eis o que nós devemos procurar sempre e o que nos deve bastar: Jesus só, Deus só. Tudo o resto — consolações, ajudas, amizades mesmo espirituais, compreensão, estima, apoio dos superiores — pode ser bom na medida em que Deus no-lo permite gozar, e Ele serve-Se disto frequentemente para amparar a nossa fraqueza; mas quando, através das circunstâncias, a mão divina nos priva de tudo isso, não devemos desanimar nem perturbar-nos. É precisamente nestas ocasiões que nós podemos testemunhar a Deus — com fatos e não com palavras — que Ele é o nosso Tudo e que Ele só, nos basta. É este um dos mais belos testemunhos que pode prestar a Deus uma alma amante: ser-Lhe fiel, confiar nEle, perseverar no propósito de uma entrega total ainda quando Ele, retirando todos os Seus dons, a deixa sozinha, na escuridão, talvez na incompreensão, na amargura, na solidão material e espiritual, unida à desolação interior. É agora o momento de repetir: « Jesus só » e de descer com Ele do Tabor, para O seguir com os Apóstolos até ao Calvário, onde Ele agonizará abandonado não só dos homens, mas também de Seu Pai.
Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967

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