segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Purificação de Nossa Senhora

2 de fevereiro
Purificação de Nossa Senhora
“Agora, Senhor, dei­xai partir o vosso servo em paz, con­forme vossa palavra.
Pois meus olhos viram a vossa salvação, que preparastes diante dos olhos das nações:
Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo!”
A
 FESTA que a Igreja hoje celebra, tem os nomes de Purificação de Nossa Senhora das Candeias e Apresentação de Jesus Cris­to no templo. É hoje o dia da bên­ção das velas (candeias) e em mui­tas Igrejas, antes da celebração da santa Missa, se organiza solene procissão, em que são levadas as velas acesas, símbolo de Jesus Cristo, que, apresentado a Deus no templo de Jerusalém, pelo santo velho Simeão foi saudado, como a luz que veio para iluminar os povos.
A festa tem o nome de Purifica­ção de Nossa Senhora, porque é a Comemoração do dia em que Maria Santíssima, em obediência à lei mosaica, se apresentou no templo do Senhor, quarenta dias depois do nascimento do divino Filho.


          Para melhor compreensão deste ato de Maria SS., sejam lembradas neste lugar duas leis que Deus deu, no antigo testamento. A mulher que tinha dado à luz uma criança do sexo masculino, ficava privada de entrar no templo quarenta dias de­pois do parto; se a criança era me­nina, o tempo, da purificação era oitenta dias. Passado este tempo, devia apresentar-se no templo, e oferecer um cordeirinho, duas ro­las ou dois pombinhos, entregar a oferta ao sacerdote, para que este rezasse sobre ela. Com esta cerimô­nia a mulher era aceita outra vez na comunhão dos fiéis, da qual a lei a excluía por um determinado tempo.
A segunda lei impunha aos pais da tribo de Levi a obrigação de de­dicar o filho primogênito ao serviço de Deus. Crianças que pertenciam a outra tribo que não a de Levi, pa­gavam resgate.
É admirável a retidão e humil­dade de Maria Santíssima em su­jeitar-se a uma lei humilhante, como foi a da purificação. A materni­dade da Virgem, em tudo diferente da das outras mulheres, isentava-a mui legalmente das obrigações de uma lei, como foi a da purificação. Davi enche-se de vergonha, quando se lembra de sua origem: “em pecados minha mãe concebeu-me”. A Maria o Anjo tinha dito: o Espírito virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. São José recebeu do céu a comunicação consoladora: “o que dela (de Maria) nascerá, é do Espirito Santo”. Virgem antes, durante e depois do parto, seu lugar não era entre as outras filhas hebreias que no templo se apresentavam para fazer penitência e procurar perdão do pecado.
Maria, porém, prefere obedecer à lei e parecer com a pécha comum a todas. Além disto, sendo de origem nobre, descendente direta de Davi, oferece o sacrifício dos pobres, isto é, dois pombinhos. Que humildade!
Nesta sua humildade é acompanhada pelo Fi­lho. Ele, que é “Filho do Altíssimo” autor e Senhor das leis, não admi­te para si motivos que das mesma o isentem. Ele que quis ser nos­so semelhante em tudo, exceto o pecado, sujeita-se à lei da circuncisão, triste lembrança da grande queda dos primeiros pais no paraíso, de que resultou o pecado original. Por oca­sião da apresentação de Maria Santíssima no Templo, se deu um fato, que merece toda atenção nossa. Vivia em Jerusalém um santo homem chamado Simeão, provecto em idade, que com muito fervor anelava pela vinda do Messias. De Deus tinha recebido a promessa de não sair desta vida sem ter visto, com os próprios olhos o Salvador do mundo. Guiado por inspiração divina, viera ao templo, no momento em que os pais de Je­sus aí entraram, em cumprimento das prescrições legais. Como os Ma­gos conheceram o Salvador, este se fez conhecido a Simeão, o qual o tomou nos braços e bem disse a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, dei­xai partir o vosso servo em paz, con­forme vossa palavra. Pois meus olhos viram a vossa salvação, que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo!”
José e Maria ficaram admirados do que dizia do Menino. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: “Este Menino veio ao mundo para ruina e ressurreição de mui­tos em Israel e para ser um sinal de contradição. Vós mesma tereis a alma varada por uma aguda espa­da e assim serão patenteados os pensamentos ocultos no coração de muitos”. — Havia também uma profetisa, de nome Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Vivera 7 anos casada, enviuvara e já estava com oitenta e quatro anos. Não deixava o templo, e servia a Deus dia e noite, jejuando e rezando. Tendo vindo ao templo na mesma ocasião, deixou-se derramar em louvores ao Senhor e falava do Menino a todos que esperavam a Redenção de Israel.
Cumpridas todas as prescrições da lei, José e Maria voltaram para casa.
A Igreja Católica reserva uma bênção especial às parturientes, que logo que o seu estado o permita, se apresentam a Deus, com o fruto de suas entranhas. É provável que este uso se tenha introduzido na Igreja em memória e veneração à Mãe de Deus, que, obediente à lei do seu povo, fez sua apresentação no templo.
A Deus deve a mulher louvor e gratidão, depois de um parto bem sucedido. De Deus vem todo bem para a mãe e para o filho. É justo pois, que a mãe se apresente na Igreja para pedir a bênção divina.
A mãe cristã sabe que sem a assistência e auxílio de Deus, não pode educar os filhos na virtude e no temor de Deus. Reconhecendo esta insuficiência, faz a Deus oferecimento do filho, prometendo ao Senhor ver nele uma propriedade divina, penhor de seu amor, e fazer tudo que estiver ao seu alcance para educá-lo para o céu. Oxalá todas as mães se lembrem deste dever e não eduquem os filhos para o serviço do mundo, de Satanás, e da carne!
REFLEXÕES
A festa presente, qual ramalhete de flores, apresenta-nos virtudes em grande quantidade, cada qual mais bela e encantadora.
1.         Maria SS., a Mãe de Deus, embora isenta da lei do templo, faz empenho em cumpri-la perfeitamente. — Sê sempre obediente à lei de Deus e da Igreja; pois nenhum título podes alegar que te dispense da tua obrigação.
2.         A lei da purificação obriga às mães hebreias a apresentar-se no templo, para livrar-se do pecado que lhes ineria; Maria, a Virgem-Mãe puríssima, humilha-se, sujeitando-se a uma deter­minação Levítica, que não a afetava.
— Imita o exemplo de Maria Santíssi­ma, velando sempre pela pureza de tua consciência. Sabes que nada de impuro no céu poderá entrar, e ignoras por completo o último dia que Deus te con­cederá, para purificar tua alma.
3.         Maria Santíssima, a bendita entre as mulheres, não se exalta, embora Deus a tinha exaltado. Como as mulheres, ela aparece no templo, não per­mitindo que seja tratada diferentemen­te. Não te exaltes sobre o teu próximo. Não desprezes a ninguém, e não te fa­ças melhor do que na realidade és.
4.         Maria faz a Deus a oferta do que lhe é mais caro — seu divino Filho. — Dá a Deus tudo o que tens: teu corpo e tua alma, tua vida toda. Na santa Missa, imitando a Virgem santa, ofere­ce-lhe o mesmo que ela ofereceu no templo: Jesus Cristo, o Filho de Deus.
5.         Maria Santíssima deposita o Filho nos braços do velho Simeão, o qual o recebe com grande júbilo d’alma, di­zendo-se pronto para morrer em paz, depois de ter visto o cumprimento das promessas do Antigo Testamento — Na santa Comunhão recebes o mesmo Jesus, que Maria Santíssima pôs nos braços de Simeão. Dá-lo-ia ela à tua alma com o mesmo prazer, com que o entregou ao venerável ancião? Para comungar bem, para que a Comunhão seja um prazer para Deus e de utilida­de para tua alma, é preciso que estejas livre do pecado mortal, e te desapegues de todo o mal.
Coisa terrível é a comunhão sacrílega. Comungar sacrílegamente é uma injú­ria maior feita a Nosso Senhor do que atirar a sagrada Hóstia ao monturo ou aos cães. De S. Boaventura são as se­guintes palavras sobre semelhante cri­me: “Tu, pecador, impuro, invejoso e avarento, és mais imundo, mais repug­nante e desprezível que um cão”.
Sendo teu pecado rubro como escarlate, numeroso como os grão de areia do mar, procura as águas purificadoras da penitência, e não te atrevas nunca a receber indignamente a santa Comunhão. “Quem come este pão e bebe o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor, come e bebe sua condenação”. (I Cor. 11, 27).
6.         Renova hoje o teu amor e devoção a Maria Santíssima. Repara, porém uma coisa: A devoção à Santíssima Virgem requer antes de tudo a imitação das virtudes da Mãe de Deus. Pouco ou nada adianta recitar orações em honra de Maria Santíssima, pertencer a associações marianas, trazer-lhe medalha e celebrar-lhe festas, quando no coração reina o espírito do mundo, da vaidade, do orgulho, da impureza. O verdadeiro devoto de Maria Santíssima ama o que ela ama: Deus e a virtude; odeia o que ela odeia: o pecado e a tudo o que a ele conduz.
Santos, cuja memória é celebrada hoje.
    Em Roma, na via Salaria, o martírio de Santo Aproniano. Aproniano era carcereiro e pagão, quando mandou retirar do cárcere, S. Sisínio, que devia comparecer diante do juiz. No mesmo momento ouviu uma voz do céu que dizia: “Vinde, benditos de meu Pai e possui o reino, que vos foi preparado desde o princípio do mundo”. Aproniano converteu-se, e deu sua vida pela fé.
    Em Cesaréia na Palestina o santo capitão Cornélio, que, batizado por S. Pedro Apóstolo foi por este mesmo nomeado bispo daquela cidade.
     Em Prato, na Toscana a virgem Santa Catarina de Ricci da Ordem de S. Domingos. Era contemporânea de S. Felipe Neri com quem se correspondia. Possuía o dom da profecia e do conhecimento dos espíritos. Em seu corpo trazia os estigmas da Paixão de Nosso Senhor.

     Em Tokin foi decapitado João Teófano Venard, do Seminário de Paris.


Extraído do Livro Na Luz Perpétua ­ — Pe. João Batista Lehmann

I. Volume – V Edição - 1959


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