11
de fevereiro
A Aparição da Virgem Imaculada em Lourdes
Gruta de Nossa Senhora em Lourdes, França |
LOURDES, com seus 14.000 habitantes é uma
cidade situada no Sudeste da França, pertencente à diocese de Tarbes — dos
santuários marianos um dos mais frequentados. Segundo as declarações de
Bernadete Soubirous, menina de 14 anos, filha de pobre moleiro do lugar, teve
ela na gruta de Massabielle 18 aparições de Nossa Senhora, das quais a
primeira foi em 11 de fevereiro de 1858 e a última em 16 de julho do mesmo ano.
Na terceira aparição, em 16 de fevereiro, Maria Santíssima ordenou-lhe, que
durante uma quinzena viesse à gruta diariamente; em 25 do mesmo mês recebeu
mais a ordem de beber da água e de se lavar na fonte, que não existia, mas que
imediatamente brotou, a princípio muito fraca, avolumando-se continuamente,
até fornecer, como hoje fornece: 122.000 litros por dia. Em repetidas
aparições a Santíssima Virgem insistiu na necessidade da penitência e da oração
pelos pecadores. Manifestou seu desejo de no lugar ver erguida uma igreja, a
qual fosse visitada por procissões dos fiéis católicos. Em 25 de março,
perguntada por Bernadete, quem era, a dama de aparência sobrenatural respondeu:
“Eu sou a Imaculada Conceição”. A fama das aparições, das curas, de todo
extraordinárias, verificadas na gruta, os favores obtidos por meio de orações
dirigidas a Maria Santíssima encheu toda a França e se estendeu aos países
vizinhos.
O Bispo de Tarbes, em 28 de julho de
1858, nomeou uma comissão, que durante 3 anos examinou minuciosamente todos os
fenômenos observados na gruta de Massabielle. Esta mesma comissão sujeitou Bernadete
a rigorosas interrogações; estudou escrupulosamente todos os casos que havia de
curas maravilhosas, de que se dizia, terem se dado em Lourdes. Os próprios
médicos dos doentes favorecidos eram convidados para fazer as suas observações
profissionais, e se externar a respeito do restabelecimento, dito maravilhoso
dos clientes.
No seu
relatório, publicado em 18 de janeiro de 1862 Monsenhor Laurence, Bispo de
Tarbes, reconheceu o caráter sobrenatural das aparições, e autorizou o culto
público da SS. Virgem na gruta de Massabielle. Aos 4 de abril de 1864 foi
colocada na gruta uma estátua da Imaculada Conceição, e em 2 de julho de 1876
sagrou-se a igreja construída no lugar indicado por Nossa Senhora. À mesma
igreja o Papa Pio IX concedeu o título de Basílica, a qual enriqueceu de muitos
privilégios.
Mais tarde, em
1886 começaram as obras da grandiosa Igreja do Rosário, que apresenta uma
vasta rotunda com cúpula e 15 capelas. Cinco anos se trabalhou na construção
deste santuário, que em 1910 foi sagrado e inaugurado.
Em 1891 foi estabelecida e autorizada a
festa da Aparição da Imaculada Conceição na província eclesiástica de Auch,
de que a diocese de Tarbes é sufragânea.
Em 13 de novembro de 1907 foi ela
estendida a toda a Igreja. Desde então começaram a afluir a Lourdes as
procissões não só de todas as regiões da França, mas também da Bélgica, da
Holanda, da Alemanha, enfim de todos os países da Europa e de todo o mundo. Já
em 1903 chegaram a Lourdes 4.271 comboios, dos quais 292 do estrangeiro,
trazendo 3.817.000 romeiros. A afluência dos devotos, longe de no correr dos
anos diminuir, aumentou continuamente. Contam a centenas de milhares, quiçá a
milhões as pessoas que em Lourdes encontraram a paz da sua alma, alívio em seus
sofrimentos corporais espirituais, cura dos seus males.
Embora a Igreja Católica não obrigue a
ninguém a dar crédito à realidade das aparições e ao caráter sobrenatural das
mesmas, razoavelmente elas não podem ser postas em dúvida. Bernadete era uma
menina simples do povo. Vestígios de histeria, de mania ou suscetibilidade
religiosa nela não existiam. As suas declarações sempre ela as fez sem
titubeação alguma e nunca se emaranhou em contradições. No leito da morte
(12-12-1878) confirmou tudo com a mesma simplicidade e firmeza. Em seus relatos
fala de coisas que ela mesma não compreendia, por exemplo: “Eu sou a Imaculada
Conceição” (ou como ouviu Nossa Senhora textualmente falar: “Que soy era Imaculada
Concepciou). Predisse uma série de aparições; insistia na existência de uma
fonte oculta, que depois de fato apareceu. As autoridades eclesiásticas
acompanharam tudo com muita atenção e máxima reserva. As curas milagrosas
estão sob o controle de uma comissão de médicos, acessível a todos os facultativos
sem distinção de credos ou mentalidades.
Esta comissão se
ocupa detidamente de cada caso de cura milagrosa, e devem os doentes se sujeitar
a um exame médico anterior, logo depois de sua chegada em Lourdes, e depois da
cura que julgarem ter experimentado. Desde 1858 até 1904 a comissão oficial de
médicos constatara a autenticidade de 3.353 curas, que se subtraiam à explicação
natural e científica. Daquela data até hoje as curas milagrosas observadas em Lourdes
se tornaram inumeráveis. A água da fonte que os doentes bebem e em que tomam banho
de imersão, quimicamente analisada, que foi, não causou existência de nenhuma
substância mineral curativa. Sabe-se quanta influência a sugestão pode influir
sobre certas doenças nervosas; mas quando se trata de cancro, de tuberculose,
de cegueira ou fratura de ossos, a sugestão não pode ser levada em
consideração como fator restaurador da saúde.
Bernadete, em 1865
se fez Religiosa da Congregação das Irmãs de Caridade e do ensino cristão. Entrou
no convento de Nevers, onde professou em 22 de setembro de 1878. Muito sofreu,
mas no meio dos sofrimentos físicos e morais, conservou sempre a simplicidade,
a mansidão e a humildade, virtudes que sempre a caracterizavam. Faleceu no
convento de Nevers aos 16 de abril de 1879.
O Papa Pio XI em 14 de julho de 1925, inseriu o nome da Irmã Maria Bernarda no catálogo dos Bem-aventurados e canonizou-a em 2 de julho de 1933.
Extraído do Livro Na Luz Perpétua — Pe. João Batista Lehmann
I. Volume – V Edição - 1959.
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