«Liturgia Dominical»
Ano 9 – nº 504 – 14 de setembro
de 2020
vermelho – 2a.
classe.
Em 628, o imperador Heráclio reconduziu em triunfo o Santo Lenho para o Calvário, após tê-lo reconquistado das mãos dos Persas. A festa e a Missa de hoje lembram este acontecimento. Adoramos a Santa Cruz que nos trouxe a salvação.
«Vitória! Tu reinarás! Ó Cruz, tu nos salvarás! »
Divulgação:
Site - http://bomjesuscrucificado.org.br/
(Transmissão ao Vivo - Santa Missa 19h)
(Transmissão ao Vivo - Santa Missa 19h)
Intróito / Gálatas 6. 14; Salmo 66. 2
O
Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de
entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do
dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por
inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Nos autem
gloriári opórtet in Cruce Dómini nostri Iesu Christi: in quo est salus, vita et
resurréctio nostra: per quem salváti et liberáti sumus. Deus misereátur nostri,
et benedícat nobis: illúminet vultum suum super nos, et misereátur nostri. ℣. Glória
Patri.
Quanto a nós,
devemos gloriar-nos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo; n’Ele está a nossa
salvação, a vida e a ressurreição. Por Ele fomos salvos e livres. Sl. Deus
tenha piedade de nós e nos abençoe; faça resplandecer sobre nós a sua Face e se
compadeça de nós. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração,
o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos
estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Deus, qui nos hodiérna die
Exaltatiónis sanctæ Crucis ánnua sollemnitáte lætíficas: præsta, quǽsumus; ut,
cuius mystérium in terra cognóvimus, eius redemptiónis præmia in cælo mereámur.
Per eúndem Dóminum nostrum.
Ó Deus, que neste dia nos alegrais
com a solenidade anual da Exaltação da Santa Cruz, concedei, Vos imploramos,
que, tendo conhecido na terra o Mistério de Jesus Cristo, mereçamos no céu os
frutos de sua Redenção. Pelo mesmo Jesus Cristo.
Epístola de São
Paulo Apóstolo aos Filipenses 2. 5-11
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
Algumas há tiradas dos escritos do Antigo Testamento. As epístolas do ano
litúrgico formam um conjunto doutrinal de alto valor para a vida cristã.
Fratres:
Hoc enim sentíte in vobis, quod et in Christo Iesu: qui, cum in forma Dei
esset, non rapinam arbitrátus est esse se æquálem Deo: sed semetípsum
exinanívit, formam servi accipiens, in similitudinem hóminum factus, et hábitu
inventus ut homo. Humiliávit semetípsum, factus obœ́diens usque ad mortem,
mortem autem crucis. Propter quod et Deus exaltávit illum: et donávit illi
nomen, quod est super omne nomen: hic genuflectitur ut in nomine Iesu omne genu
flectátur cæléstium, terréstrium et infernórum: et omnis lingua confiteátur,
quia Dóminus Iesus Christus in glória est Dei Patris.
Irmãos: Tende em vós os mesmos
sentimentos que teve Jesus Cristo, que, sendo Deus por natureza, não reputou
usurpação ser igual a Deus. E aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de
servo, fazendo-se semelhante aos homens e sendo reconhecido como homem pela
aparência. Humilhou-se a Si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de
Cruz. Por isso também Deus O exaltou e Lhe deu um Nome [novo] que está acima de
todo nome (aqui todos se ajoelham), a fim de que ao Nome de Jesus se dobrem os
joelhos de todos aqueles que estão nos céus, na terra e nos infernos, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor na glória de Deus Pai.
Gradual / Filipenses 2. 8-9
Gradual e Aleluia,
são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os
devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo
Mistério do dia.
Christus
factus est pro nobis obœ́diens usque ad mortem, mortem autem crucis. ℣. Propter
quod et Deus exaltávit illum, et dedit illi nomen, quod est super omne nomen.
O Cristo por nós se fez obediente até à morte e morte de Cruz. ℣. Por isso também
Deus O exaltou e Lhe deu um Nome que está acima de todo nome.
Aleluia
Allelúia,
allelúia. ℣. Dulce lignum, dulces clavos,
dúlcia ferens póndera: quæ sola fuísti digna sustinére Regem cælórum et
Dóminum. Allelúia.
Aleluia, aleluia. ℣. Doce Lenho, doces
cravos, que precioso fardo suportais! Somente tu foste digna, ó Cruz, de
sustentar o Senhor e Rei dos céus. Aleluia.
Evangelho segundo São João 12. 31-36
Proclamação solene
da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a leitura
ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para com ele,
exige seja escutado de pé.
In illo
témpore: Dixit Iesus turbis Iudæórum: Nunc iudícium est mundi: nunc princeps
huius mundi eiiciétur foras. Et ego si exaltátum fuero a terra, ómnia traham ad
meipsum. (Hoc autem dicébat, signíficans qua morte esset moritúrus.) Respóndit
ei turba. Nos audívimus ex lege, quia Christus manet in ætérnum: et quómodo tu
dicis: Opórtet exaltári Fílium hóminis? Quis est iste Fílius hóminis? Dixit
ergo eis Iesus: Adhuc módicum lumen in vobis est. Ambuláte, dum lucem habétis,
ut non vos ténebræ comprehéndant: et qui ámbulat in ténebris, nescit, quo
vadat. Dum lucem habétis, crédite in lucem, ut fílii lucis sitis.
Naquele tempo, disse
Jesus às turbas dos judeus: Agora é o julgamento do mundo. Agora é que o
príncipe deste mundo vai ser lançado fora dele! E eu, quando for elevado da terra,
tudo atrairei a mim. (Isto Ele dizia para indicar de que morte devia morrer.)
Respondeu-Lhe a turba: Nós sabemos pela lei que o Cristo permanecerá
eternamente. Como, então, dizeis: É preciso que o Filho do homem seja elevado?
Quem é esse Filho do homem? Disse-lhes Jesus: Ainda por um pouco de tempo
estará a Luz [Cristo] entre vós. Caminhai, enquanto tendes luz, para que as
trevas não vos surpreendam: quem anda em trevas, não sabe para onde vai.
Enquanto tendes luz, crede na luz, a fim de que sejais filhos da luz.
CREDO... Concluímos
a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a
Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no
Batismo.
Ofertório
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício
propriamente dito.
Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas,
canto de procissão, oração sobre as oblatas.
Prótege,
Dómine, plebem tuam per signum sanctæ Crucis ab ómnibus insídiis inimicórum
ómnium: ut tibi gratam exhibeámus servitútem, et acceptábile fiat sacrifícium
nostrum, allelúia.
Protegei, Senhor, o vosso povo
pelo sinal da santa Cruz, das ciladas de todos os inimigos, para que Vos
prestemos um serviço santo e Vos agrade
o nosso Sacrifício, aleluia.
Secreta
É a antiga “oração sobre as oblatas”, ponto de ligação entre o Ofertório
e o Cânon.
Iesu
Christi, Dómini nostri, Córpore et Sánguine saginándi, per quem Crucis est
sanctificátum vexíllum: quǽsumus, Dómine, Deus noster; ut, sicut illud adoráre
merúimus, ita perénniter eius glóriæ salutáris potiámur efféctu.
Querendo nos alimentar com o Corpo
e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo por quem foi santificado o estandarte
da Cruz, Vos imploramos, ó Senhor, nosso Deus, que, assim como nos foi dado
adorá-Lo na terra, assim também obtenhamos os efeitos de sua salvação e de sua
glória. Pelo mesmo Jesus Cristo.
Communio
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode
acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e
recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Per signum
Crucis de inimícis nostris líbera nos, Deus noster.
Pelo sinal da Cruz, livrai-nos, Deus
nosso, de nossos inimigos.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Adésto nobis,
Dómine, Deus noster: et, quos sanctæ Crucis lætári facis honóre, eius quoque
perpétuis defénde subsídiis. Per Dóminum nostrum Iesum Christum.
Assisti-nos, Senhor e Deus nosso, e aos que alegrais com a glória de vossa santa Cruz, defendei também com um perpétuo auxílio. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
Mihi absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Cbristi; per quem
mihi mundus crucifixus est, et ego mundo – «De mim esteja longe o gloriar-me,
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; por quem o mundo está crucificado
para mim, e eu para o mundo» (Gal. 6, 14).
1 – Esta terra é
um lugar de merecimentos, e por isso também de sofrimentos. A pátria na qual
Deus nos preparou o descanso em gozo eterno, é o paraíso. É pouco o tempo de
passar aqui, mas nesse pouco tempo são muitos os sofrimentos a suportar. De
ordinário, quando a Providência divina destina alguém a coisas grandes, prova-o
também por meio de maiores adversidades. – Um dia Jesus Cristo apareceu à
Bem-aventurada Baptista Varani e disse-lhe que ha três benefícios escolhidos
que concede às almas suas prediletas: o primeiro é o de não pecar; o segundo o
de praticar boas obras; o terceiro e maior de todos, o de faze-la sofrer por
amor dele.
Mais belas ainda
são as palavras que o mesmo Jesus Cristo dirigiu a Santa Thereza: «Minha
filha», disse-lhe, «pensas porventura que o merecimento está em gozar? Não,
está em padecer e amar. Crê, pois, minha filha, que aquele que é mais amado de
meu Pai, recebe dele maiores sofrimentos; e o pensar que sem sofrimentos ele
admite alguém à sua amizade é uma pura ilusão.» – Sendo, porém, que a natureza
humana por si mesma aborrece tanto os sofrimentos, o Verbo Eterno, diz São
Pedro, baixou do céu à terra para nos ensinar a carregar as nossas cruzes com
paciência: Christus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum, ut
sequamini vestigia eius1.
Jesus Cristo quis,
portanto, sofrer para nos animar ao sofrimento, e não só no tempo da sua
Paixão, mas durante toda a sua vida. Qual foi a vida do Redentor sobre esta
terra? Volve-a, diz São Boaventura, e revolve-a quanto quiseres, desde o
princípio até ao fim e sempre acharás Jesus pregado na cruz: Volve et revolve,
et non invenies eum nisi in cruce. Com efeito, todo o tempo, desde o momento em
que tomou a natureza humana até ao seu último suspiro, foi um sofrimento
continuo. – Que vergonha para nós, que nos gloriamos de seguirmos Jesus Cristo
e lhe somos tão dessemelhantes! Adoramos a cruz do Senhor, celebramos as suas
festas, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, e somos tão
ávidos de prazeres! Há de ser sempre assim?
2 – Animados pelo
exemplo de Jesus Cristo, os santos sempre consideraram as adversidades como um
tesouro escondido, estimaram-nas mais do que uma partícula do santo Lenho,
sobre o qual o Senhor morreu pela nossa Salvação. Quantos jovens nobres,
quantas donzelas, mesmo de sangue real, distribuíram entre os pobres todas as
suas riquezas, renunciaram às comodidades, às honras e dignidades do mundo, e
entraram num mosteiro, para abraçarem a cruz de Jesus Cristo e subirem com ele
ao Calvário, por um caminho semeado de espinhos!
O Senhor, porém,
que nunca se deixa vencer em generosidade e quis recompensar já nesta terra
aquelas almas generosas, tornou-lhes muito suaves os frutos da arvore da cruz,
que se regozijavam no meio das tribulações; e talvez nunca um mundano se
mostrasse tão ávido de prazeres, como os santos o foram de sofrimentos.
Santa Thereza, não
querendo viver sem cruzes, exclamava: Ou sofrer, ou morrer. Santa Maria
Magdalena de Pazzi, ao pensar que no céu não há mais sofrimento, dizia: Sofrer
e não morrer. Quando certo dia Jesus Cristo perguntou a São João da Cruz, qual
a recompensa que desejava por tudo o que por amor dele tinha sofrido,
respondeu: Senhor, não desejo senão mais sofrimentos, mas sofrimentos
acompanhados de humilhações e desprezos: Domine, pati et contemni pro te2.
Meu irmão, não
sejas do número daqueles loucos que se assustam à vista da cruz e fogem dela,
porque lhe conhecem somente o exterior. Tu, ao contrário, «prova e vê quão
suave é o Senhor» – Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus3.
Abraça de boa vontade as tribulações que o Senhor te queira enviar, considera
atentamente as vantagens que delas te provêm, e também tu dirás: vale mais uma
hora de sofrimentos suportados com resignação na vontade de Deus, do que todos
os tesouros da terra. – Quando a natureza se revolta contra os sofrimentos,
lancemos, para nossa animação, um olhar sobre o Crucifixo e digamos com o
Apostolo: Compatimur, ut et Conglorificemur4 – «Padecemos com Jesus,
para também com ele sermos glorificados».
Sim, meu Jesus, é
o que com o vosso auxilio proponho fazer. Se Vós, posto que inocente, quisestes
sofrer tanto por mim, e não entrastes na gloria senão pelo caminho dos
sofrimentos, como poderia eu, pecador como sou e digno de mil infernos, recusar
o sofrimento? Ah Senhor, enviai-me as cruzes que quiserdes, mas dai-me também
força para as carregar com paciência por vosso amor. – «E Vós, ó Deus, que no
presente dia nos alegrais com a anual solenidade da exaltação da santa Cruz:
concedei-me que, conhecendo na terra este mistério, mereça no céu os prêmios
da sua Redenção.»5 – Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria. (*I 768.)
1. I Petr. 2, 21.
2. Lect. Brev. Rom.
3. Sl. 33, 9.
4. Rom. 8, 17.
5. Or. Festi.
LIGÓRIO, Afonso Maria
de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Terceiro:
desde a duodécima semana depois de
Pentecostes até ao fim do Ano eclesiástico. Friburgo:
Herder & Cia, 1922, p.360-363.
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