sábado, 15 de abril de 2017

Edição nº 313

« Liturgia Dominical »
Ano 6 – nº 313   16 de abril de 2017
† Domingo de Páscoa
da Ressureição de Nosso Senhor
branco – 1ª classe.
« Não tenhais medo; buscais a Jesus de Nazaré que foi crucificado; ressuscitou, não está aqui » Ev.

Intróito / RESURREXI— Salmo 138. 18, 5-6, 1-2
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Ressuscitei e ainda estou contigo, aleluia; puseste sobre mim a tua mão, aleluia; admirável é a tua Sabedoria, aleluia, aleluia. Sl. Senhor, Vós me provastes e me conheceis; sabeis a minha morte e a minha ressurreição. .Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Ó Deus, que no dia de hoje pelo vosso Unigênito, vencestes a morte e nos abristes a porta da vida eterna, secundai com o vosso auxílio os votos que a vossa graça em nós suscitou. Pelo mesmo Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos Corintios I. 5. 7-8
Se ressuscitamos com Cristo, a nossa vida tem necessariamente de ser outra. Os Judeus só podiam comer o cordeiro pascal com pão ázimo; comamos nós também Cristo « nossa Páscoa », com o pão sem fermento duma vida sem mancha, isenta de todo fermento de pecado.
Irmãos: 7Purificai-vos do velho fermento, para que sejais uma nova massa agora que já sois ázimos; pois, o Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. 8Celebremos, portanto, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade1.

1.  A quando da festa da Páscoa, em que se imolava o cordeiro pascal, os Judeus, depois de terem feito desparecer todo « o velho fermento », que em suas casas se encontrasse, comiam apenas pão ázimo, isto é, pão sem fermento. Ora, Cristo, « nossa Páscoa », (nosso Cordeiro pascal), foi imolado uma vez para sempre, no dia da sua Paixão: é a páscoa do cristão, uma páscoa perene. Devemos, por conseguinte, banir da nossa vida « o velho fermento », isto é, o mal e as nossas ruins inclinações, e substituí-las pelos « ázimos de pureza e de verdade ». Seremos assim verdadeiramente « ázimos  », no sentido em que S. Paulo o entende.
Gradual / Salmo 117. 24, 1
Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Este é o dia que o Senhor fez; exultemos e alegremo-nos nele. . Glorificai o Senhor, porque Ele é bom; porque a sua misericórdia perdura nos séculos.
Aleluia / I Coríntios 5. 7
Cantos, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Aleluia, aleluia. .O Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.

Sequencia / Wipon 1050

À vitima pascal, louvor
Imolem os Cristãos.

O Cordeiro redimiu as ovelhas:
O Cristo inocente, com o Pai,
Reconciliou os pecadores.

A morte e a vida se bateram
Num duelo estranho.

O Rei da vida2, morto,
Reina vivo.

— Dize-nos, Maria,
No caminho, o que havia?

O sepulcro do Cristo, que vive,
E a sua glória que ante os olhos tive.

Testemunhas celestes,
O sudário e as vestes.

O Cristo, ressurgiu; minha esperança.
Para a Galileia, antes de vós avança.

— Sabemos que o Cristo ressurgiu,
Dos mortos, na verdade.

Ó Rei vitorioso,
De nós, tende piedade.

Amém. Aleluia

2. Expressão inspirada nos Atos (3. 15) que evoca um paralelismo entre Cristo, que nos dá acesso à vida eterna, e Moisés conduzindo o seu povo para a terra prometida.

Evangelho segundo São Marcos 16. 1-7
Ao lado do tumulo vazio, um anjo anuncia às santas mulheres a Ressureição de Jesus. É a nós que ele se dirige por intermédio da Igreja. A narrativa evangélica das aparições, que vamos ler durante esta semana, deve firmar a nossa fé, do mesmo modo que a visão de Cristo ressuscitado foi uma âncora para a fé de seus discípulos.
Naquele tempo, 1Maria Madalena, Maria, Mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para virem embalsamar a Jesus. 2E no primeiro dia da semana3, depois do sábado, logo ao amanhecer, chegaram ao sepulcro, nascido já o sol. 3E diziam entre si: « Quem nos há de tirar a pedra da entrada do sepulcro? » 4E olhando, viram afastada a pedra, que era muito grande. 5Entrando no sepulcro, viram, então, um jovem assentado do lado direito, vestido com uma túnica branca; e ficaram assustadas. 6Ele lhes disse: « Não tenhais medo; buscais a Jesus de Nazaré que foi crucificado; ressuscitou, não está aqui; eis o lugar onde O depositaram. 7Ide, porém, e dizei a seus discípulos e a Pedro4, que Ele vos precede na Galileia; e ali O vereis como vos disse ».

3.  O domingo atual.
4.  Notar a menção especial de Pedro.
Pregação
Divulgação:
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 75. 9-10
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
A terra tremeu e silenciou quando Deus se levantou para a julgar, aleluia.
Secreta
É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.
Recebei, Senhor, as preces de vosso povo com a oblação destas dádivas, para que, renovadas pelos Mistérios pascais, por vossa graça nos sirvam de remédio para a eternidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / I Coríntios 5. 7-8
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
O Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado, aleluia; celebremos, portanto, a festa, com os ázimos da sinceridade e da verdade, aleluia, aleluia, aleluia.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Infundi, Senhor, em nós, o Espírito de vosso Amor, a fim de que, todos os que saciastes com os Sacramentos pascais, por vossa bondade, permaneçam em perfeita união. Por Nosso Senhor Jesus Cristo... em união com o mesmo Espírito Santo.
Meditação
A Páscoa do Senhor
     Ó Jesus, fazei-me digno de participar no gozo da Vossa Ressureição.
1 — « Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e alegremo-nos nele » (BR). É o dia por excelência, o dia mais alegre de todo o ano, porque nele « Cristo, a nossa Páscoa, foi imolado ». Também o Natal é festa de alegria, mas ao passo que a alegria natalícia tem uma nota inconfundível de doçura, a alegria pascal é dominada pela nota do triunfo: é o gozo pelo triunfo de Cristo, pela Sua vitória. A liturgia da Missa indica-nos as duas características da alegria pascal: alegria na verdade (Ep. I Cor. 5, 7 e 8), alegria na caridade (Postcom.).
Alegria na verdade, segundo a vibrante exortação de S. Paulo: « celebremos a festa não com fermento velho..., mas com os ázimos da pureza e da verdade ». Há neste mundo muitas alegrias efêmeras, baseadas em fundamentos frágeis e inconsistentes, mas a alegria pascal é a alegria de possuir a verdade que Cristo trouxe ao mundo e confirmou com a Sua Ressurreição. A Sua Ressurreição diz-nos que a nossa fé não é vã, que a nossa esperança não se funda num morto, mas num vivo, no vivo por excelência, cuja vida é tão poderosa que pode vivificar, no tempo e na eternidade, todos aqueles que acreditam  nEle: « Eu sou a Ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá » (Jo. 11, 25). Alegria na verdade, porque só as almas sinceras e retas, que procuram com amor a verdade e agem segundo a verdade, podem gozar plenamente da Ressurreição. Alma sincera é aquela que se reconhece tal qual é, com os seus defeitos com as suas deficiências, com a sua necessidade de conversão, e que, justamente pela consciência da sua miséria, está sinceramente decidida a querer purificar-se do velho fermento das paixões, para se renovar inteiramente em Cristo ressuscitado.
Mas a verdade deve operar-se na caridade: « veritatem facientes in caritate » (Ef. 4,15), e por isso é mais oportuna que nunca a oração que o Postcommunio nos põe nos lábios: « Infundi em nós, Senhor, o espírito da Vossa caridade; e fazei, pela Vossa bondade, que... vivamos sempre unidos em perfeita concórdia ». Não pode existir verdadeira alegria pascal onde não houver concórdia e benevolência mútuas.
2 — O Evangelho (Mc. 16, 1-7) apresenta-nos as piedosas mulheres, as fidelíssimas, que ao alvorecer do Domingo correm ao sepulcro e que no caminho perguntam preocupadas umas às outras: « Quem nos há de revolver a pedra da boca do sepulcro? » Mas esta preocupação, aliás bem justificada pelo tamanho e peso da pedra que fechava o túmulo, não as faz desistir do seu intento porque estão inflamados no desejo de encontrar Jesus. E eis que, ao chegarem, veem a pedra removida e, entrando no sepulcro, encontram um anjo que lhes dá a grande nova: « Ressuscitou; não está aqui ». Por alguns momentos Jesus não Se deixa ver nem encontrar, mas pouco depois, quando as mulheres, conforme a ordem recebida do Anjo, vão dar a novidade aos discípulos, Ele aparecer-lhes-á, dizendo: « Eu vos saúdo! » (Mt. 28, 9), e a sua alegria é então plena.
Também nós temos o desejo ardente de encontrar o Senhor. Certamente há já muitos anos que nos pusemos à Sua procura e talvez o nosso desejo tenha sido acompanhado de sérias preocupações: Como farei para remover os obstáculos, para tirar da minha alma as pedras que me impedem de encontrar o Senhor, de me entregar inteiramente a Ele, de O fazer triunfar em mim? Mas porque desejávamos encontrar o Senhor, sustentados pela Sua graça, pudemos superar tantos obstáculos e a divina Providência ajudou-nos a remover muitas pedras, a vencer muitas dificuldades. Todavia a busca de Deus é progressiva e deve continuar por toda a vida; por isso, como as piedosas mulheres, devemos ter sempre a santa preocupação de encontrar o Senhor. Esta preocupação tornar-nos-á laboriosos e diligentes nessa procura e, ao mesmo tempo, confiantes na ajuda divina, porque é certo que onde as nossas forças não podem chegar, o Senhor providenciará, fazendo Ele por nós aquilo que nós não podemos fazer.
A Páscoa marca em cada ano uma renovação na nossa vida espiritual, na busca de Deus. Cada ano retomamos o nosso caminho em direção a Ele « in novitate vitae » (Rom. 6, 4).
Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.

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