«Liturgia
Dominical»
Ano 12 – nº 641 – 19 de
fevereiro de 2023
† Domingo da Quinquagésima
roxo – 2ª classe.
Em espírito, nós nos reunimos com toda a santa
Igreja junto ao sepulcro do Príncipe dos Apóstolos, S. Pedro. Como ele,
devemo-nos curar da cegueira espiritual e nos convencer de que os sofrimentos
do Cristo e também os nossos são necessários para conseguirmos a verdadeira vida.
Este domingo é uma preparação próxima para a
Quaresma. Por amor da humanidade cega, toma o Salvador sobre Si os sofrimentos
dela (Evangelho). Por amor de Deus – a Epístola nos ensina qual o verdadeiro –
devemos expiar as nossas faltas, fazendo da santa Missa o nosso Calvário, e
unindo os nossos sofrimentos aos do Filho de Deus. E se na Oração pedimos que o
Senhor nos livre de toda adversidade, queremos apenas a isenção dos males que
prejudicam a nossa salvação, sabendo que, aos que amam a Deus, todas as coisas
cooperam para o seu bem (Rom. 8, 28).
«Que queres que te faça? Ele respondeu: Senhor, que eu veja.» Ev.
Avisos Paroquiais
Lembramos que quarta-feira de cinzas é dia de jejum e abstinência.
Atenção para os horários
das Santas Missas neste Domingo:
- às 7h, 9h e 19h em nossa
igreja matriz;
- às 10h na Capela de São
Brás, em Sesmaria;
- às 17h na Capela de
Santo Antônio, em Córrego Seco;
- às 19h na Capela de
Santa Rita de Cássia, em Mutum.
Serão transmitidas pelas
redes sociais a Santa Missa das 7h (via Facebook, YouTube, Instagram e Rádio
Bom Jesus AM 1170 Khz) e a das 19h (via Facebook, YouTube e Instagram).
Redes Sociais:
Facebook – https://www.facebook.com/ParoquiadoSenhorBomJesusCrucificado
(Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)
(Transmissão ao Vivo – Santa
Missa 7h e 19h)
(Transmissão ao Vivo – Santa Missa 7h e 19h)
Retiro de carnaval
https://photos.app.goo.gl/zu5h5H1jX5ehCNbX6
Intróito / ESTO MIHI – Salmo 30. 3-4, 2
Canto
solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou
solenidade do dia.
Esto mihi in Deum protectórem, et in locum refúgii,
ut salvum me fácias: quóniam firmaméntum meum et refúgium meum es tu: et
propter nomen tuum dux mihi eris, et enútries me. Ps. In te, Dómine, sperávi,
non confúndar in ætérnum: in iustítia tua líbera me et éripe me. ℣. Glória Patri.
Sede para mim, ó Deus, um protetor e um lugar de
refúgio para me salvar, porque Vós sois minha força e meu refúgio; para a
glória de vosso Nome, guiai-me e nutri-me. Sl. Em Vós, Senhor, espero, não
serei confundido eternamente; por vossa justiça livrai-me e salvai-me. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Preces nostras, quǽsumus, Dómine, cleménter exáudi:
atque, a peccatórum vínculis absolútos, ab omni nos adversitáte custódi. Per
Dominum nostrum Iesum Christum.
Senhor, nós Vos suplicamos que atendais benigno às
nossas preces, e, libertados dos laços do pecado, nos preserveis de toda
adversidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos
Coríntios 1. 13. 1-13
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
O mérito da nossa vida e a sua força de irradiação sobrenatural
dependem, não da medida da nossa atividade, mas da caridade que nos anima.
Infundida em nossas almas pelo Espírito Santo, é ela que nos permitirá ver a
Deus face a face.
Fratres: Si linguis hóminum loquar et Angelórum,
caritátem autem non hábeam, factus sum velut æs sonans aut cýmbalum tínniens.
Et si habúero prophétiam, et nóverim mystéria ómnia et omnem sciéntiam: et si
habúero omnem fidem, ita ut montes tránsferam, caritátem autem non habúero,
nihil sum. Et si distribúero in cibos páuperum omnes facultátes meas, et si
tradídero corpus meum, ita ut árdeam, caritátem autem non habuero, nihil mihi
prodest. Cáritas patiens est, benígna est: cáritas non æmulátur, non agit pérperam,
non inflátur, non est ambitiósa, non quærit quæ sua sunt, non irritátur, non
cógitat malum, non gaudet super iniquitáte, congáudet autem veritáti: ómnia
suffert, ómnia credit, ómnia sperat, ómnia sústinet. Cáritas numquam éxcidit:
sive prophétiæ evacuabúntur, sive linguæ cessábunt, sive sciéntia destruétur.
Ex parte enim cognóscimus, et ex parte prophetámus. Cum autem vénerit quod
perféctum est, evacuábitur quod ex parte est. Cum essem párvulus, loquébar ut
párvulus, sapiébam ut párvulus, cogitábam ut párvulus. Quando autem factus sum
vir, evacuávi quæ erant párvuli. Vidémus nunc per spéculum in ænígmate: tunc
autem fácie ad fáciem. Nunc cognósco ex parte: tunc autem cognóscam, sicut et
cógnitus sum. Nunc autem manent fides, spes, cáritas, tria hæc: maior autem
horum est cáritas.
Irmãos: 1Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos Anjos1, se não tivesse Caridade, seria como o bronze que
soa ou como o címbalo que tine. 2Se tivesse o dom da
profecia, conhecesse todos os mistérios e possuísse toda a ciência, e se
tivesse toda a fé, de modo a transportar montes, mas não tivesse a Caridade,
não seria nada. 3E ainda que distribuísse todos os
meus bens para mantimento dos pobres, e entregasse meu corpo para ser queimado,
se não tivesse a Caridade, nada me aproveitaria. 4A Caridade é paciente, é benigna; a Caridade não é
invejosa, não trata levianamente, não se ensoberbece, 5não é ambiciosa, não cuida [apenas] de seus
interesses, não se irrita, não julga mal, 6não folga com a
injustiça, porém, alegra-se com a verdade; 7tudo suporta, tudo
crê, tudo espera, tudo sofre. 8A Caridade nunca há
de acabar, ainda que tenham fim as profecias, cessem as línguas e a ciência
seja destruída. 9Porque é em parte que conhecemos, e é
em parte que profetizamos, 10mas,
quando vier o que é perfeito, será abolido o que é incompleto. 11Quando eu era menino, falava como menino, julgava
como menino, pensava como menino. Mas, quando cheguei a ser homem feito,
abandonei o que era de menino. 12Agora
vemos a Deus como por um espelho, em enigma; mas então O veremos face a
face. Agora conheço-O em parte, mas então O conhecerei tão bem como sou
conhecido eu mesmo. 13Agora, portanto, permanecem estas
três: a fé, a esperança e a Caridade; a maior delas, porém, é a Caridade.
1. Nós diríamos: «todas as línguas possíveis e imagináveis»; é o dom das línguas, elevado ao máximo.
Gradual / Salmo 76. 15-16
Gradual e
Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que
traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou
sugeridos pelo Mistério do dia.
Tu es Deus qui facis mirabília solus: notam fecísti
in géntibus virtútem tuam. ℣. Liberásti in bráchio tuo pópulum tuum, fílios
Israel et Ioseph.
Ó Deus, somente vós fazeis maravilhas; manifestastes
entre os povos o vosso poder. ℣. Por vosso braço resgatastes vosso povo, os filhos
de Israel e de José.
Tracto / Salmo 99. 1-2
No Tempo
da Septuagésima, o Alleluia é substituído pelo Tracto.
Iubiláte Deo, omnis terra: servíte Dómino in
lætítia. ℣. Intráte in
conspéctu eius in exsultatióne: scitóte, quod Dóminus ipse est Deus. ℣. Ipse fecit nos, et non ipsi nos: nos autem pópulus
eius, et oves páscuæ eius.
Aclamai a Deus, toda a terra; servi ao Senhor na
alegria.
℣. Exultando, vinde à sua presença; sabei que só o
Senhor é Deus. ℣. Ele nos fez, e não nós a nós mesmos; somos o seu
povo e as ovelhas de seu pasto.
Evangelho segundo São Lucas 18. 31-43
Proclamação
solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a
leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para
com ele, exige seja escutado de pé.
«Este cego, de que nos fala o evangelho, é o gênero humano, banido da
felicidade do paraíso, e que, ignorando a claridade da luz sobrenatural, se
sente prisioneiro das trevas a que se condenou pelo pecado. Iluminado agora
pela presença do seu Redentor, as boas obras põem-no no caminho da verdadeira
vida» (S. Gregório, em matinas).
In illo témpore: Assúmpsit Iesus duódecim, et ait
illis: Ecce, ascéndimus Ierosólymam, et consummabúntur ómnia, quæ scripta sunt
per Prophétas de Fílio hominis. Tradátur enim Géntibus, et illudétur, et
flagellábitur, et conspuétur: et postquam flagelláverint, occídent eum, et
tértia die resúrget. Et ipsi nihil horum intellexérunt, et erat verbum istud
abscónditum ab eis, et non intellegébant quæ dicebántur. Factum est autem, cum
appropinquáret Iéricho, cæcus quidam sedébat secus viam, mendícans. Et cum audíret
turbam prætereúntem, interrogábat, quid hoc esset. Dixérunt autem ei, quod
Iesus Nazarénus transíret. Et clamávit, dicens: Iesu, fili David, miserére mei.
Et qui præíbant, increpábant eum, ut tacéret. Ipse vero multo magis clamábat:
Fili David, miserére mei. Stans autem Iesus, iussit illum addúci ad se. Et cum
appropinquásset, interrogávit illum, dicens: Quid tibi vis fáciam? At ille
dixit: Dómine, ut vídeam. Et Iesus dixit illi: Réspice, fides tua te salvum
fecit. Et conféstim vidit, et sequebátur illum, magníficans Deum. Et omnis
plebs ut vidit, dedit laudem Deo.
Naquele tempo, 31tomou
Jesus consigo os doze, e disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e
cumprir-se-á tudo o que os Profetas escreveram acerca do Filho do homem. 32Porque aos gentios há de ser entregue, e será
escarnecido, açoitado e cuspido; 33e
havendo-O açoitado, matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressuscitará. 34Eles nada entenderam, pois esse discurso era para
eles obscuro; e não penetravam o que lhes dizia. 35E aconteceu que, chegando Ele perto de Jericó,
estava um cego sentado junto ao caminho, a mendigar. 36E ouvindo muita gente passar, perguntou que era
aquilo. 37Disseram-lhe que passava Jesus
Nazareno. 38Ele clamou, dizendo: Jesus, Filho de
Davi2, tende piedade de mim. 39E os que iam adiante o repreendiam, para que se
calasse. Ele, porém, cada vez mais clamava: Filho de Davi, tende piedade de
mim. 40Jesus parou e mandou que o levassem à
sua presença. E, quando ele se aproximou, interrogou-o com estas palavras: 41Que queres que te faça? Ele respondeu: Senhor, que
eu veja. 42E Jesus lhe disse: Vê, a tua fé te
salvou. 43E logo o cego viu, e O foi seguindo,
glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, rendeu louvores a Deus.
2. Título messiânico por excelência.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa
profissão de fé.
Breve
compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja,
afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 118. 12-13
Com o
Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Benedíctus es, Dómine, doce me iustificatiónes tuas:
in lábiis meis pronuntiávi ómnia iudícia oris tui.
Bendito sois, Senhor; ensinai-me a vossa lei. Com
meus lábios pronunciei todos os ensinamentos de vossa boca.
Secreta
É a
antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Hæc hóstia, Dómine, quǽsumus, emúndet nostra
delícta: et, ad sacrifícium celebrándum, subditórum tibi córpora mentésque
sanctíficet. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós Vos suplicamos, Senhor, que esta hóstia nos
purifique de nossos delitos, e santifique os corpos e as almas de vossos servos
para bem celebrarem este Sacrifício. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / Salmo 77. 29-30
Alternando
com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão
dos fiéis.
Manducavérunt, et saturári sunt nimis, et desidérium
eórum áttulit eis Dóminus: non sunt fraudáti a desidério suo.
Comeram até ficarem muito fartos, e o Senhor lhes
satisfez o desejo; não foram iludidos em suas aspirações.
Postcommunio
Súplica a
Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Quǽsumus, omnípotens Deus: ut, qui cæléstia aliménta
percépimus, per hæc contra ómnia adversa muniámur. Per Dominum nostrum Iesum
Christum.
Nós Vos pedimos, ó Deus onipotente, que, tendo
recebido o celestial Alimento, por ele sejamos protegidos contra todas as
adversidades. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
A Predição da Paixão
Ó Jesus, dai-me luz para compreender o mistério e o valor do sofrimento
cristão.
1 – Aproximando-se a Quaresma, tempo
em que predomina a lembrança das dores de Jesus, o Evangelho de hoje (Lc. 18, 31-43) anuncia-nos já a Sua Paixão. A predição é clara:
«O Filho do Homem será entregue aos gentios, e será escarnecido e açoitado e
cuspido; e, depois de o açoitarem, o matarão, e ressuscitará ao terceiro dia»,
todavia, como já de outras vezes sucedera, os Apóstolos «nada compreenderam, e
este discurso era para eles obscuro». Não compreenderam porque concebiam a
missão de Jesus como a de um conquistador terreno, que havia de restabelecer o
reino de Israel; não sonhando mais do que com triunfos e preocupados como
estavam em ocuparem os primeiros lugares do novo reino, qualquer alusão à
Paixão os alarmava e escandalizava.
Para os que só pensam na prosperidade
e glória terrenas, a linguagem da cruz é incompreensível. Para aqueles que têm
uma visão material das coisas, é muito duro entender o seu significado
espiritual e particularmente o significado do sofrimento. Já S. Paulo dizia que
Cristo crucificado era «escândalo para os judeus e loucura para os gentios» (I
Cor. 1, 23). E Jesus, repreendendo S. Pedro que ao primeiro
anúncio da Paixão tinha exclamado: «Deus tal não permita, Senhor; não te
sucederá isto», dissera com energia: «Retira-te de mim, Satanás... porque não
tens a sabedoria das coisas de Deus, mas das coisas dos homens». (Mt. 16, 22 e 23).
Para a sabedoria dos homens, o
sofrimento é loucura incompreensível, assustadora, a ponto de os fazer perder
toda a confiança em Deus e de os levar a murmurar contra a Providência divina.
Para a sabedoria de Deus, porém, o sofrimento é antes um meio de salvação e
redenção. E assim como foi necessário que «Cristo padecesse para entrar na sua
glória» (cfr. Lc. 24, 26), do mesmo modo é necessário que o
cristão passe pelo crisol da dor a fim de chegar à santidade e à vida eterna.
2 – Só depois da descida do Espírito
Santo os Apóstolos compreenderam plenamente o significado da Paixão de Jesus e,
longe de se escandalizarem, tiveram como a maior honra, seguir e pregar a
Cristo crucificado.
O olhar humano não tem luz para
compreender o valor da cruz; é necessária uma nova luz, a luz do Espírito
Santo. Não é sem razão que no Evangelho deste dia, logo após a profecia da
Paixão, se narra a cura do cego de Jericó. Perante o mistério da dor, somos
sempre um pouco cegos: quando o sofrimento nos fere no que temos de mais
querido, de mais íntimo, é fácil perdermo-nos e andarmos às apalpadelas como os
cegos, na incerteza, nas trevas. A Igreja convida-nos a renovar hoje a oração
do cego, tão cheia de fé: «Jesus, filho de David, tem piedade de mim».
O mundo admira-se frequentemente dos
sofrimentos dos bons, e em vez de os animar quando recorrem a Deus, procura
afastá-los dEle, infundindo-lhes desconfiança e falsos temores. As nossas
próprias paixões e a tendência inata para gozar, gritam tantas vezes dentro de
nós querendo, sob mil pretextos, impedir-nos de seguir Jesus crucificado.
Permaneçamos firmes na fé como o pobre cego que, sem se importar com a multidão
que o impedia de se aproximar de Jesus, sem se deter perante as censuras dos
discípulos, que o queriam fazer calar, «cada vez gritava mais», repetindo a sua
prece.
Do fundo dos nossos corações elevemos
ao Senhor o nosso grito: «De profundis clamo ad te, Dómine; Dómine, audi vocem
meam» (Sal. 120). Não peçamos para nos livrar do sofrimento, mas antes para
sermos iluminados sobre o seu valor: «Senhor, que eu veja!». Apenas o cego
recuperou a vista, correu atrás de Jesus «glorificando a Deus!». A luz
sobrenatural que pedimos ao Senhor dar-nos-á a força de O seguirmos, levando
após Ele a nossa cruz.
MADALENA,
Padre Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto: Edições Carmelitanas, 1967, p. 356-358.
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