sábado, 12 de março de 2016

Edição nº 251

Dóminus "O Senhor"
Dóminus  ­- Ano 5 - Edição nº 251
13 de março de 2015
X 1º  DOMINGO DA PAIXÃO
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Disseram-Lhe então os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou. Ev.


Aceitação do cálice no jardim da agonia: sacrifício interior de Cristo,
vítima sem mácula, sumo Sacerdote eterno.


Intróito / Salmo 42. 1-2, 3
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Cristo encarregou-se da nossa causa e advoga-a junto de Deus.
Julgai-me, ó Deus, e separai da gente ímpia a minha causa; livrai-me do homem injusto e falso. Porque Vós sois meu Deus e minha força. Sl. Derramai sobre mim a vossa luz e a vossa verdade, para que elas me guiem e me conduzam ao vosso monte e a vossos tabernáculos. — Julgai-me. (Até o Sl.)
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Ó Deus onipotente, nós Vos suplicamos que olheis propício para vossa família, a fim de que, por vossa liberalidade, sejam guiados os nossos corpos, e por vossa assistência protegidas as nossas almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
& Epístola de São Paulo Apóstolo aos Hebreus 9. 11-15
Substituindo todos os sacrifícios da antiga Lei, o sacrifício de Cristo é de tal perfeição, que basta para expiar, duma vez para sempre, os nossos pecados e para franquear-nos, de novo, a porta do Céu.
Irmãos: Cristo se manifestou como Pontífice dos bens futuros1. Por um mais vasto e mais perfeito tabernáculo2 não feito por mão de homem isto é, não deste mundo, sem recorrer ao sangue de cabritos e novilhos, mas por seu próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, tendo adquirido uma redenção eterna. Com efeito, se o sangue dos cabritos e touros e as cinzas da novilha, aspergida sobre os manchados, os santificava para a purificação da carne, quanto mais o Sangue do Cristo, que pelo Espírito Santo a Si mesmo se ofereceu imaculado a Deus, purificará nossa consciência das obras mortas, fazendo-nos capazes de servir ao Deus vivo. E por esse motivo, Ele é o Mediador do Novo Testamento, a fim de que por sua morte, que sofreu para o perdão das prevaricações que havia sob o primeiro Testamento, os que foram chamados à herança eterna recebam a promessa, no Cristo Jesus, Senhor nosso.
1 Os bens messiânicos.
2 Este « tabernáculo » é provavelmente o céu sideral.
Gradual / Salmo 142. 9, 10; 17. 48-49
Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Livrai-me, Senhor, de meus inimigos, e ensinai-me a fazer a vossa vontade. ℣.Vós, Senhor, sois quem me livra do furor de meus inimigos, quem me exalta sobre os meus adversários. Vós me defendeis do homem iníquo.
Tracto / Salmo 128. 1-4
Cantos, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
No Tempo da Septuagésima, o Alleluia é substituído pelo Tracto.
Desde a minha mocidade muitas vezes me combateram. . Diga-o agora Israel: Desde a minha mocidade muitas vezes me combateram. . Mas não prevaleceram contra mim. Em minhas costas ficaram sinais das pancadas dos pecadores. . Prolongaram as suas iniquidades. O Senhor, que é justo, esmaga as cabeças dos pecadores.
& Evangelho segundo São João 8. 46-59
Jesus afirma a sua divindade cada vez com mais insistência. É isso mesmo que os seus inimigos Lhe censuram e que Lhe merecerá a condenação. Mas aqueles que acolherem as suas palavras, como enviado de Deus, segui-Lo-ão na vida eterna.
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus: Qual de vós me arguirá de pecado? Se vos digo a verdade, por que não me credes? Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus. Por isto não as ouvis: porque não sois de Deus. Responderam-Lhe, pois, os judeus: Não dizemos bem, nós, que és Samaritano, e que estás possesso do demônio? Respondeu Jesus: Eu não estou possesso do demônio; mas honro a meu Pai, e vós outros me desonrais. Eu não procuro a minha glória; há quem a procure e faça justiça. Em verdade, em verdade, eu vos digo, que se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte para sempre. Disseram-Lhe, então, os judeus: Agora conhecemos que estás possesso do demônio. Abraão morreu assim como os Profetas. E tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte para sempre. És, porventura, maior que o nosso Pai Abraão, que morreu? Ou maior que os Profetas que morreram? Por quem pretendes passar? Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, nula é minha glória. Quem me glorifica é meu Pai, Aquele que dizeis que é vosso Deus. E vós não O conheceis; porém, eu O conheço, e se dissesse que não o conheço seria mentiroso como vós outros. Eu, porém, O conheço e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, sentiu júbilo porque havia de ver meu dia3; ele o viu e alegrou-se. Disseram-Lhe então os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou4. Apanharam eles, então, pedras para Lhe atirar; mas Jesus escondeu-se e abandonou o templo.
3 « O meu dia »: a manifestação de Jesus na sua glória.
4  Admirável versículo, que exprime, de maneira inolvidável, o abismo que separa a criatura (que «parece» existir) daquele que « é » eternamente.
Inolvidável = inesquecível.
Pregação
Divulgação:
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 110. 1; 118. 17, 107
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
Senhor, eu Vos louvo com todo o meu coração; beneficiai o vosso servo para que viva e observe os vossos preceitos. Dai-me vida nova, Senhor, segundo a vossa promessa.
Secreta
É a antiga "oração sobre as oblatas", ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.
Senhor, nós Vos suplicamos, que estas ofertas quebrem os laços de nossa malícia, e nos alcancem os Dons de vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / 1 Coríntios 11. 24-25
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Isto é o Corpo que por vós será entregue; este é o Cálice do Novo Testamento em meu Sangue, diz o Senhor. Fazei isto, todas as vezes que os receberdes, em memória de Mim.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Assisti-nos, ó Senhor, Deus nosso, e defendei com incessantes auxílios, aqueles a quem restaurastes com os vossos Mistérios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
Jesus perseguido
Ó Jesus, introduzi-me no mistério da Vossa Paixão, associai-me a ela, para que depois possa participar na Vossa Ressureição. ­
1 — Hoje começa o «Tempo da Paixão», tempo especialmente consagrado à lembrança e à contemplação amorosa das dores de Jesus. A cruz e as imagens cobertas, a supressão do Glória na Missa e nos responsórios do Ofício Divino, são sinais de luto com que a Igreja comemora a Paixão do Senhor. Nos seus sermões quaresmais o Papa S. Leão exorta-nos a participar na « cruz de Cristo, para que também nós façamos alguma coisa que nos una ao que Ele fez por nós, como diz o Apóstolo: 'Se sofremos com Ele, com Ele seremos glorificados' ». Não se trata só de meditar nas dores de Jesus, mas de tomar parte nelas, «trazer» a Sua Paixão no nosso coração e no nosso corpo (cfr. II Cor. 4,10), porque só assim poderemos participar nos seus frutos. Eis por que a Igreja, no Ofício litúrgico do tempo, repete com maior insistência o convite: « quando ouvirdes a voz do Senhor não fecheis os vossos corações ». Nestes dias a voz do Senhor faz-se ouvir não por meio de palavras, mas com o testemunho eloquente dos fatos, com o grande acontecimento da Paixão, que é o mistério mais convincente do Seu amor infinito para conosco. Abramos, pois, o nosso coração às sublimes lições da Paixão: aprendamos quanto Jesus nos amou e quanto O devemos amar. Aprendamos também que se O quisermos seguir, é necessário sofrer, levar a cruz com Ele e atrás dEle. Ao mesmo tempo abramos o coração à mais viva esperança, porque na Paixão de Cristo está a nossa salvação. Na Epístola de hoje (Hebr. 9, 11-15), São Paulo apresenta-nos a figura majestosa de Cristo, Sumo Sacerdote que, «com o Seu próprio Sangue entrou uma só vez no Santo dos Santos [isto é, no céu] depois de ter adquirido uma redenção eterna». A Paixão de Jesus remiu-nos, abriu-nos de novo a casa do pai e é a razão da nossa esperança.
2 — O Evangelho do dia (Jo. 8, 46-59), apresenta-nos o quadro das hostilidades cerradas dos judeus, prelúdio claro da Paixão de Jesus. Aqueles corações endurecidos não querem admitir de modo algum a missão do Salvador e inventam mil maneiras de combaterem os Seus ensinamentos, para O difamarem entre o povo, apresentando-O como um mentiroso, um endemoninhado; por fim o seu ódio chega a tal ponto, que decidem lapidá-lO: « então pegaram em pedras para lhe atirarem ». A morte de Jesus já estava decretada pelos judeus, mas não tendo chegado ainda a hora estabelecida pelo Pai, « Jesus escondeu-Se e saiu do templo ».
Este trecho do Evangelho, permite-nos considerar a conduta de Jesus em presença dos Seus perseguidores: mansidão, zelo pelas suas almas, desinteresse pessoal e total abandono a Deus. São Gregório Magno escreve: « Considerai, amados irmãos, a mansidão do Senhor, Ele, que tinha vindo perdoar os pecados, dizia: 'Quem de vós me arguirá de pecado? Ele que podia, em virtude da Sua divindade, justificar os pecadores, não desdenha demonstrar que não é pecador » (BR.)
Seguem-se as calúnias: « és um samaritano e tens demônio ». O Mestre divino responde, mas sempre docemente e só o necessário para dar testemunho da verdade: « Eu não tenho demônio, mas honro o meu Pai e vós a mim desonrastes-me ». Quanto ao resto, depõe a Sua reputação e a Sua causa nas mãos de Deus: «Eu não busco a minha glória; há quem tome cuidado dela e quem fará justiça». Entretanto, através do debate, não cessa de instruir e iluminar as inteligências para as arrancar ao erro; sempre esquecido de Si, pensa no bem das almas. Assim, nestas difíceis circunstâncias, Jesus dá-nos preciosos ensinamentos: « O que é de Deus, ouve as palavras de Deus. Quem guardar a minha palavra, não verá a morte eternamente ». Recolhamos da boca do Mestre perseguido estes avisos e guardemo-los ciosamente no nosso coração. Ainda hoje o mundo está cheio de inimigos de Cristo que combatem a Sua doutrina, que desprezam a Sua Paixão. Ao menos nós, acreditemos nEle e sejamos Seus amigos fiéis.
Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967

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