sábado, 13 de setembro de 2014

Dóminus 167

Dóminus "O Senhor"
Dóminus eletrônico ­- Ano 4 - Edição nº 167
X 14º Domingo depois de Pentecostes
Exaltação da Santa Cruz
14 de setembro de 2014.

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Vitória, Tu reinarás!
Ó cruz, Tu nos salvarás!
«De mim esteja longe o gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; por quem o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo» (Gal. 6, 14).
Intróito / Gálatas 6. 14; Salmo 66. 2
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Quanto a nós, devemos gloriar-nos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo; n'Ele está a nossa salvação, a vida e a ressurreição. Por Ele fomos salvos e livres. Sl. Deus tenha piedade de nós e nos abençoe; faça resplandecer sobre nós a sua Face e se compadeça de nós. . Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Ó Deus, que neste dia nos alegrais com a solenidade anual da Exaltação da Santa Cruz, concedei, Vos imploramos, que, tendo conhecido na terra o Mistério de Jesus Cristo, mereçamos no céu os frutos de sua Redenção. Pelo mesmo Jesus Cristo.
& Epístola de São Paulo Apóstolo aos Filipenses 2. 5-11
Leitura ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome. Algumas há tiradas dos escritos do Antigo Testamento. As epístolas do ano litúrgico formam um conjunto doutrinal de alto valor para a vida cristã.
Irmãos: Tende em vós os mesmos sentimentos que teve Jesus Cristo, que, sendo Deus por natureza, não reputou usurpação ser igual a Deus. E aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens e sendo reconhecido como homem pela aparência. Humilhou-se a Si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de Cruz. Por isso também Deus O exaltou e Lhe deu um Nome [novo] que está acima de todo nome (aqui todos se ajoelham), a fim de que ao Nome de Jesus se dobrem os joelhos de todos aqueles que estão nos céus, na terra e nos infernos, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor na glória de Deus Pai.
Gradual / Filipenses 2. 8-9
Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
O Cristo por nós se fez obediente até à morte e morte de Cruz. . Por isso também Deus O exaltou e Lhe deu um Nome que está acima de todo nome.
Aleluia
Aleluia, aleluia. . Doce Lenho, doces cravos, que precioso fardo suportais! Somente tu foste digna, ó Cruz, de sustentar o Senhor e Rei dos céus.
& Evangelho segundo São João 12. 31-36
Proclamação solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para com ele, exige seja escutado de pé.
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus: Agora é o julgamento do mundo. Agora é que o príncipe deste mundo vai ser lançado fora dele! E eu, quando for elevado da terra, tudo atrairei a mim. (Isto Ele dizia para indicar de que morte devia morrer.) Respondeu-Lhe a turba: Nós sabemos pela lei que o Cristo permanecerá eternamente. Como, então, dizeis: É preciso que o Filho do homem seja elevado? Quem é esse Filho do homem? Disse-lhes Jesus: Ainda por um pouco de tempo estará a Luz [Cristo] entre vós. Caminhai, enquanto tendes luz, para que as trevas não vos surpreendam: quem anda em trevas, não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, a fim de que sejais filhos da luz.
Pregação
Divulgação:
Ofertório
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
  Protegei, Senhor, o vosso povo pelo sinal da santa Cruz, das ciladas de todos os inimigos, para que Vos prestemos um serviço  santo e Vos agrade o nosso Sacrifício, aleluia.

Secreta
É a antiga "oração sobre as oblatas", ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Querendo nos alimentar com o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo por quem foi santificado o estandarte da Cruz, Vos imploramos, ó Senhor, nosso Deus, que, assim como nos foi dado adorá-Lo na terra, assim também obtenhamos os efeitos de sua salvação e de sua glória.  Pelo mesmo Jesus Cristo.
Communio
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
  Pelo sinal da Cruz, livrai-nos, Deus nosso, de nossos inimigos.

Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
  Assisti-nos, Senhor e Deus nosso, e aos que alegrais com a glória de vossa santa Cruz, defendei também com um perpétuo auxílio. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação
14 DE SETEMBRO.
     Mihi absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Cbristi; per quem mihi mundus crucifixus est, et ego mundo — «De mim esteja longe o gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; por quem o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo» (Gal. 6, 14).
     Sumário. Esta terra é um lugar de merecimentos e, portanto, também de sofrimentos. Para nos exortar à paciência, Jesus Cristo levou uma vida de sofrimentos contínuos, e é a exemplo de Jesus que todos os santos abraçaram as tribulações com alegria, de modo que nenhum deles chegou a gloria senão por um caminho semeado de espinhos. Que ver­gonha para nós! Adoramos a santa Cruz, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, de ser herdeiros dos santos, e somos-lhes tão dessemelhantes! Há de ser sempre assim? ... Senhor, enviai-me as cruzes que as minhas culpas merecem, mas dai-me também força para carregá-las com paciência.

     1 Esta terra é um lugar de merecimentos, e por isso também de sofrimentos. A pátria na qual Deus nos pre­parou o descanso em gozo eterno, é o paraíso. É pouco o tempo de passar aqui, mas nesse pouco tempo são muitos os sofrimentos a suportar. De ordinário, quando a Providência divina destina alguém a coisas grandes, prova-o também por meio de maiores adversidades. — Um dia Jesus Cristo apareceu à Bem-aventurada Baptista Varani e disse-lhe que ha três benefícios escolhidos que con­cede às almas suas prediletas: o primeiro é o de não pecar; o segundo o de praticar boas obras; o terceiro e maior de todos, o de faze-la sofrer por amor dele.
     Mais belas ainda são as palavras que o mesmo Jesus Cristo dirigiu a Santa Thereza: «Minha filha», disse-lhe, «pensas porventura que o merecimento está em gozar? Não, está em padecer e amar. Crê, pois, minha filha, que aquele que é mais amado de meu Pai, recebe dele maiores sofrimentos; e o pensar que sem sofrimentos ele admite alguém à sua amizade é uma pura ilusão.» — Sendo, porém, que a natureza humana por si mesma aborresse tanto os sofrimentos, o Verbo Eterno, diz São Pedro, baixou do céu à terra para nos ensinar a carregar as nossas cruzes com paciência: Christus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum, ut sequamini vestigia eius[1].
     Jesus Cristo quis, portanto, sofrer para nos animar ao sofrimento, e não só no tempo da sua Paixão, mas du­rante toda a sua vida. Qual foi a vida do Redentor sobre esta terra? Volve-a, diz São Boaventura, e revolve-a quanto quiseres, desde o princípio até ao fim e sempre acharás Jesus pregado na cruz: Volve et revolve, et non invenies eum nisi in cruce. Com efeito, todo o tempo, desde o momento em que tomou a natureza humana até ao seu último suspiro, foi um sofrimento continuo. — Que vergonha para nós, que nos gloriamos de seguirmos Jesus Cristo e lhe somos tão dessemelhantes! Adoramos a cruz do Senhor, celebramos as suas festas, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, e somos tão ávidos de prazeres! Há de ser sempre assim?
     2 Animados pelo exemplo de Jesus Cristo, os santos sempre consideraram as adversidades como um tesouro escondido, estimaram-nas mais do que uma partícula do santo Lenho, sobre o qual o Senhor morreu pela nossa Salvação. Quantos jovens nobres, quantas donzelas, mesmo de sangue real, distribuíram entre os pobres todas as suas riquezas, renunciaram às comodidades, às honras e dignidades do mundo, e entraram num mosteiro, para abraça­rem a cruz de Jesus Cristo e subirem com ele ao Calvário, por um caminho semeado de espinhos!
     O Senhor, porém, que nunca se deixa vencer em gene­rosidade e quis recompensar já nesta terra aquelas almas generosas, tornou-lhes muito suaves os frutos da arvore da cruz, que se regozijavam no meio das tribulações; e talvez nunca um mundano se mostrasse tão ávido de prazeres, como os santos o foram de sofrimentos.
     Santa Thereza, não querendo viver sem cruzes, excla­mava: Ou sofrer, ou morrer. Santa Maria Magdalena de Pazzi, ao pensar que no céu não há mais sofrimento, dizia: Sofrer e não morrer. Quando certo dia Jesus Cristo perguntou a São João da Cruz, qual a recompensa que desejava por tudo o que por amor dele tinha sofrido, respondeu: Senhor, não desejo senão mais sofrimentos, mas sofrimentos acompanhados de humilhações e desprezos: Domine, pati et contemni pro te[2].
     Meu irmão, não sejas do número daqueles loucos que se assustam à vista da cruz e fogem dela, porque lhe conhecem somente o exterior. Tu, ao contrário, «prova e vê quão suave é o Senhor» — Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus[3]. Abraça de boa vontade as tribula­ções que o Senhor te queira enviar, considera atentamente as vantagens que delas te provêm, e também tu dirás: vale mais uma hora de sofrimentos suportados com re­signação na vontade de Deus, do que todos os tesouros da terra. — Quando a natureza se revolta contra os sofrimentos, lancemos, para nossa animação, um olhar sobre o Crucifixo e digamos com o Apostolo: Compatimur, ut et Conglorificemur[4] — «Padecemos com Jesus, para também com ele sermos glorificados».
      Sim, meu Jesus, é o que com o vosso auxilio proponho fazer. Se Vós, posto que inocente, quisestes sofrer tanto por mim, e não entrastes na gloria senão pelo caminho dos sofrimentos, como poderia eu, pecador como sou e digno de mil infernos, recusar o sofrimento? Ah Senhor, enviai-me as cruzes que quiserdes, mas dai-me também força para as carregar com paciência por vosso amor. — «E Vós, ó Deus, que no presente dia nos alegrais com a anual solenidade da exaltação da santa Cruz: con­cedei-me que, conhecendo na terra este mistério, mereça no céu os prêmios da sua Redenção[5].» — Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria. (*I 768.)
Meditações
Para todos os Dias e Festas do Ano
Tiradas das Obras Ascéticas de
Santo Afonso Maria de Ligório
Bispo e Doutor da Santa Igreja
Pelo
P. Thiago Maria Christini
Da Congregação do SS. Redentor
Versão Portuguesa
Do P. João de Jong
Da mesma Congregação
1922

[1] I Petr. 2, 21.
[2] Lect. Brev. Rom.
[3] Sl. 33, 9.
[4] Rom. 8, 17.
[5] Or. Festi.

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