sábado, 28 de dezembro de 2013

S. Tomás Becket, Arc. de Canterbury, Mártir - Vida dos Santos

29 de dezembro

S. Tomás Becket, Arc. de Canterbury, Mártir
 1170)
      SAO TOMÁS, o festejado e glorioso defensor dos direitos da Igreja, nasceu aos 21 de dezembro de 1117, em Londres, filho de pais distintíssimos e profundamente re­ligiosos. Bem cedo frequentou a escola dos cônegos regulares, para depois continuar os estudos em Londres e Oxford. Não satisfeito com este curso regular, estudou ainda direito canônico e outras ciências na Universidade de Paris. Como estudante, não se desviou nem por um milímetro, do cami­nho reto, honrando sempre a fina educação, que recebera na casa pa­terna. Leal e franco, era Tomás ini­migo figadal da mentira. Muito acertada foi a escolha do rei Henri­que II, nomeando a Tomás chance­ler do reino. Elevado a tão alta dig­nidade, Tomás deu prova brilhan­te de indiscutível competência, im­pondo-se à admiração do soberano e dos súditos. Assim corriam as coisas a contento de todos, até ao dia em que Tomás foi eleito pa­ra ocupar a sede arquiepiscopal de Canterbury, que vagara pela mor­te de Teobaldo. O próprio Rei foi o primeiro que o propôs para este elevado e espinhoso cargo, e persis­tiu nesta ideia, apesar das graves ponderações que o próprio chance­ler fazia, prevenindo-o da luta ine­vitável, que havia de romper, entre o poder temporal e espiritual, ha­vendo ele de defender os direitos da Igreja, como arcebispo, contra as arrogâncias e as possíveis injus­tiças da coroa. Um caráter como o de Tomás Becket, não conhece tergiversações e transações desleais. Estando-lhe confiados os interesses da Igreja, certo era que os defenderia a todo o transe. Assim aconteceu. A luta começou, por as­sim dizer, com o dia da sagração do arcebispo. Motivou-a a pretensão do rei de caber-lhe a jurisdição sobre os eclesiásticos. Tomás se opôs energicamente à vontade da coroa, fazendo valer os direitos da mitra. Ao lado do Rei se viam elementos que da energia e franqueza do ar­cebispo tinham que recear me­didas desagradáveis. Intrigas e ca­lúnias aliaram-se à campanha mo­vida contra a autoridade eclesiás­tica.
     O Rei tomou medidas tão vexa­tórias, que Tomás teve que procu­rar asilo na França, onde se acha­va o Papa Alexandre III. A este explicou a situação aflitiva da Igre­ja na Inglaterra, e pediu exonera­ção do cargo de arcebispo. O Papa não só lhe aprovou a conduta, co­mo muito elogiou a firmeza que mostrara, na defesa dos direitos de arcebispo. O pedido de demissão não teve deferimento. Tomás retirou-se para a solidão do convento dos cistercienses em Pontigny, on­de se entregou a exercícios de pie­dade e penitência. Mal o Rei da Inglaterra soube do seu paradeiro, intimou o superior a demitir ime­diatamente o hóspede, sob pena de demolição de todos os conventos existentes na Inglaterra. Luís, rei de França, cientificado do ocorrido, foi em pessoa a Pontigny e ofereceu ao arcebispo o convento de Santa Columba em Sens, para onde pes­soalmente o acompanhou. Depois de seis anos de desterro, pôde voltar para a Inglaterra, graças aos bons préstimos do Rei da França junto ao Rei da Inglaterra. Mas a paz esta­va longe ainda. Embora Henrique tivesse procurado o Prelado em Sens; embora tivesse havido recon­ciliação entre os dois, os inimigos de Tomás novamente conseguiram indispor o Rei contra o Arcebispo. Esta indisposição tomou formas tão declaradas, que não era mais possível um bom entendimento. Por infelicidade do Soberano, este, num momento de maior irritação, deixou escapar esta frase; “Não há no reino homem nenhum, que me livre deste Bispo?” Aduladores, que apanharam este desastroso desaba­fo, sem mais esperar por outra or­dem, só no intuito de agradar à Ma­jestade e merecer-lhe as graças, partiram imediatamente para Canterbury, resolvidos a matar o Ar­cebispo. Este se achava na igreja onde o clero cantava vésperas. Os sacerdotes, tendo conhecimento da chegada dos homens e receando qualquer ato de violência, quiseram cerrar as portas do templo. Tomás, porém, opôs-se e disse: “A igreja não é nenhuma fortaleza, que a de­fesa se levante. Se querem minha vida, estou pronto a entregá-la pe­lo bem da Igreja”. O bando entrou na igreja, e um dos malvados per­guntou em alta voz: “Onde está o arcebispo, o traidor da pátria?” O arcebispo respondeu: “Aqui estou eu; não sou traidor, da pátria, mas sacerdote de Deus, pronto a derramar o meu sangue por Deus e pela Igreja. Em nome de Deus ordeno-vos que nada de mal prati­queis contra os meus. O tempo que vivi, defendi a Igreja, sempre que a via oprimida. Sentir-me-ei feliz, se, em morrendo eu, lhe voltar a paz e a liberdade”. Ditas estas palavras, ajoelhou-se ao pé ao altar, reco­mendou a alma a Deus, a Maria Santíssima, a S. Dionísio e rezou pe­los seus assassinos. Muito tempo estes não lhe concederam para fa­zer sua devoção. Um deles desem­bainhou a espada e com golpe for­midável vibrado contra a cabeça do Prelado, partiu-a no meio. Os de­graus do altar e o presbitério fica­ram salpicados do sangue e da mas­sa encefálica do mártir. Da igreja os bandidos se dirigiram ao palácio do arcebispo, onde praticaram atos de vandalismo. O clero tomou o ca­dáver do Santo e enterrou-o no meio da maior consternação. Este fato bárbaro se deu em 1170.
     O Rei, ao ter notícia do ocorrido, caiu numa grande prostração. Não fora esta sua intenção, de praticar tão monstruoso crime, como de fa­to, ordem nenhuma tinha dado pa­ra assassinar o Arcebispo. Fez pe­nitência pública, dirigiu-se em ro­maria ao túmulo do Santo, andando léguas a pé e descalço. Sem tomar alimento algum, deixou-se ficar um dia e uma noite perto da sepultura, rezando fervorosamente. Os assassi­nos caíram todos no desagrado do Rei e da opinião pública. Despreza­dos por todos os bons elementos, ti­veram de fugir. Consta, porém, que fizeram rigorosa penitência e mor­reram cristãmente. O Rei teve a sor­te de outros perseguidores da Igre­ja. Os próprios filhos se levantaram contra o pai, que morreu amaldiçoando-os. Seu corpo roubado de to­das as insígnias, abandonado por sua família, teve sepultura no mos­teiro de Fontevrauld. O túmulo do Santo Mártir foi glorificado por muitos milagres, e o Papa Alexan­dre III, apenas três anos depois, pu­blicou a bula da canonização de To­más Becket. Durante três séculos o túmulo de Tomás foi o atrativo de milhares de romeiros. Em 1558 os reformadores profanaram o jazigo do grande Mártir e queimaram as santas relíquias.
REFLEXÕES
   S. Tomás não se perturbou, quando nos traços dos assassinos leu a sentença de morte. Não se perturbou, porque es­teva preparado para morrer. Quem se prepara a tempo, não teme a morte; porque a amargura da morte é o peca­do. Estarias tu em condições de mor­rer ainda este ano? Não te perturbarias, se te fosse dito, com certeza, que antes do ano novo terias de deixar este mun­do? A perturbação, o medo na presen­ça da morte é sinal certo de que não estão em ordem os negócios da alma. Não deixes para mais tarde o trabalho de regularizá-los. Imita o exemplo das virgens prudentes que, com as lâmpadas acesas, esperaram a chegada do espo­so. “Fazei penitência — aconselha San­to Agostinho — antes da morte che­gar; protelar a conversão para a últi­ma doença, é arriscar a salvação; por­que geralmente a preocupação única do enfermo é procurar alivio nos sofrimentos.
Santos, cuja memória é celebrada hoje:
     Em Jerusalém a memória do rei-profeta Davi. Primeiro pastor, foi ungido pelo profeta Samuel. A amizade com Jônatas, filho de Saul, protegeu-o contra as insídias do rei, que por diversas vezes procurou matá-lo. Sendo rei, estendeu o reino dos Judeus até o Oriente. Maculou sua vida com o adul­tério e o assassinato, mas fez grande pe­nitência, e Deus lhe mandou grandes tri­bulações. Entregou o cetro a seu filho Sa­lomão, e morreu santamente, grande como rei, grande como profeta. De sua autoria são a maioria dos Salmos, dos quais o “Miserere” a oração da penitência por ex­celência é de inexcedível beleza. 1011 a. C.
      Em Vienne, S. Crescêncio, primeiro bispo daquela cidade e discípulo de S. Paulo Após­tolo.
Extraído do Livro Na Luz Perpétua ­ — Pe. João Batista Lehmann

I. Volume – V Edição - 1959.



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