«Liturgia Dominical»
Ano 9 – nº 481 – 10 de maio de 2020
Ano 9 – nº 481 – 10 de maio de 2020
† 4º Domingo depois da Páscoa
branco – 2ª classe.
branco – 2ª classe.
A Missa de hoje nos mostra o nexo íntimo que há entre o desaparecimento de Jesus e a descida
do Divino Espírito Santo, e nos esclarece
de um modo particular sobre a missão do Divino Espírito Santo, que é tríplice: no mundo,
na Igreja e nas almas. Ao mundo cumpre conhecer o seu pecado,
a justeza da causa da Igreja e o juízo iminente. Na Igreja o Divino
Espírito Santo continuará a Missão
de Jesus Cristo, conservando-a infalível
depositária de sua doutrina. Na alma, Ele continuará a iluminá-la e a conduzi-la sempre mais e mais, para a verdade e para a luz. Ele
vos ensinará toda a verdade
(Evangelho). Empenhemo-nos desde já em preparar
a nossa alma para a tornar digna de
receber a luz da verdade.
«porque
se eu não for, não virá a vós o Consolador.» Ev
Intróito / Cantáte Dómino - Salmo 97. 1, 2, 1
O Intróito como
que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada,
o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por
inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo
Cantáte Dómino cánticum novum, allelúia:
quia mirabília fecit Dóminus, allelúia: ante conspéctum géntium revelávit
iustítiam suam, allelúia, allelúia, allelúia. Ps. Salvávit sibi déxtera eius:
et bráchium sanctum eius. ℣. Glória Patri.
Cantai ao Senhor, um cântico novo,
aleluia, porque o Senhor operou maravilhas, aleluia. Perante as nações todas
revelou a sua justiça, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Sua Destra e seu braço
santo lhe alcançaram a salvação. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao
Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Viver como
batizados, fiéis a Deus, nas condições instáveis e difíceis da vida terrestre,
não é possível sem o socorro da graça; é ela que nos fixa os corações «lá onde
se encontram as verdadeiras alegrias».
Deus, qui
fidélium mentes uníus éfficis voluntátis: da pópulis tuis id amáre quod
prǽcipis, id desideráre quod promíttis; ut inter mundánas varietátes ibi nostra
fixa sint corda, ubi vera sunt gáudia. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, que
unis as almas dos fiéis em uma só vontade, concedei aos vossos povos que amem o
que ordenais e desejem o que prometeis, a fim de que, por entre as
inconstâncias deste mundo, se fixem nossos corações onde estão as verdadeiras
alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Tiago Apóstolo 1. 17-21
O melhor que o
homem poderá fazer, é deixar-se modelar por Deus, que nele empreendeu e
prossegue esta obra magnífica. Depois da criação, a Redenção. Resta-nos,
apenas, purificar a nossa vida e acolher a palavra divina, no mais íntimo da
alma.
Caríssimi: Omne
datum óptimum, et omne donum perféctum desúrsum est, descéndens a Patre
lúminum, apud quem non est transmutátio nec vicissitúdinis obumbrátio.
Voluntárie enim génuit nos verbo veritátis, ut simus inítium áliquod creatúræ
eius. Scitis, fratres mei dilectíssimi. Sit autem omnis homo velox ad
audiéndum: tardus autem ad loquéndum et tardus ad iram. Ira enim viri iustítiam
Dei non operátur. Propter quod abiiciéntes omnem immundítiam et abundántiam
malítiæ, in mansuetúdine suscípite ínsitum verbum, quod potest salváre ánimas
vestras.
Caríssimos: 17Toda dádiva
excelente e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes no qual
não há mudança, nem sombra de vicissitude. 18De livre
vontade, Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que
primícias de suas criaturas1. 19Vós o sabeis,
irmãos meus diletíssimos. Assim seja todo homem, pronto para ouvir, ponderado
para falar e custoso para enraivecer. 20Porque a ira do
homem não opera o que seja justo diante de Deus. 21Pelo que,
rejeitai toda impureza e excesso de malícia, e recebei com docilidade a palavra
em vós implantada, que pode salvar as vossas almas.
1. Isto é: que sejamos particularmente seus.
Alelúia / Salmo117, 16; Romanos
6. 9
Cantos, por via de regra,
tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela
leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Allelúia,
allelúia. ℣. Déxtera Dómini
fecit virtútem: déxtera Dómini exaltávit me. Allelúia. ℣. Christus resúrgens ex mórtuis
iam non móritur: mors illi ultra non dominábitur. Allelúia.
Aleluia,
aleluia. ℣. A Destra do
Senhor mostra o seu poder; a Destra do Senhor me exalta. Aleluia. ℣. O Cristo
ressuscitado dos mortos, já não morre; nunca mais a morte O dominará. Aleluia.
Evangelho segundo São João 16. 5-14
O Espírito vai
revelar aos fiéis a autenticidade da missão de Cristo e o sentido da sua morte
redentora, denunciando o pecado do mundo, que não acreditou n'Ele, mostrando
que Jesus era o Justo por excelência, o único justo, que, ressuscitado por
Deus, voltou ao Céu, donde viera; garantindo, finalmente, a ruina de Satanás,
que, tentando perder o Autor da vida, a si mesmo se condenou.
In illo témpore:
Dixit Iesus discípulis suis: Vado ad eum, qui misit me: et nemo ex vobis
intérrogat me: Quo vadis? Sed quia hæc locútus sum vobis, tristítia implévit
cor vestrum. Sed ego veritátem dico vobis: expédit vobis, ut ego vadam: si enim
non abíero, Paráclitus non véniet ad vos: si autem abíero, mittam eum ad vos.
Et cum vénerit ille. árguet mundum de peccáto et de iustítia et de iudício. De
peccáto quidem, quia non credidérunt in me: de iustítia vero, quia ad Patrem
vado, et iam non vidébitis me: de iudício autem, quia princeps huius mundi iam
iudicátus est. Adhuc multa hábeo vobis dícere: sed non potéstis portáre modo.
Cum autem vénerit ille Spíritus veritátis, docébit vos omnem veritátem. Non
enim loquétur a semetípso: sed quæcúmque áudiet, loquétur, et quæ ventúra sunt,
annuntiábit vobis. Ille me clarificábit: quia de meo accípiet et annuntiábit
vobis.
Naquele tempo,
disse Jesus a seus discípulos: 5Eu vou Àquele que me enviou e
nenhum de vós me pergunta: Para onde ides? 6Mas porque vos
disse estas coisas, o vosso coração se encheu de tristeza. 7Digo-vos, porém,
a verdade: é bom para vós que eu vá; porque se eu não for, não virá a vós o
Consolador; mas, se for, eu vo-lo enviarei. 8E, quando Ele
vier, convencerá o mundo que existe o pecado, a justiça, e o juízo. 9Quanto ao
pecado, porque não creram em mim. 10Quanto a justiça2,
porque eu vou ao Pai, e já não me vereis. 11E também quanto
ao juízo, porque o príncipe deste mundo já foi julgado. 12Ainda tenho
muitas coisas a dizer-vos; mas agora ainda não as podeis compreender. 13Quando vier,
porém, aquele Espírito de verdade, ensinar-vos-á toda a verdade. De si mesmo
não há de falar, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas
que hão de vir. 14Ele me glorificará, porque
receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
2. Mostrando que Jesus era o Justo por excelência.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das
verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las
publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 65. 1-2,
16
Com o Ofertório,
começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório,
começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos
o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão,
oração sobre as oblatas.
Iubiláte Deo, univérsa terra, psalmum dícite nómini
eius: veníte et audíte, et narrábo vobis, omnes qui timétis Deum, quanta fecit
Dóminus ánimæ meæ, allelúia.
Ó terra inteira,
aclamai a Deus; cantai salmos a seu Nome. Vinde e ouvi, todos vós que temeis a
Deus e eu vos contarei quanto de grande o Senhor operou em minha alma, aleluia.
Secreta
É a antiga «oração
sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
É neste último que
se faz propriamente a oblação do sacrifício.
Deus, qui nos,
per huius sacrifícii veneránda commércia, uníus summæ divinitátis partícipes
effecísti: præsta, quǽsumus; ut, sicut tuam cognóscimus veritátem, sic eam
dignis móribus assequámur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, que
pelo inefável comércio deste Sacrifício nos fizestes participar de vossa una e
suprema Divindade, fazei, Vos pedimos, que assim como já conhecemos a vossa
verdade, também cheguemos a alcançá-la, por um digno procedimento. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Communio / S.
João. 16. 8
Alternando com o
canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos
fiéis.
Nas Missas
cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações
seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Cum vénerit
Paráclitus Spíritus veritátis, ille árguet mundum de peccáto et de iustítia et
de iudício, allelúia, allelúia.
Quando vier o
Consolador, o Espírito da verdade convencerá o mundo que existe o pecado, a
justiça e o juízo, aleluia, aleluia.
Postcommunio
Súplica a Deus para
que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Adésto nobis,
Dómine, Deus noster: ut per hæc, quæ fidéliter súmpsimus, et purgémur a vítiis
et a perículis ómnibus eruámur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Assisti-nos, ó
Senhor, nosso Deus, e fazei que por estes Sacramentos que fielmente recebemos,
sejamos purificados de nossos vícios e livres de todos os perigos. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Meditação
A Grande Promessa
Ó Jesus, disponde o
meu coração para receber o Espírito Santo que nos prometestes e merecestes.
1 — Desde o Domingo passado que a Igreja começou a
preparar-nos para a Ascensão do Senhor; hoje, retomando o assunto, dá um passo
em frente, isto é, fala-nos da vinda do Espírito Santo e para isso serve-se
ainda de uma passagem do discurso de Jesus depois da última Ceia. É sempre o
Senhor que fala aos Apóstolos e continua a dispor as suas almas para a partida;
eles escutam, tristes e pensativos, sem terem a coragem de O interrogar. E o
Senhor, como uma boa mãe, quebra aquele penoso silêncio: «Vou para Aquele que
me enviou; e nenhum de vós me pergunta: para onde vais?» Por isso apressa-se a
consolá-los: «A vós convém que eu vá porque se eu não for, não virá a vós o
Consolador; mas se eu for, eu vo-lO enviarei» (Jo. 16, 5-14). De fato, só a
morte de Jesus nos pôde merecer este grande dom e só depois da Sua Ascensão ao
céu, o Espírito Santo, o Enviado do Pai e do Filho, pôde descer efetivamente
sobre a Igreja. Os Apóstolos estão quase a perder a presença sensível, física,
do Mestre adorado, mas Ele não os deixará órfãos e continuará a assistir-lhes
invisivelmente por meio do Seu Espírito que prosseguirá a Sua obra. Jesus
trabalhou no meio deles de um modo visível, o Espírito Santo fá-lo-á de um modo
secreto, e escondido, mas nem por isso menos eficaz e menos real. Assim, o
próprio Jesus diz que a ação do divino Paráclito completará a Sua: «Tenho ainda
muitas coisas a dizer-Vos, mas vós não as podeis compreender agora. Quando vier
porém aquele Espírito de verdade, Ele vos ensinará toda a verdade... Ele
receberá do que é meu, e vo-lo anunciará». O coração dos apóstolos, ainda
endurecido pelo pecado, não pode entender as verdades mais profundas; será
necessário que Jesus, morrendo na cruz, destrua o pecado, — o grande obstáculo
à ação do Espírito Santo — e, depois de subir ao céu, nos envie o divino
Paráclito, que nos mereceu pela Sua Paixão.
A descida do Espírito Santo às nossas almas é o
maior fruto da Paixão de Jesus.
2 — Do Evangelho de hoje podemos tirar algumas
conclusões práticas. Em primeiro lugar, devemos dispor-nos com ardor para o
Pentecostes a fim de que se renove em nós, em toda a sua plenitude, a descida
do Espírito Santo. E como o obstáculo à efusão do Espírito Santo é o pecado, a
nossa preparação consiste numa particular pureza de consciência. O pecado deve
ser destruído em nós, não só nas suas manifestações atuais, conquanto leves,
mas também nas suas raízes mais profundas e ocultas.
Devemos além disso estar convencidos de que na alma
em graça, e tanto mais quanto esta procura corresponder com fidelidade às
moções divinas, nunca falta uma certa ação do Espírito Santo, porém não é necessário
que esta ação seja sensível e consoladora. Na aridez e no desânimo o Espírito
Santo trabalha também na alma fiel: é uma ação totalmente secreta e oculta, mas
real e eficaz que tem por fim purificá-la e dispô-la para a união com Deus. A
alma que está convencida disto mantém-se confiante, mesmo através das
dificuldades e, se não compreende ou não vê o seu caminho, entrega-se ao
Espírito Santo, que bem sabe e vê onde a quer conduzir.
Finalmente, o Evangelho de hoje convida-nos a
invocar a ação do Espírito Santo sobre a Igreja e sobre todo o mundo. Sobre a
Igreja, para que a governe e dirija no cumprimento da sua missão; sobre o
mundo, para que o convença da verdade por ele rejeitada. «E Ele, quando vier –
disse Jesus – convencerá o mundo quanto ao pecado, à justiça e ao juízo», ou
seja, mostrar-lhe-á que é escravo do pecado por não ter acreditado em Cristo,
far-lhe-á compreender como só nEle, o Redentor, está a justiça e a santidade e
mostrar-lhe-á, por último, que o demônio, «o príncipe deste mundo», foi
finalmente vencido e condenado.
Extraído do
Livro Intimidade Divina — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição
(Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.
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