«Liturgia Dominical»
Ano 9 – nº 479 – 26 de abril de 2020
Ano 9 – nº 479 – 26 de abril de 2020
† 2º Domingo depois da Páscoa
Domingo do Bom Pastor
branco – 2ª classe.
Domingo do Bom Pastor
branco – 2ª classe.
Tão perto da Páscoa, este
domingo é como que uma síntese de tudo quanto de bom, de belo e de consolador
há neste Tempo. Visão suavíssima! Jesus, o Bom Pastor, no meio de suas ovelhas,
pelas quais havia dado a sua vida! Os primeiros Cristãos gostavam de demorar-se
nesta contemplação, como provam os desenhos nas catacumbas de Roma. Confiantes, nós nos aproximamos hoje da
igreja. É o Bom Pastor mesmo quem nos recebe e nos fala (Evangelho).
Lembrando-nos de tudo que fez por nós, cantamos jubilosos no Intróito: Da
misericórdia do Senhor está cheia a terra.
S. Pedro, que em si próprio experimentou todo o amor misericordioso do
Pastor, mostra-nos na Epistola a extensão e as finezas desse amor. E assim esclarecidos, temos a certeza de que
o Bom Pastor nos conhece, isto é, que nos vem instruir, fortalecer e iluminar
no santo Sacrifício da Missa (Communio).
Divulgação:
Intróito / MISERICORDIA
DOMINI — Salmo
32. 5-6, 1
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa
ou solenidade do dia.
Canto solene de
entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do
dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por
inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Misericórdia Dómini plena est terra, allelúia: verbo
Dómini cæli firmáti sunt, allelúia, allelúia. Ps. Exsultáte, iusti, in Dómino:
rectos decet collaudátio. ℣. Glória Patri.
Da
misericórdia do Senhor está cheia a terra, aleluia. Pela palavra do
Senhor foram criados os céus, aleluia, aleluia. Sl. Exultai, ó Justos, no
Senhor. Os retos de coração devem louvá-Lo. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse
dia para a nossa salvação.
A humilhação do
Filho de Deus eleva o mundo. Dando a vida pela salvação daqueles que o Pai lhe
confiara, Jesus revelou-se o autêntico Pastor, que Deus prometera ao seu povo.
Deus, qui in Fílii tui humilitáte iacéntem mundum
erexísti: fidélibus tuis perpétuam concéde lætítiam; ut, quos perpétuæ mortis
eripuísti cásibus, gaudiis fácias pérfrui sempitérnis. Per eundem Dominum
nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, que pela humilhação de vosso
Filho levantastes o mundo do abatimento em que jazia, concedei a vossos fiéis a
alegria perpétua, e, assim como os livrastes do perigo da morte eterna,
fazei-os gozar as alegrias eternas. Pelo mesmo Jesus Cristo.
Epístola de
São Pedro Apóstolo 1 2. 21-25
S. Pedro aplica a
Jesus, «em cujas feridas fomos curados», a profecia de Isaías, sobre o Messias
sofredor.
Caríssimi: Christus passus est pro nobis, vobis
relínquens exémplum, ut sequámini vestígia eius. Qui peccátum non fecit, nec
invéntus est dolus in ore eius: qui cum male dicerétur, non maledicébat: cum
paterétur, non comminabátur: tradébat autem iudicánti se iniúste: qui peccáta
nostra ipse pértulit in córpore suo super lignum: ut, peccátis mórtui, iustítiæ
vivámus: cuius livóre sanáti estis. Erátis enim sicut oves errántes, sed
convérsi estis nunc ad pastórem et epíscopum animárum vestrárum.
Caríssimos: 21O Cristo padeceu por nós, e deixou-vos o exemplo,
para que sigais as suas pegadas, 22Ele não cometeu pecado, nem engano foi
achado em sua boca1. 23Quando O injuriavam, a ninguém
injuriava; e quando maltratado, não ameaçava, mas entregava-se a quem
injustamente O julgava. 24Foi Ele mesmo quem levou os nossos
pecados em seu Corpo, sobre o madeiro [da cruz] para que, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça. Por suas chagas fostes curados2, 25pois, vós éreis como ovelhas desgarradas; agora,
porém, já vos convertestes ao Pastor e Bispo de vossas almas.
1 Isaías 53.9
2 Isaías 53.4-5
Alelúia / Lucas 24. 35; João 10. 14
Cantos, por via de
regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma
pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Aleluia é um grito
de júbilo, que significa: "louvai ao Senhor".
Allelúia,
alleluia. ℣. Cognovérunt
discípuli Dóminum Iesum in fractióne panis. Allelúia. ℣. Ego
sum pastor bonus: et cognósco oves meas, et cognóscunt me meæ. Allelúia.
Aleluia,
aleluia. ℣. Os
discípulos conheceram o Senhor Jesus na fração do pão. Aleluia. ℣. Eu
sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem.
Aleluia.
Evangelho segundo
São João 10. 11-16
«Conheço as minhas
ovelhas»; isto é, Jesus ama-as, precisa S. Gregório. «E as minhas ovelhas
conhencem-Me» — amam-Me e seguem-Me! Vede lá, irmãos, se sois, de fato,
do número das suas ovelhas, se O amais, se O seguis! (Homilia de matinas).
In illo témpore: Dixit Iesus pharisǽis: Ego sum
pastor bonus. Bonus pastor ánimam suam dat pro óvibus suis. Mercennárius autem
et qui non est pastor, cuius non sunt oves própriæ, videt lupum veniéntem, et
dimíttit oves et fugit: et lupus rapit et dispérgit oves: mercennárius autem
fugit, quia mercennárius est et non pértinet ad eum de óvibus. Ego sum pastor
bonus: et cognósco meas et cognóscunt me meæ. Sicut novit me Pater, et ego
agnósco Patrem, et ánimam meam pono pro óvibus meis. Et álias oves hábeo, quæ
non sunt ex hoc ovíli: et illas opórtet me addúcere, et vocem meam áudient, et
fiet unum ovíle et unus pastor.
Naquele
tempo, 11disse Jesus aos fariseus: Eu sou o bom
Pastor3. O Bom Pastor dá a sua vida por suas ovelhas. 12O mercenário, porém, o que não é pastor, de quem
não são próprias as ovelhas, vendo chegar o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o
lobo rouba e dispersa as ovelhas. 13O mercenário foge, porque é mercenário
e não lhe importam as ovelhas. 14Eu sou o Bom Pastor, e conheço as
minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. 15Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, eu
dou a minha vida pelas minhas ovelhas. 16Outras ovelhas tenho eu ainda que não
são deste aprisco. É preciso que eu as chame também, e ouvirão a minha voz, e
haverá um só rebanho e um só pastor.
3. Ou melhor: «o verdadeiro e perfeito
Pastor».
CREDO... Concluímos a
Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das
verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las
publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 62. 2 e 5
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou
Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório,
começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos
o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão,
oração sobre as oblatas.
Deus, Deus meus, ad te de luce vígilo: et in nómine
tuo levábo manus meas, allelúia.
Ó Deus, meu Deus, eu velo a invocar-Vos
desde a aurora; e em vosso Nome levantarei as minhas mãos, aleluia.
Secreta
É a antiga
"oração sobre as oblatas", ponto de ligação entre o Ofertório e o
Cânon.
É neste último que
se faz propriamente a oblação do sacrifício.
Benedictiónem nobis, Dómine, cónferat salutárem
sacra semper oblátio: ut, quod agit mystério, virtúte perfíciat. Per Dominum
nostrum Iesum Christum.
Fazei,
Senhor, que esta sagrada Oblação nos obtenha sempre a vossa bênção salutar,
para que produza por sua força o que representa no Mistério. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Communio / S.
Joao 10. 14
Alternando com o
canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos
fiéis.
Nas Missas
cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações
seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Ego sum pastor bonus, allelúia: et cognósco oves
meas, et cognóscunt me meæ, allelúia, allelúia.
Eu
sou o bom Pastor, aleluia. E conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me
conhecem, aleluia, aleluia.
Postcommunio
Súplica a Deus para
que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Præsta
nobis, quǽsumus, omnípotens Deus: ut, vivificatiónis tuæ grátiam consequéntes,
in tuo semper múnere gloriémur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Concedei-nos,
ó Deus onipotente, que, tendo alcançado a graça de uma vida nova, sempre
nos gloriemos em vossas dádivas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
O Bom Pastor
Venho a Vós, ó
Jesus, meu bom Pastor, conduzi-me às pastagens da vida eterna.
1 — Na doce figura do Bom Pastor, a liturgia de
hoje resume tudo o que Jesus fez pelas nossas almas.
O Pastor é tudo para as suas ovelhas: a sua vida, o
seu alimento, a sua guarda, estão inteiramente nas suas mãos e se o pastor é
bom, sob a sua proteção nada tem a temer e nada lhes faltará.
Jesus é o Bom Pastor por excelência: Ele não só
ama, alimenta e guarda as suas ovelhas, mas dá-lhes a sua própria vida e dá-lha
à custa da Sua. Mediante a encarnação, o Filho de Deus veio à terra em busca
dos homens que, semelhantes a ovelhas perdidas, se afastaram do redil e se
perderam no vale tenebroso do pecado. Vem como pastor amantíssimo que, para
melhor socorrer o Seu rebanho, não hesita em partilhar a sua sorte. A Epístola
do dia (I Ped. 2, 21-25), apresenta-no-Lo assim, carregando os
nossos pecados para nos curar pela Sua Paixão. «Foi Ele mesmo que
levou os nossos pecados em Seu corpo, sobre o madeiro da cruz a fim de que,
mortos para os pecados, vivamos para a justiça; éreis como ovelhas desgarradas,
mas agora vos convertestes ao Pastor e bispo das vossas almas». «Eu sou o Bom
Pastor — disse Jesus — e dou a vida pelas minhas ovelhas». No ofício do tempo
pascal a Igreja canta repetidas vezes: «Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a
vida pelas suas ovelhas e se dignou morrer pelo seu rebanho». Como
poderia sintetizar-se melhor toda a obra da redenção? Esta surge ainda mais
grandiosa quando da boca de Jesus ouvimos dizer: «Eu vim para que elas tenham
vida e estejam na abundância» (Jo. 10, 10).
Na verdade Ele podia repetir a cada um de nós: «que coisa poderia Eu fazer por
ti que não tivesse feito?» (cfr. Is. 5, 4).
Oh! se a nossa generosidade em nos darmos a Ele não tivesse limites, como não
teve a Sua ao dar-Se a nós!
2 — Jesus diz ainda: «Eu conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-me, como o Pai me conhece, assim eu conheço o Pai»
(Jo. 10, 11-16). Ainda que não se trate de igualdade,
mas de simples semelhança, quão reconfortante e quão glorioso é para nós
ver como Jesus gosta de comparar as suas relações conosco às Suas relações com
o Pai! Na última ceia também disse: «Como o Pai me amou, assim eu vos amei», e
ainda: «Como tu, Pai o és em mim e eu em Ti, que também eles sejam um em nós»
(Jo. 15, 9; 17, 21). Isto mostra-nos como, entre nós — as ovelhas — e
Jesus — o Bom Pastor — não existe só uma relação de conhecimento, mas também de
amor, de comunidade de vida, semelhante à que existe entre o Pai e o Filho.
Chegamos a estas relações com o nosso Deus — tão profundas que nos fazem
participar da Sua própria vida íntima — mediante a graça, a fé e a caridade que
o Bom Pastor nos mereceu, dando a Sua vida por nós.
Entre o Bom Pastor e as Suas ovelhas estabelece-se
assim uma íntima relação de conhecimento amoroso, tão íntima, que o Pastor
conhece uma a uma as Suas ovelhas e as chama pelo nome e elas conhecem a Sua
voz e seguem-No docilmente. Cada alma pode dizer: Jesus conhece-me e ama-me,
não de um modo genérico e abstrato, mas concreto, nas minhas necessidades, nos
meus desejos, na minha vida. Para Ele, conhecer-me significa fazer-me bem,
envolver-me cada vez mais com a Sua graça, santificar-me. Porque me ama, Jesus
chama-me pelo meu nome. Chama-me quando, na oração, me abre novos horizontes de
vida espiritual, ou me faz conhecer melhor os meus defeitos, a minha miséria.
Chama-me quando me repreende ou me purifica por meio da aridez e quando me
consola e encoraja, infundindo-me novo fervor. Chama-me, quando me faz sentir a
necessidade de maior generosidade, quando me pede sacrifícios ou me concede
alegrias e, mais ainda, quando desperta em mim um amor mais profundo por Ele.
Perante os seus apelos, a minha atitude deve ser a da ovelha dedicada que
reconhece a voz do seu Pastor e O segue sempre.
Extraído do Livro
Intimidade Divina — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.
Nenhum comentário:
Postar um comentário