sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Edição nº 303


« Liturgia Dominical »
Ano 6 – nº 303   5 de fevereiro de 2017
† 5º Domingo depois da Epifania
verde – 2ª classe.
« Colhei primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar; o trigo, porém, e recolhei-o em meu celeiro. » Ev.

Intróito / ADORÁTE DEUM Salmo 96. 7-8, 1
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Adorai a Deus1, vós todos os seus Anjos. Sião ouve e se alegra. Exultam as filhas de Judá. Sl. O Senhor é Rei: exulte a terra e alegrem-se as muitas ilhas. .Glória ao Pai.
1 A epístola aos Hebreus (1.6) interpreta estas palavras como ordem, dada aos anjos, de adorar o Verbo Encarnado afirmação da transcendência divina de Jesus.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
Nós Vos suplicamos, Senhor, guardeis continuamente a vossa família com paternal bondade, para que, esperançada somente em vossa graça celeste, seja sempre fortalecida com a vossa proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos Colossenses 3. 12-17
« Assim como Deus vos perdoou, assim deveis perdoar também aos outros. » Eis a grande lei da caridade. Pode haver outros motivos, mas não mais essenciais nem mais convincentes.
Irmãos: 12como eleitos de Deus, santos e diletos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de benignidade, humildade, modéstia e paciência. 13Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, se um tiver motivo de queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou assim fazei também vós. 14Acima de tudo isto, tende caridade, que é o vínculo da perfeição. 15Triunfe em vossos corações a paz do Cristo, para a qual também fostes chamados como sendo um só corpo; e sede agradecidos. 16A palavra do Cristo habite em vós com abundancia; com toda a sabedoria, instrui-vos e exortai-vos uns aos outros. Cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus, com a gratidão em vossos corações. 17Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, seja tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, rendendo por ele graças a Deus Pai, por Jesus Cristo, Senhor nosso.
Gradual / Salmo 101. 16-17
Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
As nações temem o vosso Nome, Senhor, e todos os reis da terra, a vossa gloria. . Porque o Senhor edificou Sião e se manifesta em sua Majestade.
Aleluia / Salmo 96. 1
« Aleluia » é um grito de júbilo, que significa: « louvai ao Senhor ».
Aleluia, Aleluia. . O Senhor é Rei; exulte a terra e alegrem-se as muitas ilhas. Aleluia.
Evangelho segundo São Mateus 13. 24-30
No campo das almas, o próprio joio é susceptível de se mudar em trigo, sob o influxo da graça de Deus. A paciência divina espera a conversão do pecador.
Naquele tempo, 24disse Jesus às turbas esta parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. 25Enquanto, porém, os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou o joio entre o trigo, e retirou-se. 26Quando a erva cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. 27Então os criados do pai de família foram ter com ele e lhe disseram: Senhor, porventura não semeaste boa semente em teu campo? Donde vem, pois, o joio? 28Respondeu-lhes ele: Algum homem inimigo fez isto! Perguntaram-lhe os servos: Queres que vamos arranca-lo? 29Não, respondeu ele, para que não suceda que tirando o joio, arranqueis juntamente com ele o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a ceifa; e no tempo da ceifa, direi aos segadores: Colhei primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar; o trigo, porém, e recolhei-o em meu celeiro.
Pregação
Divulgação:
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 117. 16-17
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
A Destra do Senhor mostra o seu poder; a Destra do Senhor me exalta; não morrerei, mas viverei, e cantarei as obras do Senhor.
Secreta
É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon. É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.
Nós Vos oferecemos, Senhor, estas hóstias de reconciliação, afim de que por vossa piedade nos absolvais de nossas faltas e sustenteis os nossos corações inconstantes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / S. Lucas 4. 22
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Todos se admiravam das palavras que saiam da boca de Deus.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Dignai-Vos, ó Deus onipotente, fazer que alcancemos o efeito da salvação eterna, cujo penhor já recebemos nestes sagrados Mistérios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
O Vínculo da Perfeição
Deus meu, fazei que acima de tudo eu deseje e busque a perfeição do amor.
1 — A Epístola de hoje (Col. 3, 12-17) chama a nossa atenção para o dever fundamental do cristão: a caridade. Pouco valem todos os programas e propósitos de vida espiritual, se não estão animados pelo amor e não conduzem à perfeição do amor. Pouco valem o desprendimento, a mortificação, a humildade e todas as outras virtudes se não dispõem o coração para uma caridade mais profunda, mais plena, mais expansiva. « Sobretudo — recomenda S. Paulo — tende caridade que é o vínculo da perfeição ».
Não somente amor para com Deus, mas também amor para com o próximo; mais ainda, é propriamente sob este aspecto que o Apóstolo, na Epístola do dia, fala da caridade, mostrando com grande sutileza como todas as nossas relações com o próximo devem ser inspiradas pelo amor. « Como escolhidos de Deus, santos e amados, revesti-vos de misericórdia, de benignidade, de humildade, de modéstia, de paciência; sofrendo uns aos outros e perdoando-Vos mutuamente se algum tem razão de queixa contra o outro ». A característica dos elei­tos de Deus, dos Seus amados e santos, é exatamente o amor fraterno; sem este distintivo Jesus não nos reconhece por Seus discípulos, o Pai celeste não nos ama como a Seus filhos, nem nos introduzirá no Seu reino. A vida espiritual requer o uso de muitos meios, comporta o exercício de muitas virtudes, mas é preciso estarmos atentos para não nos perdermos e não pararmos em particularidades, esquecendo o mais pelo menos, isto é, esquecendo o amor que deve ser o fundamento e o fim de tudo. Para que serviria a vida espiritual e a própria consagração a Deus, para que serviriam os votos religio­sos se não ajudassem as almas a tender ao amor perfeito?
Eis o amor perfeito que o Apóstolo nos pede que tenhamos para com o próximo: misericórdia, compaixão; perdão recíproco, cordial, que não dá lugar a divisões ou atritos, que supera os contrastes e esquece as ofensas; caridade longânime que suporta qualquer sacrifício e vence qualquer dificuldade para estar em paz com todos, porque todos formamos em Cristo « um só corpo » porque todos somos filhos do mesmo Pai celeste.
Uma semelhante caridade fraterna é a garantia mais certa duma vida espiritual a caminho da santidade.
2 — A Epístola apresenta-nos o ideal da vida cristã, ideal de amor que deve unir todos os fiéis num só coração; o Evangelho (Mt. 13, 24-30) mostra-nos o terreno prático em que se há-de viver este ideal.
« O Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas veio o seu inimigo e semeou cizânia no meio do trigo ». No mundo, que é o Seu campo, semeou Deus o bem a mãos cheias, semeou graça e amor, semeou desejos de doação total, ideais de vida apostólica, de vida religiosa, de vida santa. Mas no meio de tanto bem veio o inimigo semear o mal. Porque permite Deus isto? Para joeirar os Seus servos, tal como se joeira o grão, a fim de os por à prova.
Às vezes escandalizamo-nos ao reparar que o mal se insinua até nos melhores ambientes, vendo que até entre os amigos de Deus, entre os que deveriam servir de edificação aos outros, há alguns que se comportam indignamente; então, cheios de zelo, como os servos da parábola, quereríamos dar remédio e arrancar a ci­zânia: « Queres que vamos e a arranquemos? » Porém Deus responde-nos: « Não, para que talvez não suceda que, arrancando a cizânia, arranqueis juntamente com ela o trigo ».
A cizânia é poupada não porque seja boa, mas em atenção ao trigo; assim Deus poupa os maus e não os tira do meio de nós para o bem dos Seus escolhidos. Ao pedir-nos que suportemos com paciência determinadas situações, tão inevitáveis quão deploráveis, Deus pede-nos certamente um dos maiores atos de caridade, de compaixão, de misericórdia. Deus não diz que pactuemos com o mal, com a cizânia, mas que a suportemos com a paciência com que Ele mesmo a suporta. Porventura não houve um traidor no colégio apostólico? E contudo, Jesus qui-lo entre os Seus íntimos e com que amor o tratou! A maior caridade é a exercida em favor daqueles que, pela sua má conduta nos proporcio­nam muitas ocasiões de perdoar, de pagar o mal com o bem e de sofrer injustiças por amor de Deus. Além disso devemos considerar que, se é impossível a cizânia converter-se em trigo, é sempre possível, no entanto, que os maus se convertam em bons. Acaso não se converteram a Madalena, o bom ladrão e o próprio Pedro que havia negado a Jesus? Este é um dos motivos mais fortes que nos devem impelir à bondade para com todos. O amor, quando é perfeito, permite-nos viver ao lado dos maus sem asperezas, sem contendas, sem sofrer a sua influência, mas pelo contrário, fazendo-lhes bem.
Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.

Nenhum comentário:

Postar um comentário