«Liturgia da Santa Missa»
Ano 12 – nº 663 – 22 de junho
de 2023
† Coração Eucarístico de Jesus
branco – 3a. classe.
O culto ao Coração Eucarístico de Jesus não difere
substancialmente do culto que a Igreja tributa ao Sagrado Coração de Jesus. Ela
venera com respeito, amor e gratidão, o símbolo do amor supremo pelo qual Jesus
Cristo instituiu o sacramento da Eucaristia, para permanecer conosco
permanentemente. Com todo o direito, há de ser venerado com culto especial esse
adorável desígnio do Coração de Jesus Cristo, demonstração suprema de seu amor.
Por essa razão, o Papa Leão XIII erigiu na igreja de São Joaquim, em Roma,
confiada aos Redentoristas, uma arquiconfraria sob o título de Coração
Eucarístico de Jesus que nos dá a santíssima Eucaristia. Pio XII, na encíclica
Haurietis aquas, promoveu essa devoção em estas palavras: “Não será fácil
compreender a força do amor que levou Jesus Cristo a dar-se a nós como alimento
espiritual, se não se fomenta de modo especial o culto ao Coração Eucarístico
de Jesus”. (Extraído do Formulário para a Santa Missa na forma ordinária da
Memória Facultativa do Coração Eucarístico de Jesus.
Disponível em: https://padrepauloricardo.org/blog/formulario-para-a-missa-do-coracao-eucaristico-de-jesus Acesso em: 25 jun 2020).
«Coração Eucarístico de Jesus,
aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade».
Intróito / Scíens
Jesus – João 13. 1; Salmo 97. 1
Canto
solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou
solenidade do dia.
Sciens Jesus, quia venit hora
ejus, ut tránseat ex hoc mundo ad Patrem: cum dilexísset suos, qui erant in
mundo, in finem diléxit eos. Allelúia, allelúia. Ps. Cantáte Dómino cánticum
novum: quia mirabília fecit. ℣. Glória Patri.
Sabendo Jesus que era chegada a sua hora
de passar deste mundo ao Pai, como tinha amado os seus, que estavam no mundo,
amou-os até o fim. Aleluia, aleluia. Sl. Cantai ao Senhor um cântico novo,
porque Ele fez maravilhas. ℣. Glória
ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Dómine Jesu Christe, qui,
divítias amóris tui erga hómines effúndens, Eucharístiæ Sacraméntum condidísti:
da nobis, quæsumus; ut amantíssimum Cor tuum dilígere, et tanto Sacraménto
digne semper uti valeámus: Qui vivis et regnas.
Senhor, Jesus Cristo, que,
derramando as riquezas de vosso amor sobre os homens, instituístes o Sacramento
da Eucaristia, concedei-nos, Vo-Lo suplicamos, que amemos vosso amantíssimo
Coração, e recebamos sempre dignamente tão grande Sacramento. Vós, que viveis e
reinais.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos Efésios 3. 8-19
Leitura
ordinariamente extraída das epístolas ou cartas dos Apóstolos; daí o seu nome.
Fratres: Mihi, ómnium sanctórum mínimo data est
grátia hæc, in géntibus evangelizáre investigábiles divítias Christi, et
illumináre omnes, quæ sit dispensátio sacraménti abscónditi a sǽculis in Deo,
qui ómnia creávit: ut innotéscat principátibus et potestátibus in cæléstibus
per Ecclésiam multifórmis sapiéntia Dei, secúndum præfinitiónem sæculórum, quam
fecit in Christo Jesu, Dómino nostro, in quo habémus fidúciam et accéssum in
confidéntia per fidem ejus. Propter quod peto, ne deficiátis in tribulatiónibus
meis pro vobis: quæ est glória vestra. Hujus rei grátia flecto génua mea ad
Patrem Dómini nostri Jesu Christi, ex quo omnis patérnitas in cælis et in terra
nominátur, ut det vobis, secúndum divítias glóriæ suæ, virtúte corroborári per
Spíritum ejus in interiórem hóminem, Christum habitáre per fidem in córdibus
vestris: in caritáte radicáti et fundáti, ut póssitis comprehéndere cum ómnibus
sanctis, quæ sit latitúdo et longitúdo et sublímitas et profúndum: scire étiam
supereminéntem sciéntiæ caritátem Christi, ut impleámini in omnem plenitúdinem
Dei.
Irmãos: 8A mim, o
mínimo de todos os Santos [Cristãos], foi dada a graça de anunciar entre os
gentios as incompreensíveis riquezas do Cristo, 9e de
esclarecer a todos qual seja a economia do Mistério escondido, desde o
princípio dos séculos, em Deus, que criou todas as coisas. 10Agora, porém,
aos principados e potestades nos céus se patenteia pela Igreja a multiforme
sabedoria de Deus, 11segundo a determinação
eterna que fez em Jesus Cristo, Nosso Senhor. 12NEle temos a
liberdade e o acesso com a confiança, pela fé que nEle professamos. 13Pelo que eu
vos rogo que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós outros; pois que
elas vos são gloriosas. 14Por esta
razão é que dobro os joelhos diante do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, 15do qual toda
a grande família, que está no céu e na terra, 16toma o nome,
para que, segundo as riquezas de sua glória, vos conceda sejais fortalecidos em
virtude, segundo o homem interior, por seu Espírito. 17E o Cristo
habite pela fé em vossos corações, arraigados e fundados no Amor 18para que
possais compreender com todos os Santos, qual seja a largura e o comprimento, a
altura e a profundidade [deste Mistério do Cristo] 19e conhecer
também aquele Amor do Cristo, que excede a toda ciência, para que sejais cheios
de toda a plenitude de Deus.
Gradual / Isaías 12. 6
Gradual e
Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que
traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou
sugeridos pelo Mistério do dia.
Exsúlta
et lauda, habitátio Sion, quia magnus in médio tui Sanctus Israel. ℣. Notas
fácite in pópulis adinventiónes ejus.
Exultai e louvai,
habitantes de Sião, porque o Grande, o Santo de Israel, está no meio de
Vós. ℣. Fazei conhecidas, entre
as nações, as obras que Ele fez.
Aleluia / Zacarias 9. 17
Allelúia, allelúia. ℣. Quid bonum ejus est et quid pulchrum ejus, nisi
fruméntum electórum et vinum gérminans vírgines? Allelúia.
Aleluia, aleluia. ℣.
Que tem o
Senhor de melhor e de mais precioso que o Pão dos eleitos e o Vinho que germina
Virgens? Aleluia.
Evangelho segundo São Lucas 22. 15-20
Proclamação
solene da Palavra de Deus. Ponto culminante desta primeira parte da Missa, a
leitura ou canto do Evangelho, é revestida da maior solenidade. O respeito para
com ele, exige seja escutado de pé.
Cristo instituiu a Eucaristia e o sacerdócio para perpetuar nos séculos
o sacrifício da Cruz.
In illo témpore: Dixit Jesus discípulis suis:
Desidério desiderávi hoc pascha manducáre vobíscum ántequam pátiar. Dico enim
vobis, quia ex hoc non manducábo illud, donec impleátur in regno Dei. Et
accépto cálice, grátias egit et dixit: Accípite et divídite inter vos. Dico
enim vobis, quod non bibam de generatióne vitis, donec regnum Dei
véniat. Et accépto pane, grátias egit, et fregit, et dedit eis, dicens:
Hoc est corpus meum, quod pro vobis datur: hoc fácite in meam
commemoratiónem. Similiter et cálicem, postquam cœnávit, dicens: Hic est
calix novum testaméntum in sánguine meo, qui pro vobis fundétur.
Naquele
tempo, 15disse Jesus a seus
discípulos: Desejei vivamente comer convosco este Cordeiro pascal, antes de
padecer. 16Digo-vos, pois, que não
mais o comerei até que isto se realize no Reino de Deus. 17E tomando o
cálice, rendeu graças e disse: Tomai, e distribuí-o entre vós. 18Porque eu vos
digo que não mais beberei do fruto da vide até que chegue o Reino de
Deus. 19E tomando o pão, rendeu
graças, partiu-o e o deu a eles, dizendo: Isto é o meu Corpo, que por vós é
dado; fazei isto em memória de mim. 20Igualmente
tomou o cálice, após ter ceado, dizendo: Este é o cálice do novo Testamento em
meu Sangue, que por vós será derramado.
CREDO... Concluímos a Ante-Missa com essa
profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da
fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de
fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 30. 20
Com o
Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Quam
magna multitúdo dulcédinis tuæ, Dómine, quam abscondísti timéntibus te!
Allelúia.
Como é grande,
Senhor, a abundância de vossa doçura que tendes reservado para os que Vos
temem, aleluia.
Secreta
É a
antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Tuére
nos, Dómine, tua tibi holocáusta offeréntes: ad quæ ut fervéntius corda nostra
præparéntur, flammis adúre tuæ divínæ caritátis: Qui vivis.
Protegei-nos, Senhor, enquanto Vos oferecemos nosso
sacrifício, e para que, oferecendo-o, estejam os nossos corações mais
fervorosamente dispostos, abrasai-os nas chamas de vosso divino Amor. Vós, que
viveis.
Communio / Mateus 28. 20
Alternando
com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão
dos fiéis.
Ecce, ego vobíscum
sum ómnibus diébus usque ad consummatiónem sǽculi: dicit Dóminus. Allelúia.
Eis que estou convosco
todos os dias até a consumação dos séculos, diz o Senhor, aleluia.
Postcommunio
Súplica a
Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Divínis
donis Cordis tui satiáti: quǽsumus, Dómine Jesu, ut in tui semper amóre
permanére et usque in finem créscere mereámur: Qui vivis et regnas.
Concedei-nos, Senhor Jesus, que, saciados pelos Dons
divinos de vosso Coração, possamos viver sempre em vosso amor, e nele crescer
até o fim. Vós, que viveis.
Meditação
O Sagrado Coração e a Eucaristia
Sagrado Coração de Jesus,
ensinai-me a viver conVosco no sacramento do Vosso amor.
1 – A devoção ao Sagrado Coração
deve levar-nos a uma vida de íntima união com Jesus, e Jesus –
bem o sabemos – encontra-Se vivo e verdadeiro na Eucaristia. Estas
duas devoções, ao Sagrado Coração e à Eucaristia, estão intimamente
ligadas entre si. Atraem-se e – poderia até dizer-se –
exigem-se mutuamente. O Sagrado Coração explica-nos o mistério do
amor de Jesus que Se fez pão para nos alimentar com a
Sua substância e, por outro lado, na Eucaristia temos a presença real
deste mesmo Coração vivo no meio dos homens. É belo contemplar o
Coração de Jesus como símbolo do Seu amor infinito, mas é ainda mais
belo encontrá-lO sempre vivo, perto de nós, no
Sacramento do altar. O Sagrado Coração que nós honramos não é o
coração de um morto que já não palpita, com cuja lembrança nos contentamos, mas
é o coração de um vivo, eternamente vivo. Vivo não somente no
céu, onde reside gloriosa a Humanidade santa de Jesus, mas também na
terra onde quer que se conserva a Eucaristia; e, na Eucaristia, este
Coração repete-nos: «Eis que eu estou convosco todos os dias até
à consumação dos séculos» (Mt. 28, 20). Na Comunhão, este Coração vem palpitar em
nós, vem pôr-Se em contato com o nosso coração, vem
alimentar-nos com a Sua Carne e com o Seu Sangue, a fim de que nós
permaneçamos NEle e Ele em nós. «Na Eucaristia – diz Bento XV –
este divino Coração governa-nos e ama-nos vivendo e habitando conosco para
que nós vivamos e habitemos nEle, porque neste Sacramento... Ele
oferece-Se e dá-Se a nós como vítima, como companheiro, como
alimento, como viático e como penhor da glória futura».
2 – A presença eucarística de Jesus em
nós, limita-se aos breves momentos que duram as sagradas espécies e
cessa logo que estas se consomem. Todavia Jesus, declarou expressamente:
«O que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em
mim e eu nele» (Jo. 6, 37). O
verbo «permanecer» não pode indicar um estado passageiro, mas exprime
algo de estável, de duradouro; leva-nos a pensar numa união com Jesus que permanece
mesmo quando as espécies sagradas estão já consumidas. E assim é, na verdade.
Acima de tudo, perdura a união com a Divindade de Jesus, pois as três Pessoas
divinas inabitam continuamente nas almas em graça; além disso perdura também
uma certa união com a Sua Humanidade, a qual embora não estando já
presente no comungante com a Sua substância, o está porém
pelo influxo da Sua presença operante e pela efusão da
Sua graça. Se, destruídas as aparências do pão e do vinho, o Coração
de Jesus não está já em nós pela presença sacramental, todavia
permanece conosco espiritualmente pela irradiação do Seu amor e da
Sua atividade vivificante, visto que tudo quanto nós recebemos
na ordem sobrenatural, recebemo-lo sempre por mediação da Humanidade
santíssima de Cristo. Esta união espiritual com Jesus e com o Seu Sagrado
Coração não exige essencialmente a Comunhão, somente requer
o estado de graça; contudo o pão eucarístico alimenta, consolida
e reforça tal união, torna-a mais profunda no sentido de que Jesus
toma cada vez mais sob a Sua influência a alma do comungante, e de que o Seu
Coração divino comunica cada vez mais o Seu amor e todas as Suas
virtudes ao coração de quem O recebe sacramentado. Por isso não é uma utopia
aspirar à união efetiva e permanente com Jesus, com o
Seu Coração; antes é justamente esta a união que a Igreja nos faz
pedir cada dia na belíssima oração que, na Missa precede a Comunhão: «a te numquam
separari permittas», nunca permitais que eu me separe de Vós.
MADALENA,
Padre Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina. 2. ed.
Porto: Edições Carmelitanas, 1967, p. 835-837.
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