«Liturgia Dominical»
Ano 9 – nº 498 – 9 de agosto de 2020
Ano 9 – nº 498 – 9 de agosto de 2020
† 10º Domingo depois
de Pentecostes
verde – 2a. classe.
verde – 2a. classe.
Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos
humildes, eis o tema desta Missa. Todos os textos deste formulário falam-nos da
virtude fundamental da vida cristã: a humildade. O Evangelho, com a parábola do
fariseu e do publicano, é uma bela ilustração desta virtude. Assim instruídos,
façamos nossos os sentimentos de humilde confiança na bondade de Deus,
expressos nos Cânticos e nas Orações, e voltaremos justificados para
as nossas casas.
«Graças Vos dou, ó Deus, porque não sou como os demais homens:
Avisos Paroquiais
Teremos
5 (cinco) Santas Missas para o cumprimento do preceito dominical: Sábado às
19h; Domingo às 6h, 8h, 16h e 19h.
Serão
transmitidas pelas redes sociais, a Santa Missa das 8h (via Facebook, YouTube e
Rádio Bom Jesus AM 1170 Khz) e a das 19h (via Facebook e YouTube).
Divulgação:
(Transmissão ao Vivo - Santa Missa 8h e 19h)
(Transmissão ao Vivo - Santa Missa 8h e 19h)
Intróito / CUM
CLAMÁREM — Salmo 54. 17-23;
2-3
O
Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da
Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um
salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só
versículo.
Cum clamárem ad Dóminum,
exaudívit vocem meam, ab his, qui appropínquant mihi: et humiliávit eos, qui
est ante saecula et manet in ætérnum: iacta cogitátum tuum in Dómino, et ipse
te enútriet. Ps. Exáudi, Deus, oratiónem meam, et ne despéxeris deprecatiónem
meam: inténde mihi et exáudi me. ℣. Glória Patri.
Clamei
ao Senhor, e Ele ouviu a minha voz e me livrou daqueles que me perseguem. E
humilhou-os O que existe antes dos séculos, e subsistirá para sempre. Descansa
no senhor os teus cuidados, e Ele mesmo te nutrirá. Sl. Ouvi, Ó Deus, a minha
oração, e não desprezeis a minha súplica; atendei-me e escutai-me. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos
ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Se Deus põe a sua onipotência ao serviço da sua misericórdia, podemos,
mau grado as nossas faltas, dirigir-nos a Ele, e, apoiados na esperança,
correr, sem temor, para a realização das suas promessas.
Deus, qui omnipoténtiam tuam
parcéndo máxime et miserándo maniféstas: multíplica super nos misericórdiam
tuam; ut, ad tua promíssa curréntes, cæléstium bonórum fácias esse consórtes.
Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, que manifestais a vossa onipotência, antes de tudo, compadecendo-Vos
e perdoando, aumentai para conosco a vossa misericórdia1 e buscando as vossas
promessas, fazei-nos participar dos bens celestes. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo.
1. Gratiam tuam em vez de misericordiam, na redação primitiva.
Epístola
de São Paulo Apóstolo aos Coríntios I. 12. 2-11
A diversidade dos dons espirituais concedidos por Deus têm em vista o
bem de todos, e é manifestação da presença do Espírito de Deus numa comunidade.
Fratres: Scitis, quóniam, cum
gentes essétis, ad simulácra muta prout ducebámini eúntes. Ideo notum
vobisfacio, quod nemo in Spíritu Dei loquens, dicit anáthema Iesu. Et nemo
potest dícere, Dóminus Iesus, nisi in Spíritu Sancto. Divisiónes vero gratiárum
sunt, idem autem Spíritus. Et divisiónes ministratiónum sunt, idem autem
Dóminus. Et divisiónes operatiónum sunt, idem vero Deus, qui operátur ómnia in
ómnibus. Unicuíque autem datur manifestátio Spíritus ad utilitátem. Alii quidem
per Spíritum datur sermo sapiéntiæ álii autem sermo sciéntiæ secúndum eúndem
Spíritum: álteri fides in eódem Spíritu: álii grátia sanitátum in uno Spíritu:
álii operátio virtútum, álii prophétia, álii discrétio spirítuum, álii génera
linguárum, álii interpretátio sermónum. Hæc autem ómnia operátur unus atque
idem Spíritus, dívidens síngulis, prout vult.
Irmãos:
2Sabeis
que, quando pagãos, vos deixastes conduzir, como o quiseram, aos ídolos mudos. 3Por
isso vos faço saber que ninguém, falando, pelo Espírito de Deus, profere
maldições contra Jesus. E ninguém pode dizer: Senhor Jesus, senão no Espírito
Santo. 4Há realmente diversidade de graças, mas há um só Espírito. 5Há
diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. 6E há
diversidade de operações, mas um mesmo é o Deus, que tudo em todos opera. 7A
cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para utilidade (comum). 8Assim,
a um é concedida pelo Espírito a palavra da sabedoria, a outro, a palavra da
ciência, pelo mesmo Espírito; 9a um terceiro, a fé pelo mesmo Espírito, a um, a graça de curar doenças
no mesmo Espírito, 10a outro o dom dos milagres; a este, o dom da profecia, àquele, o
discernimento dos espíritos; ainda a um, o dom das línguas, e a outro, a
interpretação das palavras. 11Todas estas coisas, porém, opera o mesmo Espírito, que distribui a cada
um como quer.
Gradual / Salmo
16. 8,
2
Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados
dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da
Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Custódi me, Dómine, ut pupíllam
óculi: sub umbra alárum tuárum protege me. ℣. De vultu tuo
iudícium meum pródeat: óculi tui vídeant æquitátem.
Guardai-me,
Senhor, como a pupila dos olhos; protegei-me à sombra de vossas asas. ℣. Venha de vossa face o meu julgamento; vejam os vossos olhos o que é
justo.
Aleluia
/ Salmo 64. 2
Allelúia, alleluia. ℣. Te decet hymnus, Deus, in Sion: et tibi reddétur votum in Ierúsalem. Allelúia.
Aleluia,
aleluia. ℣. A vós, ó Deus, convém louvar em Sião; e a vós se pagará o voto em
Jerusalém. Aleluia.
Evangelho segundo
São Lucas 18. 9-14
A humildade atrai a benevolência divina; é familiar aos santos, que
vivem em espirito de dependência total e constante em face de Deus.
In illo témpore: Dixit Iesus ad
quosdam, qui in se confidébant tamquam iusti et aspernabántur céteros,
parábolam istam: Duo hómines ascendérunt in templum, ut orárent: unus
pharisaeus, et alter publicánus. Pharisaeus stans, hæc apud se orábat: Deus, grátias
ago tibi, quia non sum sicut céteri hóminum: raptóres, iniústi, adúlteri: velut
étiam hic publicánus. Ieiúno bis in sábbato: décimas do ómnium, quæ possídeo.
Et publicánus a longe stans nolébat nec óculos ad cælum leváre: sed percutiébat
pectus suum, dicens: Deus, propítius esto mihi peccatóri. Dico vobis: descéndit
hic iustificátus in domum suam ab illo: quia omnis qui se exáltat,
humiliábitur: et qui se humíliat, exaltábitur.
Naquele
tempo, 9disse Jesus esta parábola a alguns que se tinham a si mesmos em conta de
justos, e desprezavam os outros: 10Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro,
publicano. 11O fariseu, de pé, orava assim em seu íntimo: Graças Vos dou, ó Deus,
porque não sou como os demais homens: como os ladrões, injustos, adúlteros, nem
como este publicano. 12Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo quanto possuo. 13O
publicano, porém, ficando de longe nem ousava levantar os olhos ao céu, mas
batia no peito, e dizia: Ó Deus, sede propicio a mim pecador. 14Digo-vos
que este voltou justificado para a sua casa, e aquele, não; porque, o que se
eleva será humilhado, e o que se humilha, será exaltado.
CREDO...
Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a
Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no
Batismo.
Ofertório / Salmo
24.
1-3
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício
propriamente dito.
Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas,
canto de procissão, oração sobre as oblatas.
Ad te, Dómine,
levávi ánimam meam: Deus meus, in te confído, non erubéscam: neque irrídeant me
inimíci mei: étenim univérsi, qui te exspéctant, non confundéntur.
A Vós, Senhor, elevo a minha alma; meu Deus, em Vós confio, não serei
envergonhado. Não se riam de mim os meus adversários, porque, todos os que em
Vós esperam, não serão confundidos.
Secreta
É a antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório
e o Cânon.
Tibi, Dómine, sacrifícia dicáta
reddántur: quæ sic ad honórem nóminis tui deferénda tribuísti, ut eadem remédia
fíeri nostra præstáres. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
A Vós,
Senhor, sejam consagrados estes sacrifícios que nos concedestes oferecer em
honra de vosso Nome, para que ao mesmo tempo se tornem remédio para as nossas
almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / Salmo
50. 21
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode
acompanhar) a comunhão dos fiéis. Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o
sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a
alma os frutos da Comunhão.
Acceptábis sacrificium
iustítiæ, oblatiónes et holocáusta, super altáre tuum, Dómine.
Aceitai,
Senhor, sobre o vosso altar o Sacrifício de justiça, as ofertas e os
holocaustos.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Quǽsumus, Dómine, Deus noster:
ut, quos divínis reparáre non désinis sacraméntis, tuis non destítuas benígnus
auxíliis. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós
Vos suplicamos, ó Senhor, nosso Deus, que por vossa bondade não priveis de
vosso auxílio aqueles, aos quais não cessais de renovar com os divinos
Sacramentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
Caridade e Humildade
Dai-me, ó meu Deus, humildade e amor; que a humildade guarde em mim a
caridade e que esta cresça na medida desejada por Vós.
1 — A liturgia
apresenta-nos hoje, como num esboço, através dos textos da Missa, os traços
fundamentais da alma cristã. Em primeiro lugar mostra-no-la vivificada pelo
Espírito Santo que nela derrama os Seus dons, segundo nos diz S. Paulo na
Epístola (I Cor. 12, 2-11). O Apóstolo
detém-se a falar dos «carismas», daquelas graças especiais — tais como o dom
das línguas, de ciência, de milagres, etc. — concedidas à Igreja primitiva com
particular abundância pelo Espírito Santo. Embora estes dons sejam muito preciosos,
são porém inferiores à graça e à caridade porque só a graça e a caridade podem
conferir à alma a vida sobrenatural; os «carismas» podem acompanhá-la ou não,
sem que por isso aumente ou diminua a sua intensidade. S. Tomás observa que a
graça e a caridade santificam a alma e unem-na a Deus, ao passo que os carismas
são antes ordenados para utilidade do próximo e podem subsistir mesmo naquele
que não possui a graça. Aliás, também S. Paulo — e precisamente na mesma
epístola, da qual hoje lemos um fragmento na Missa — depois de ter enumerado
todos esses dons extraordinários, conclui com a famosa afirmação: tudo isto é
nada sem a caridade. Esta é sempre a virtude «centro», a característica
fundamental da alma cristã e, ao mesmo tempo, o maior dom que o Espírito Santo
pode derramar em nós. Se o divino Paráclito não vivificasse as nossas almas com
a caridade e com a graça que lhe está inseparavelmente unida, ninguém poderia
fazer o menor ato de valor sobrenatural, nem sequer a pessoa mais virtuosa;
«ninguém pode dizer: ‘Senhor Jesus’ senão pelo Espírito Santo», afirma o
Apóstolo. Assim como a árvore privada da seiva vital não pode dar frutos, assim
a alma que não é vivificada pelo Espírito Santo não pode realizar ações
sobrenaturais. Eis o grande valor da graça e da caridade; vale mais o menor
grau de graça e de caridade do que todos os dons extraordinários que podem
dispor as almas para o bem, mas não têm poder nem para infundir nem para
aumentar em nós a vida divina.
2 — O Evangelho
(Lc. 18. 9-14), apresenta-nos
outra característica fundamental da alma cristã: a humildade. A caridade é
superior porque nos comunica a vida divina, mas a humildade tem uma grandíssima
importância por ser a virtude que desimpede o terreno dando lugar à graça e à
caridade. Este é o ensinamento que hoje recebemos de Jesus sob uma forma muito
viva e concreta, através da parábola do fariseu e do publicano. O Evangelho
diz-nos expressamente que Jesus falava para aqueles que «confiavam em si mesmos
como se fossem justos e desprezavam os outros»; o fariseu é o seu protótipo e
representa-os maravilhosamente. Ei-lo seguro da sua justiça, orgulhoso dos seus
méritos: eu não roubo, não sou adúltero, jejuo e pago o dízimo. Que mais se
pode pretender? No entanto, este homem soberbo não vê que lhe falta o melhor: a
caridade; e isto é tão verdade que se lança contra os outros, acusando-os e
condenando-os: «eu não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros,
nem como este publicano». Não tendo caridade para com o próximo, também não
podia ter caridade para com Deus. Com efeito, entrou no templo para orar e não
foi capaz de fazer o menor ato de amor e de adoração e em vez de louvar a Deus
pelos Seus benefícios, não fez mais que louvar-se a si mesmo. Na realidade este
homem não sabia rezar porque não tinha caridade e não podia ter caridade porque
estava cheio de soberba: «Deus resiste aos soberbos e dá a Sua graça aos
humildes» (Tgo. 4, 6). Por isso, o
fariseu regressa a casa condenado, não tanto pelo Senhor, que gosta sempre de
usar de misericórdia, mas pela sua soberba que impede nele a obra da
misericórdia.
A atitude do
publicano é bem diferente: é um pobre homem, sabe que pecou, tem consciência da
sua miséria moral; nem sequer possui a caridade porque o pecado é um obstáculo
à caridade; mas é humilde, muito humilde, e confia na misericórdia de Deus:
«Meu Deus, tende piedade de mim, pecador». E Deus, que gosta de Se inclinar
para os humildes, justifica-o logo: a sua humildade atraíu sobre ele a graça do
Altíssimo. Sto. Agostinho diz: «Quanto mais agrada a Deus a humildade nas
coisas mal feitas do que a soberba nas bem feitas!». Não, não são as nossas
virtudes, as nossas boas ações que nos justificam, mas a graça e a caridade que
o Espírito Santo infunde nos nossos corações e que infunde «como Ele quer», mas
sempre em proporção da nossa humildade.
Extraído do Livro Intimidade Divina —
P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D.
Segunda edição (Traduzida da 12ª edição
italiana) — 1967.
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